Se hoje eu pudesse escolher apenas um carro da Peugeot para ter na minha garagem, seria o novo Peugeot 3008 GT Pack 2022. O SUV médio já me agradou bastante quando chegou ao país em 2017 por suas linhas, a esportividade acima de muitos modelos da categoria e, na época, preço bem agressivo em comparação aos rivais.
Mas muito mudou com o passar dos anos e impactou o 3008. Com a cotação do euro facilmente acima dos R$ 6,00, é impossível para a Stellantis importar o carro da França sem que o preço fique consideravelmente mais alto que naquela época. O Peugeot 3008 GT Pack 2022, a versão topo de linha, custa R$ 249.990, bem acima de seus principais rivais no segmento como Jeep Compass – feito no Brasil, custa R$ 203.490 na versão Série S, a topo com o motor 1.3 turbo.
Esta diferença provocou uma mudança na estratégia de vendas. Ao invés de tentar conquistar os mesmos clientes de um Compass, por exemplo, a Stellantis quer que o Peugeot atraia outro público, interessado na exclusividade, além dos clientes que já possuem um 3008 e procuram uma renovação sem perder os pontos que mais gosta e corrigindo algumas falhas.
É inegável que um dos pontos mais fortes do Peugeot 3008 é sua beleza, seja pelas fotos, seja pessoalmente. Na reestilização, adotou o estilo dos novos 208 e 2008 e renovou bem as suas linhas, com o uso de LEDs e detalhes cromados escurecidos, inclusive do "Dente de Sabre", identidade luminosa para luz diurna e setas, e uma mudança na entrada de ar lateral do para-choque, agora vertical. Para a grade, a marca francesa decidiu manter boa parte do formato e adicionar linhas que correm na direção da luz diurna, criando um efeito 3D. É um toque simples que ajuda a dar uma sensação de movimento.
Na traseira, a mudança é mais sutil, concentrada nas lanternas. Ainda usa três elementos na vertical, mas por dentro recebeu finas linhas em LEDs. No interior, poucas mudanças, com novos grafismos para o painel de instrumentos digital e uma nova tela de 10" no sistema multimídia, este exclusivo da versão GT Pack. O 3008 tem um o i-Cockpit, um divisor de opiniões. No meu caso, aprecio o volante de menor diâmetro e posicionado mais baixo, colocando o painel de instrumentos em posição superior, e o console central alto, bem estilo avião caça e seu cockpit individual.
Junto, uma bela atualização no pacote tecnológico. Manteve o piloto automático adaptativo, mas agora melhorado e com novo radar, melhorias no sistema de câmeras 360º e adicionando a pedida tampa traseira com abertura elétrica. No mais, ar-condicionado de duas zonas, seis airbags, carregador wireless para smartphone e outros, como os bancos dianteiros com função de massagem, agora exclusivo da GT Pack. Fica devendo o Android Auto e Apple CarPlay sem fio, que já aparece em modelos que custam menos que a metade do SUV médio.
A Peugeot tentou buscar um equilíbrio entre o espaço interno e a capacidade do porta-malas, mas a balança acabou pendendo a favor do bagageiro, com 520 litros, mais do que alguns modelos do segmento como Chevrolet Equinox e Jeep Compass. Em contrapartida, não é tão espaçoso assim no banco traseiro, principalmente se o motorista ou o passageiro dianteiro for mais alto, reduzindo a área para pernas.
Mecanicamente, o Peugeot 3008 é o mesmo carro, o que é bom e ruim. O lado bom é que segue com um bom desempenho, acelerando a 0 a 100 km/h em 9,7 segundos, graças ao motor 1.6 THP de 165 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgfm de torque entre 1.400 e 4.000 rpm, abastecido somente com gasolina. A transmissão automática de 6 marchas trabalha bem o suficiente para o desempenho do SUV, ficando mais lenta somente ao ativar o modo Eco, que privilegia o consumo, porém ainda leva bem o Peugeot.
O lado ruim é que a Stellantis optou por não atualizar este motor, que foi rebatizado como PureTech na Europa e entrega 180 cv e 25,5 kgfm, além de trabalhar com uma caixa automática de 8 marchas. Com esta mecânica, a Peugeot diz que a aceleração até 100 km/h caiu para 8 segundos e o rendimento pode chegar a 16,9 km/litro na Europa, enquanto a versão vendida aqui fez 9,8 km/litro na cidade e 15,1 km/litro na estrada. Seria um ótimo avanço e uma vantagem diante de concorrentes.
Ao menos continua bom de dirigir. O SUV é bem firme nas curvas e a direção responde muito bem, o que o torna gostoso de guiar ao aproveitar o volante pequeno. Esta firmeza vira um problema por conta da suspensão de eixo de torção na traseira e as rodas de 19”, fazendo com que sejam um pouco desconfortáveis em determinadas situações, como uma rua de paralelepípedo ou bem esburacada. Definitivamente, não é um SUV para quem encara uma estrada de terra com mais frequência, mostrando que sua vocação é urbana até mesmo pela sua altura do solo.
O que realmente joga contra o novo Peugeot 308 GT Pack 2022 é o seu preço alto em comparação aos rivais no segmento. Seu comprador precisa ser alguém que goste muito do design ou que já tenha o carro e queira fazer o upgrade para a versão renovada. Se espera algo mais, talvez seja melhor aguardar pela versão híbrida, que a marca não esconde o desejo de trazer ao Brasil em um segundo momento. Ou olhe para a versão Griffe, por R$ 229.990 e que perde apenas os bancos com massagem, os detalhes escurecidos na carroceria , o sistema de som premium e usa uma tela multimídia de 8”, o que já o deixa em um valor mais competitivo.
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Peugeot 3008 GT
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