Teste rápido VW Nivus Highline 2022: Ainda no efeito novidade?

Apresentado em 2020, estiloso SUV ainda tem apelo diante da concorrência?

Com um segmento de SUVs cada vez mais saturado, o lançamento do Volkswagen Nivus em junho de 2020 trouxe algo novo para o mercado. A carroceria com teto de caimento rápido, ou cupê se preferirem, era diferente das linhas quase retas dos pequenos utilitários esportivos de entrada até então.

A distribuição das vendas junto ao T-Cross pode ter ficado confusa ou complementar, dependendo de como você vê. O Nivus é mais barato e tem mais porta-malas, mas o irmão maior ganha no entre-eixos e pode ter motor 1.4 turbo, não apenas o 1.0 turbo. Apesar das críticas em relação ao acabamento interno, o pequeno SUV cupê da VW acabou conquistando seu espaço e, até hoje, ainda tem filas de espera que podem chegar a 90 dias.

Mas de junho do ano passado para cá, muita coisa aconteceu. As alternativas ao Nivus, que já não eram poucas, receberam uma adição de peso recentemente com o lançamento do Fiat Pulse. Apesar de não ser exatamente um competidor direto, a novidade com certeza vai dividir a atenção dos compradores nesta categoria dos SUVs mais próximos da entrada.

E como a Volkswagen reagiu aos novos tempos? Como o carro ainda é uma "novidade", se limitou a uma nova cor, a Azul Biscay, e itens como frenagem de emergência e piloto automático adaptativo como item de série na versão Comfortline. Na Highline, como a testada, a adição foi um novo comando de ar-condicionado sensível ao toque - mas ainda não disponível na unidade avaliada, assim como o sistema start-stop no motor 1.0 TSI.

O que é?

Da mesma forma que o T-Cross nasceu a partir do Virtus, o Nivus vem do Polo, com quem compartilha o entre-eixos mais curto da plataforma MQB-A0. Para conseguir esse perfil de cupê, a traseira foi esticada para manter boas proporções. E foi assim que nasceu o "SUV cupê mais barato do Brasil".

Nas medidas, o Volkswagen Nivus tem 4,26 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,49 m de largura e 2,56 m de entre-eixos. A traseira maior também possibilitou um bagageiro relativamente grande de 415 litros. Considerando seu tamanho, é leve: 1.199 kg em ordem de marcha. É menos que o próprio Pulse que, apesar de menor, tem 1.237 kg.

O motor já é praticamente um velho conhecido: o 1.0 turbo flex de três cilindros em linha dotado de injeção direta de combustível. Ele é capaz de entregar até 128 cv de potência e 20,4 kgfm de torque quando abastecido com etanol. O Nivus tem apenas a opção de câmbio automático de 6 marchas que pode ter a função de trocas manuais acionada por meio de aletas atrás do volante.

A linha 2022 do Volkswagen Nivus Highline teve poucas alterações na lista de itens de série. Entre os principais que valem ser destacados, ele traz chave presencial, ar-condicionado automático, carregador de celular sem fio, câmera de ré, faróis de LED, rodas de 17", sensores de chuva e crepuscular, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, bancos com acabamento em couro, painel de instrumentos digital e multimídia com tela de 10 polegadas. 

Para os ligados em segurança, o pacote também é bastante compreensivo, trazendo controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, 6 airbags, controle de estabilidade, monitor de atenção do motorista, frenagem pós colisão e bloqueio eletrônico do diferencial dianteiro, sistema que a VW chama de XDS. 

Como é?

Apesar de não faltar VW Nivus rodando pelas ruas, é difícil não notá-lo passando. A silhueta de hatch alto com toques aventureiros o destacam em um mar de pequenos hatches e SUVs quadradinhos. A Volkswagen não carregou a mão na agressividade das linhas e o resultado é que o Nivus não aparenta sofrer de um envelhecimento precoce. A paleta de cores também ajuda, com tons chamativos de vermelho e um cinza puxado para o concreto bem a par da moda atualmente.

Pode transparecer um pouco de jocosidade quando falamos que a linha 2022 "só" ganhou uma nova cor. Mas verdade seja dita: o Azul Biscay é lindo. Quanto mais tempo você olha para a pintura, mais profundidade ela revela e o tom de azul chega a mudar dependendo da iluminação ambiente - tanto que a cor era reservada anteriormente somente nas versões esportivas GTS de Polo e Virtus.

Espaço interno é algo que você precisa ver ao vivo antes de tomar a decisão de compra. Na dianteira é tranquilo, não falta espaço. Na traseira, pode ficar um pouco justo para carregar adultos o tempo inteiro. Mas você leva um porta-malas que já é maior que o do próprio T-Cross. Mas se você tem filho, ou filhos, pequenos, funciona bem.

Se você espera uma posição elevada de condução, isso o Nivus não tem. Mantendo a tradição dos carros mais novos da marca, o painel é relativamente alto e você senta mais "dentro" do carro do que sobre ele. Além disso, com somente 166 mm de altura em relação ao solo, não vai te passar a impressão de estar mais alto que os demais motoristas.

O acabamento interno da cabine também é bem padrão Volkswagen: linhas simples e elegantes e montagem perfeita, mas os materiais se resumem a plástico rígido, algo que começar a pesar contra considerando a faixa de preço em que o carro se encontra nesse momento. Mas a simplicidade não significa falta de atenção, pois o Nivus conta com a aclamada saída de ar-condicionado para o banco traseiro, algo que nem o Jetta tem.

O painel de instrumentos digital, que passou a ser item de série em todas as versões na linha 2022, continua impressionando como sempre. Ele traz boas opções de customização, contraste bem equilibrado e informações claras. A central multimídia, porém, apesar de bonita e intuitiva, travou em mais de uma oportunidade, principalmente ao se usar o sistema para ouvir mensagens de texto. Ele "fala" a mensagem, mas depois o áudio desconecta e as músicas que estavam anteriormente tocando voltaram a sair pelo celular. Foi necessário refazer a conexão todas as vezes que isso aconteceu.

Como anda?

Como vocês já leram em nosso comparativo com o Fiat Pulse, o Volkswagen Nivus é o mais recomendado se você prioriza a dirigibilidade. Se Polo e Virtus trouxeram um acerto mais para o conforto, algo diferente para a VW, o Nivus retomou uma suspensão um pouco mais firme. juntando isso ao centro de gravidade mais baixo e o SUV se comporta mais como um hatch do que como utilitário esportivo. 

Dependendo de para quem você vai perguntar, dirão a você que o Nivus é tão bom de curva, se não melhor, que o próprio Polo em que se baseia - e eu sou um deles. Isso não quer dizer que você ficar pulando dentro do carro ao passar no buracos, mas ele não vai mascarar a existência deles como em SUVs com acerto mais para o conforto.

Outro ponto positivo do carro é o isolamento acústico, trunfo também da carroceria de cupê. Mais aerodinâmica, ela gera menos ruídos de vento dentro da cabine em velocidades mais elevadas. E para chegar nessas velocidades de estrada o motor 1.0 turbo não tem dificuldades. É na rodovia também que o sistema de controle de cruzeiro adaptativo funciona melhor. Na cidade ou em velocidades mais baixas, acaba freando e acelerando com ímpeto demais se você deixar o sistema trabalhar sozinho.

O propulsor perde fôlego nas rotações mais altas, mas compensa com uma entrega de torque grande em giros baixos. Sendo franco, o torque está onde você vai precisar dele: no anda e para do trânsito. E o consumo (veja a tabela abaixo) também está entre os melhores da categoria. O câmbio joga um pouco contra. Quando você realmente exige agilidade de reduções, ele demora para responder. Mas, novamente, no uso cotidiano, cumpre seu papel sem incomodar.

Quanto custa?

O Volkswagen Nivus 2022 começa a vida na versão Comfortline, que parte de R$ 110.210 sem opcionais. A versão Highline já vai a R$ 127.750. A diferença é grande, mas acrescenta ar-condicionado automático, rodas de 17", chave presencial, entre outros. Vale o adendo de que a VW cobra por todas as cores exceto preto sólido. Até mesmo o branco sólido custa R$ 490 extras. O carro testado estava pintado com a nova cor Azul Biscay e com o opcional de teto e rodas pretas, levando seu custo final a R$ 131.205.

Conclusão

Olhando para concorrência real do Volkswagen Nivus, tanto o Chevrolet Tracker Premier 1.0 turbo quanto o Jeep Renegade Longitude 1.8 são os que mais se aproximam dos valores cobrados pelo SUV cupê. Eles saem por, respectivamente, R$ 134.560 e R$ 129.990. O Tracker é o mais parelho em equipamentos, já com 6 airbags e frenagem automática de emergência. O Renegade fica devendo ambos.

Então no final do dia, somente pelo pacote de itens de série, o Volkswagen Nivus consegue se manter relevante no segmento de SUVs, apesar de se apoiar em seus predicados de sempre e ter as mesmas questões de sempre também (acabamento). A cor nova é linda, mas sozinha não vende o carro. O Nivus ainda consegue se destacar e justificar suas boas vendas porque ainda traz uma boa mescla de visual diferenciado, lista de equipamentos farta e uma boa performance, mesmo que as críticas ao acabamento continuem.