Será que Fiat Pulse e Volkswagen Nivus são realmente concorrentes diretos? Esta é uma pergunta recorrente em nossas discussões quando o assunto é o novo SUV da Fiat. Ambos não negam as influências em hatches, VW Polo e Fiat Argo, mas trouxeram evoluções particulares para cativar os clientes. Em comum, também o fato de provocarem grandes procuras nos concessionários e alguma (ou muita) fila de espera.
Vamos levar em consideração as versões topo de linha de Fiat Pulse e Volkswagen Nivus. O Pulse Impetus T200 e o Nivus Highline 200TSI carregam motores 1.0 turbo com 20,4 kgfm de torque, além do máximo em equipamentos que cada um pode ter. Vale a observação: para as fotos, usamos o Pulse Drive, mas levamos em consideração preços, equipamentos e números de testes da Impetus, assim como as fotos de interior.
Quando foi apresentado em 2020, o Nivus pegou o mercado de surpresa: era um modelo abaixo do T-Cross, mas maior em comprimento. A jogada da VW? Balanço traseiro. O estilo cupê pedia uma traseira maior, o que trouxe também um porta-malas de 415 litros, um dos maiores da categoria. O lado do Pulse, são quase 17 cm de diferença, mas apenas 33 mm no entre-eixos, o que mais conta no espaço interno - falaremos disso mais adiante.
Em largura e altura, são bem próximos. Fica bastante perceptível a semelhança em porte nas fotos, quando os colocamos lado a lado. E fica bem perceptível que eles apelam ao bonito nome de size impression, ou impressão de porte em português claro. Frente reta, capô alto, grandes faróis, apliques nas caixas de rodas, rodas grandes, frisos nos tetos, lanternas que invadem as tampas traseiras. Tudo isso quer impactar o comprador na loja, mas na prática, são carros compactos.
Uma coisa que fica bem aparente quando reunimos os dois é a altura do solo. O Pulse é mais alto, com 224 mm, ante os 166 mm do Nivus. Aos que estão em busca de um SUV para se livrar de valetas e lombadas, pode fazer a diferença. Mas no geral, o Nivus é maior que o Pulse e ponto final.
Derivados diretos de hatches compactos, Pulse e Nivus herdaram de Polo e Argo as medidas de entre-eixos - o Fiat tem 12 mm a mais, mas por ângulos de suspensão, não estrutural. Então sim, temos espaço interno de hatch compacto em ambos os SUVs. Cerca de 3 cm os separam, o que não impacta diretamente na acomodação dos ocupantes, principalmente no banco traseiro.
Nem Pulse nem Nivus são exemplos de espaço interno. Se você busca isso, melhor olhar para a turma de Chevrolet Tracker e VW T-Cross, por exemplo. Na dupla, dois adultos se acomodam no banco traseiro, mas sem muito espaço extra para as pernas - nesse ponto, o Pulse é um pouco melhor. Nos bancos dianteiros, também são parecidos, apesar do Pulse ter bancos mais confortáveis.
Agora se a questão é porta-malas, o Nivus leva com seu balanço traseiro maior. Mesmo com a medição líquida do Pulse, ele não chega aos 415 litros do Nivus, ficando com 370 litros, apesar de bastante semelhante aos 300 litros do Argo. É uma diferença considerável, ainda mais quando eles estão lado a lado - a Fiat deve corrigir isso com o futuro SUV cupê baseado no Pulse, a ser lançado em 2022.
Nenhum deles é uma maestria em acabamento, mas vemos um esforço maior da Fiat. O Pulse traz um conjunto quase que por completo novo. Tem plástico rígido, mas a Fiat segue com a jogada de diversos materiais, texturas e desenhos para dar um ar melhor ao Pulse. Acabamento em couro aparece nos bancos e volante, que não esconde um grande botão Sport e as aletas para trocas de marchas. O Nivus é...o Polo. Também coloca o plástico em destaque, mas com texturas e visual mais simples que no Pulse, apesar do couro nos bancos e no volante.
Quer conquistar um cliente? Mostre uma enorme lista de equipamentos. Pulse Impetus e Nivus Highline são profissionais nisso. Em comum, ar-condicionado automático, sistema multimídia com tela de 10" e espelhamento de smartphones sem fios, carregador por indução, chave presencial com partida por botão, faróis fullLED, neblinas em LEDs, lanternas em LEDs, controles de tração e estabilidade com assistente de partida em rampas, rodas de 17"...muita coisa.
No pacote de segurança, temos semelhanças. Pulse e Nivus trazem o alerta de colisão com frenagem automática, mas o VW tem o piloto automático adaptativo, enquanto o Fiat tem o alerta de saída de faixas com ação no volante. No Pulse, são 4 airbags, contra 6 airbags do Nivus. É um jogo de perde-ganha entre eles que, no fim, acaba empatado. O VW tem detector de fadiga e frenagem pós-colisão, algo que poucos carros possuem até em faixas superiores, com o Fiat se diferenciando pela possibilidade de conversa com o smartphone via ConnectMe e pela partida remota.
O Nivus tem o painel de instrumentos com tela de 10", ante as 7" do Pulse. Mais uma vez, eles se copiam no retrovisor externo com rebatimento, interno fotocrômico, sensores de luz e de chuva, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e câmera de ré. Um empate? Na verdade, pouca vantagem para o Nivus.
Esta é a grande questão quando os colocamos juntos. Se a Volkswagen já está há anos com o 1.0 TSI nas ruas, a Fiat chega esse ano com o seu. E isso permitiu que a casa de Betim (MG) tivesse mais tempo e tecnologias para usar. Ambos são motores tricilíncidricos, 999 cm3, turbo e com injeção direta de combustível. A "mágica" italiana está no Multiair, um sistema de atuadores que está no lugar do comando de admissão.
E a briga começa na ficha técnica. O Nivus tem 116/128 cv, enquanto o Pulse tem 125/130 cv, o 1.0 turbo mais potente do nosso mercado. O torque é o mesmo, 20,4 kgfm, o que dá a eles as nomenclaturas 200TSI e T200. Quem disse que nada se copia nesse mundo? Mas no fundo, eles parecem mais diferentes na prática que no papel e isso pode decidir a sua compra.
O Nivus nasceu com uma proposta já diferente entre os SUVs compactos. Sua carroceria cupê deu a ele uma aura esportiva, mesmo que apenas o estilo, bem diferente. Chamou a atenção dos mais jovens, que perderam os hatches médios, e agrada essa turma ao volante. Não é o mais potente, chegando a ser injusto ele não ter ao menos uma opção com o motor 1.4 TSI ou um câmbio manual no 1.0 TSI mesmo, mas a engenharia VW conseguiu colocar muito do DNA da marca no Nivus.
Lembra que falei sobre ele ser mais baixo? Então, tem um lado bom. A suspensão do Nivus tem um acerto mais dinâmico. Desde a posição de dirigir mais baixa, como no Polo, passando pelas respostas da direção elétrica e o quanto a carroceria dobra nas curvas, quase esquecemos que o Nivus é um SUV. Não tem o refinamento de um Golf, por exemplo, mas é melhor até que o Polo em alguns pontos. Nas curvas, vem na mão e o sistema de vetorizador de torque se faz presente, o puxando para dentro.
Já o Pulse não nega ser quase o oposto. Posição de dirigir mais alta, mesmo com a regulagem de altura do banco no mínimo, curso de suspensão maior e ajuste mais voltado ao conforto. Se seu perfil é este, talvez nem olhe muito para o Nivus. O Pulse não bate seco, passa menos as imperfeições para a carroceria, mas não tem a mesma capacidade dinâmica do Nivus. Faz seu papel, mas aqui eles são bem diferentes. Acompanha o ritmo numa estrada e pega uma estrada de terra melhor que o VW, então vai de uso.
Se são tão parecidos na hora de escolher o motor (e até o seu nome), Pulse e Nivus se diferem na transmissão automática. O Volkswagen ficou com a caixa automática tradicional, com 6 marchas, enquanto o Pulse adotou uma caixa CVT com simulação de 7 marchas - e ambas fornecidas pela Aisin. A escolha tem a ver até com o perfil de consumidor que cada um quer atacar e como quer o tratar nessa relação.
O Nivus optou pela caixa tradicional também por ser a mesma de tantos outros modelos da marca no catálogo. Inegável que sua conversa com o 1.0 TSI não é tão boa quanto com o 1.4 TSI, gerando alguns trancos em situações específicas, uma reclamação constante dessa família. Acontece mais em marchas baixas, como a primeira e segunda, mas o restante das trocas é bem suave. O câmbio parece querer compensar que o torque aparece um pouco mais tarde no motor de baixa litragem.
Já o Fiat tem as características de um CVT. Pode simular as 7 marchas, com trocas pela alavanca ou pelas aletas no volante, mas seu trunfo está na suavidade de não ter que trocar as marchas conforme ganha velocidade - a não ser em acelerações mais fortes, onde ele faz "trocas" para não passar a aquela sensação de enceradeira do CVT. E ele se adaptou bem ao T200, trabalhando em maior parte do tempo perto das 2.000 rpm.
Em números, temos um Pulse T200 um pouco mais econômico na cidade que o Nivus, que devolve com melhor consumo rodoviário. Nos testes, o Pulse coloca sua potência extra no chão e marca um 0 a 100 km/h 1,1 segundo melhor, assim como nas retomadas - aqui, a vantagem de não ter que fazer trocas de marchas foi mais importante que o motor em si. Por outro lado, temos um Nivus com freios melhores, com discos nas 4 rodas, e mais responsivo aos comandos no pedal - colaborou também a suspensão mais firme.
Mais do que qualquer ponto deste comparativo, este deve decidir compras. O Fiat Pulse Impetus T200 custa R$ 115.990, chegando aos R$ 118.640 com o pacote ConnectMe. Ao Volkswagen Nivus Highline, não há opcionais além de um pacote de pintura, e uma tabela de R$ 127.750, uma diferença de R$ 9.100 mesmo considerando o Pulse com o opcional. Por outro lado, o VW não paga as 3 primeiras revisões (anuais ou a cada 10.000 km), enquanto o Pulse custa R$ 1.576 pela tabela básica da marca.
Pulse e Nivus até podem ser colocados lado a lado, mas no fundo parecem atender clientes diferentes. O Volkswagen tem um estilo mais esportivo, uma tocada mais dinâmica, maior porta-malas e bom pacote de tecnologias, mas cobra mais alto por isso e não devolve isso no acabamento. Já o Fiat é mais confortável, mais barato e, aos jogadores de Super Trunfo, mais rápido, apesar de quase um empate no consumo urbano e pior na estrada. A decisão de compra fica realmente ao perfil do consumidor.
Fotos: Leo Fortunatti e divulgação
Fiat Pulse T200 Impetus | VW Nivus 200TSI Highline | |
MOTOR |
dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, duplo comando de válvulas com variador no escape e MultiAir na admissão, injeção direta, turbo, flex
|
dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, duplo comando de válvulas variável na admissão e escape, injeção direta, turbo, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
125/130 cv a 5.750 rpm; 20,4 kgfm a 1.750 rpm
|
116/128 cv a 5.500 rpm; Torque: 20,4 kgfm de 2.000 a 3.500 rpm |
TRANSMISSÃO | Automática CVT com simulação de 7 marchas, tração dianteira | automática de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 17" com pneus 205/50 R17 | liga-leve aro 17" com pneus 205/55 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira |
PESO | 1.237 kg em ordem de marcha | 1.199 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.099 mm, largura 1.744 mm, altura 1.579 mm, entre-eixos 2.533 mm | comprimento 4.266 mm, largura 1.757 mm, altura 1.493 mm, entre-eixos 2.566 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 370 litros, tanque 47 litros | tanque 52 litros, porta-malas 415 litros |
PREÇO | R$ 115.990 (chega a R$ 118.640) | R$ 127.750 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | |||
---|---|---|---|
Fiat Pulse T200 | VW Nivus 200TSI | ||
Aceleração | |||
0 a 60 km/h |
4,3 s |
4,5 s | |
0 a 80 km/h | 6,4 s |
7,0 s |
|
0 a 100 km/h | 9,2 s | 10,3 s | |
Retomada | |||
40 a 100 km/h em S | 6,6 s | 7,9 s | |
80 a 120 km/h em S | 6,6 s | 7,2 s | |
Frenagem | |||
100 km/h a 0 | 40,3 m | 36,1 m | |
80 km/h a 0 | 25,3 m | 22,3 m | |
60 km/h a 0 |
14,5 m |
12,9 m | |
Consumo | |||
Ciclo cidade | 8,3 km/l (E) | 8,1 km/l (E) | |
Ciclo estrada | 11,0 km/l (E) |
11,6 km/l (E) |
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