Entre a primeira aparição do Fiat Pulse sem camuflagens até este momento, se passaram pouco mais de 5 meses. Em todo esse tempo, ficou muito claro que a marca aposta alto no seu primeiro SUV brasileiro e quer o retorno disso rapidamente - fala em liderança do segmento mais competitivo e aquecido do nosso mercado, e logo! Conseguirão?
Enquanto vocês esperavam as informações completas, a Fiat organizou um primeiro contato com o Pulse no Circuito Panamericano, onde já levamos esportivos de respeito para um comparativo, com a principal novidade: o SUV com o novo motor 1.0 turbo, o T200, e câmbio CVT com simulação de 7 marchas. As versões com o 1.3 aspirado ficarão para um teste completo nos próximos meses.
Primeiro, peço desculpas pela ligação do título com o reality show que apresentou o Pulse, era inevitável - ao menos não o chamamos de SUV da vencedora. Mas a estratégia da Fiat conversa bem com quem estava lá, competindo por um prêmio milionário e pela fama, que pode ser eterna ou durar o mesmo que um almoço fast food. Ele quer a sua atenção e seu olhar, mesmo que seja apenas na garagem do vizinho.
Para não ser apenas uma celebridade passageira, o Pulse é mais que um "Argo bombado". Onde você não pode ver está a plataforma MLA, desenvolvida pela engenharia brasileira. É modular e dará origem a novos modelos da marca, inclusive a nova geração do Argo em cerca de 3 anos. Resumindo em poucas palavras, tem novos materiais, novas linhas de absorção de impactos e novidades desde suspensão e freios até sistemas de ar-condicionado e escapamento.
Do Argo, o Pulse pega na prateleira as folhas de teto e das portas, uma forma de economizar e que é comum - lembra dos Volkswagen Polo e Nivus? -, mas que causou muita polêmica desde que a Fiat apresentou o SUV. Em medidas, o Fiat Pulse tem 4,10 m de comprimento, 1,58 m de altura, 1,78 m de largura e 2,53 m de entre-eixos. Na tabela abaixo, uma comparação com o Argo Trekking e o VW Nivus, seu principal oponente.
COMPRIMENTO | LARGURA | ALTURA | ENTRE-EIXOS | |
Fiat Pulse | 4,10 m | 1,78 m | 1,58 m | 2,53 m |
Fiat Argo Trekking | 3,99 m | 1,72 m | 1,57 m | 2,52 m |
VW Nivus | 4,27 m | 1,76 m | 1,49 m | 2,57 m |
O Fiat Pulse usa algumas técnicas para mudar as medidas na comparação com o Argo. Na altura, a suspensão elevada ajuda. Na largura, os apliques de rodas indicam que as bitolas cresceram, chegando a 1,49 m na dianteira e 1,51 m na traseira, assim como os parachoques maiores colocaram 11 cm no comprimento. O entre-eixos muda 1 cm pelo posicionamento das rodas, sem alterações no espaço interno.
No porta-malas, o Fiat Pulse tem 370 litros (líquidos, pela nova medição da Fiat). O Argo tem 300 litros com a medição antiga mas, segundo a marca, ele não chegará aos 370 com a nova norma. Isso percebemos ao ver as caixas de rodas invadindo menos o habitáculo - como comparação, o Nivus tem 415 litros por um balanço traseiro maior na comparação com o Polo, seguindo a lógica do hatch vs. SUV.
Por dentro, o espaço interno remete diretamente ao Argo. Na dianteira, novos bancos dão mais conforto e segurança com anti-mergulho e airbags laterais, assim como os acabamentos de portas e console central invadem menos a área das pernas. No banco traseiro, não é negativo falar que é o mesmo do hatch, que tem um bom espaço para as pernas, apenas dos ombros ficarem apertados se colocarmos 3 adultos ali. Vamos falar melhor sobre isso em um teste completo em breve.
O Fiat Pulse foi desenhado no Brasil. Apesar das folhas de portas e teto serem os mesmos do Argo, assim como as maçanetas, o Pulse é diferente no restante. Na dianteira, um capô alto dá a impressão de estar em um SUV - e a marca não negou que se inspirou no Jeep Renegade para isso. De dentro, vemos o capô e seus ressaltos, mas por fora a frente é mais reta, com os faróis full-LED e, na versão topo Impetus, faróis de neblina em LEDs. As lanternas também são em LEDs e dão a impressão de largura ao Pulse.
Por dentro, a Fiat decidiu ter peças quase completamente novas. O acabamento segue o mesmo padrão que conhecemos dos compactos da marca, com o uso de plástico rígido de boa qualidade e brincando com texturas, materiais e cores, mas nada além disso. O painel de instrumentos é o mesmo da Toro, com tela de 7", mas apenas na versão Impetus. O volante recebe uma nova parte central e o botão Sport nada discreto.
A central multimídia merece uma boa explicação. Nas versões mais caras, a tela de 10,1" tem boa resolução, espelhamento de smartphones sem fio, conectividade via Connect Me, sistema CART, que permite fazer pedidos em uma rede de fast food e pagar multas, e conversa com o Google Assistant e Amazon Alexa. É um dos carros mais conectados do nosso mercado, já uma evolução nas funções que estrearem na Toro há alguns meses.
O Fiat Pulse faz a estreia de um novo conjunto de motor e câmbio. O 1.0 turbo T200, de 3 cilindros, é uma versão do T270 que já detalhamos na Toro e Jeep Compass. Tem injeção direta, sistema MultiAir na admissão, turbo e é o mais potente 1.0 turbo do mercado, com 125/130 cv e 20,4 kgfm de torque, aqui o mesmo do VW 200 TSI.
O câmbio é japonês. Fornecido pela Aisin, o CVT simula 7 marchas e é uma evolução da caixa que a Toyota usa no Yaris, por exemplo. É a primeira vez que a Fiat usa uma transmissão assim e também estará acoplada ao 1.3 aspirado no Pulse e, em um futuro próximo, Strada, Argo e Cronos. Tem o modo de operação normal, manual ou Sport, este acionado em um nada discreto botão no volante.
Lembra que falei sobre a plataforma MLA? É ao volante que sentimos uma evolução na comparação com a base do Argo. Se visualmente alguns elementos colocam em jogo se o Pulse não é um "big Argo", é fácil perceber que as mudanças principalmente construtivas fazem a diferença, como a rigidez da carroceria e isolamento acústico, além de um bom trabalho de suspensão e freios.
No modo normal, o Pulse roda suave e silencioso. O câmbio se junta ao torque do 1.0 turbo em baixas rotações e o conjunto trabalha quieto e, o que chama a atenção, é que não há a vibração característica do tricilíndrico, bastante absorvida pelos novos coxins. Mesmo em marcha lenta, é suave e, em aceleração, o CVT simula as marchas para não dar a impressão de "enceradeira". Pelas aletas no volante, simula as 7 marchas inclusive com reduções.
O mesmo vale para a suspensão. O Pulse aproveita bem sua altura elevada do solo para dar curso aos amortecedores e molas, resultando em um carro bem confortável. Fizemos até um trajeto off-road leve e o Pulse se aproveita dos 196 mm de altura livre do solo para passar tranquilamente por diversos obstáculos leves - há o TC+, já presente na Strada, que atua nos freios para tirar o Pulse de algumas situações.
A direção elétrica é melhor que a do Argo. No circuito, o Pulse dobra a carroceria como esperado pela sua altura e foco em conforto, mas a direção se comunica bem com o motorista. Não é exemplar em desempenho, mas faz um papel que não estaria preparado. Com o modo Sport ativo, o Pulse trabalha motor e câmbio para dar o máximo de desempenho e vai bem para um motor 1.0 turbo e câmbio do tipo CVT.
O Fiat Pulse, ao menos nas versões mais caras Audace e Impetus, aposta na segurança com alerta de colisão com frenagem automática e alerta de saída de faixa. Junte isso aos sistemas de conectividade e o SUV tem um pacote interessante de equipamentos. Mas é inexplicável a versão intermediária não ter a regulagem de profundidade do volante, presente apenas na topo de linha, assim como os faróis de neblina, sendo que todos tem os faróis e lanternas full-LED. Ainda em segurança, são 4 airbags (do tipo cabeça-tórax) em todas as versões, nos novos bancos dianteiros.
A Fiat fez um bom produto. Pode ter um desafio para emplacá-lo diante dos demais SUVs compactos, que são maiores, mas sua jogada pode aparecer nos preços e pacotes de equipamentos, principalmente em segurança ativa e conectividade. Ausências são sentidas, como mais 2 airbags que concorrentes possuem, mas o Fiat Pulse tem uma boa estratégia para tentar dormir sozinho na liderança e ser bem (mas bem mais mesmo) que um simples participante de reality show.
Fiat Pulse T200
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