A cada fim de ano, a tradicional viagem para visitar o ramo uruguaio da família. Desta vez, contudo, os planos começaram com um choque de realidade: os preços das passagens aéreas deram um salto desde o último Natal.
Os bilhetes Rio-Montevidéu-Rio para pai, mãe e filha custariam nada menos que R$ 8.403. Para complicar, desta vez teríamos que levar Pancha, uma dachshund de cinco quilos recém-integrada ao núcleo familiar.
As passagens para pets também estão caras pra cachorro: cada trecho nacional para a "salsichinha" (ou Cofap, já que esta é uma página com referências automotivas) custaria R$ 250, enquanto os trechos internacionais sairiam por R$ 600. Somando ida e volta seriam mais R$ 1.700 só para transportar a cadelinha.
Entre os humanos e a canina gastaríamos R$ 10.103 de ida e volta. E, desde o início da pandemia, perdemos os voos diretos (de duas horas e meia) entre o Galeão e o aeroporto de Carrasco, que serve à capital uruguaia. O jeito seria fazer uma longa escala em Guarulhos. Os noticiários falavam de cancelamentos e atrasos em viagens de avião. Um quadro desanimador.
Mas e se a gente fosse de carro? Calcula daqui, calcula dali e pôr o pé na estrada mostrou-se a saída ideal. Um tanto melhor que teríamos à disposição uma Chevrolet S10 High Country da frota de testes da General Motors. Para quem já fez esse trajeto com Omega CD 3.0, Chevrolet sedã 1951, Belina II a álcool e Fusca 1969, percorrer os mais de 2.430 km dessa viagem internacional com a picape com motor 2.8 turbodiesel e câmbio automático seria moleza.
A experiência nos mostra que seja qual for o carro (do Fusquinha, de 38 cv, à S10, de 200 cv), o tempo de viagem entre o Rio e Montevidéu é mais ou menos o mesmo: três dias e meio de estrada, estabelecidos pelos radares e pelos limites do motorista. O que muda é o cansaço ao fim de cada jornada. No caso da S10 topo de linha (R$ 285.500) viajamos na classe executiva, em silêncio, sem esforço nem preocupações com possíveis enguiços.
Antes da partida, alguns cuidados. Além dos documentos normais dos passageiros e do carro, tivemos que pedir à General Motors uma permissão para dirigir a S10 além das fronteiras brasileiras. É uma autorização simples, redigida em papel A4, com os dados do automóvel e firmada em cartório - isso vale para qualquer um que vá ao exterior guiando um veículo que não esteja em seu nome. Fizemos ainda a Carta Verde (que hoje é branca...), uma apólice de seguro internacional de responsabilidade civil do motorista. Pode ser providenciada rapidamente com qualquer corretor e, no nosso caso, custou R$ 173,75.
O que deu mais trabalho foi o "passaporte de saúde" da Pancha. Para entrar no Uruguai, um cão não pode ter qualquer sintoma de doença, deve passar por tratamentos contra parasitas internos e externos específicos, precisa ter a vacina antirrábica vigente, fazer um determinado teste de leishmaniose e receber um chip. É uma maratona com prazos estabelecidos e necessita estar comprovada em um Certificado Veterinário Internacional (CVI). Este trâmite digital deve ser realizado até dez dias antes da entrada do animal no outro país e é feito por meio do site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil.
No meio do processo de preenchimento de dados é preciso baixar, no site do ministério, um formulário para ser preenchido por um veterinário. E sempre se cai em exigências. É preciso se organizar com tempo, e isso vale tanto para as viagens de carro quanto para as de avião.
A partida, em 18 de dezembro, já foi diferente. Em vez de pesar malas e calcular quilo a quilo o que poderíamos levar sem pagar por excesso de bagagem, tínhamos à disposição uma caçamba com 1.061 litros de capacidade e 1.049 kg de carga útil. Como quem dirige picape sempre é encarregado de algum frete, levamos ainda quatro cavaletes de mesa e um caixote de livros para uma amiga que se mudou recentemente para Montevidéu. Tudo sem problemas de espaço e com a proteção de uma capota marítima que se mostraria impermeável ao longo do passeio.
No banco traseiro, uma cadeirinha e um booster para que a filha de seis anos pudesse escolher o posto mais cômodo no longo passeio até a casa dos avós. Na prática, o trono oficial foi a cadeirinha que, por seus apoios laterais, mostrou-se mais segura e confortável nas muitas horas de sono na estrada.
Uma das providências mais úteis em uma longa viagem rodoviária é comprar um Sem Parar ou alguma outra tag de pagamento automático para pedágios. Pedimos o nosso já no primeiro pedágio e a etiqueta colada no para-brisa funcionou perfeitamente até o Chuí, na fronteira do Brasil com o Uruguai. Foram nada menos que 24 postos de pedágio em que ganhamos tempo, evitamos filas e um monte de moedas no console - e isso só na ida.
No Uruguai há o Telepeaje, um sistema parecido com o nosso Sem Parar, mas que traz uma vantagem extra: um desconto que faz a tarifa cair de 150 para 112,50 pesos uruguaios (ou seja: de R$ 18,80 para R$ 14,10). Mas, como se trata de um tag pré-pago, é preciso fazer os cálculos direitinho para não perder dinheiro.
Saímos do Rio numa manhã de sábado com a meta de chegar a Curitiba. Nesse trecho, a BR-116 está inteiramente duplicada, inclusive na Régis Bittencourt, outrora chamada de Rodovia da Morte. Viajar com uma picape a diesel com tanque de 76 litros é uma grande vantagem em longas viagens. Rodamos 830 km até que a luz da reserva se acendesse, indicando que ainda tínhamos uma autonomia de 100 km pela frente... Na dúvida, botamos um "cheirinho" de 20 litros no tanque (diesel S10, a R$ 5,37 o litro). Encerramos o primeiro dia com 851 km no hodômetro e sem muito cansaço. Média até aqui: 12,5 km/l.
No domingo saímos sem parar no posto, confiando naqueles 20 litros da noite anterior. O combustível deu e sobrou para encarar mais 174 km de BR-116 até Papanduva, no interior de Santa Catarina. Foi onde encontramos o diesel S10 mais barato da viagem: R$ 4,99. Tanque cheio novamente e o computador de bordo indicou a autonomia de 936 km! Vamos tocar rumo ao sul, aproveitando que é domingo, dia de pouco tráfego na estrada (ainda não duplicada nesse trecho). Nossa média continuava em 12,5 km/l. Ao todo, no segundo dia de viagem, rodamos 584 km.
No terceiro dia, pegamos leve: apenas 330 quilômetros até São Lourenço do Sul, cidadezinha gaúcha às margens da Lagoa dos Patos. A BR-116 já está com vários trechos duplicados ou em fase de duplicação entre Porto Alegre e Pelotas. Dificuldade zero... A animação e as muitas ultrapassagens fizeram nossa média de consumo cair para 12,3 km/l. A ideia era rodar até o entardecer, pernoitar numa pousada e pegar a estrada cedinho no dia seguinte. Queríamos fazer os trâmites de imigração, no Chuí, em horário de almoço, e chegar a Montevidéu à noite.
De São Lourenço do Sul até a fronteira do Uruguai seriam mais 330 quilômetros - boa parte deles na BR-471 entre as belas lagoas que formam o Banhado do Taim. No trecho da reserva ecológica há mais capivaras do que você já viu em toda sua vida. O limite de velocidade cai para 60 km/h. O jeito é não ter pressa, ligar o cruise control (um tremendo alívio na estrada), ficar atento aos bichos no caminho e curtir a paisagem.
Depois de 2.095 km de estrada desde o Rio de Janeiro, chegamos ao Chuí, cidade mais meridional do país. Sabendo que o preço do diesel S10 está tabelado em 62,98 pesos uruguayos (R$ 7,91) do lado de lá da fronteira, completamos o tanque tudo o que foi possível (41 litros) no lado brasileiro (R$ 5,35 o litro).
Na imigração, as autoridades uruguaias sequer pediram a autorização da General Motors ou a Carta Verde. Tampouco revistaram a picape. Só tivemos alguma dificuldade com os papéis da Pancha - mas, depois de alguma burocracia, nossa passagem foi autorizada.
Do Chuy uruguaio (com "y") até Montevidéu, foram mais 330 km. As retas planas e intermináveis, com bom asfalto, e a vontade de chegar logo fizeram a média de consumo cair para 12 km/l. Chegamos às 20h30, quando a banda uruguaia da família já nos esperava com um belo assado na parrilla, além de garrafas de cerveja Patricia geladinha e vinho tannat para comemorar. Foram quatro dias e exatos 2.430 quilômetros de estrada (o Google Maps previu a quilometragem com uma precisão impressionante!). Em ritmo de passeio e curtindo a paisagem, não deu nem pra cansar.
Na manhã seguinte, hora de fazer as contas. Não levamos em consideração aqui os gastos de manutenção da picape, mas só os custos de combustível, hospedagem e pedágios.
Do Rio a Montevidéu gastamos R$ 933 em diesel S10 (o ponteirinho chegou a Montevidéu ainda marcando 3/4 do tanque, desde aquele último abastecimento no Chuí). Nas três noites passadas na estrada, gastamos R$ 609 entre hotéis e pousada. Em pedágios brasileiros e uruguaios foram mais R$ 220. Assim, o total da primeira perna da viagem ficou em R$ 1.762. Dobrando, para fazer um cálculo aproximado com a volta ao Rio, serão uns R$ 3.524 - uma pechincha diante dos R$ 10.103 cobrados pela companhia aérea.
São dias "perdidos" no trajeto, é claro, mas com muitas histórias e recordações que ficarão para sempre. O avião ficou no passado.
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