A linha GTI é uma das mais importante da linha Volkswagen desde que o primeiro Golf (Rabbit nos Estados Unidos) começou a ser vendido por lá em 1983. Quase da noite pro dia de sua revelação, já ganhou diversos prêmios e acumulou boas vendas graças a boa mistura de conforto para 4 ocupantes, usabilidade e um bom desempenho. E mesmo depois de quase 40 anos, o GTI ainda usa esses atributos sem perder muito do brilho original.
De fato, muito consideram a 7ª geração do Golf GTI (MK7) um dos melhores carros esportivos da Volkswagen já feitos, graças a seu excelente comportamento dinâmico e alta qualidade no interior (o que chamou a atenção até mesmo de consumidores de marcas premium). Então o Golf GTI MK8 tem grandes responsabilidades nesse mundo.
Para ver se ele segue os passos de seu antecessor, passamos 1 semana com o Golf GTI 2021 nas suas especificações europeias - o pessoal do Velho Continente conheceram o MK8 cerca de 1 ano antes dos Estados Unidos, enquanto o Brasil nem tem qualquer previsão disso acontecer. Nosso passeio principal foi em algumas estradas estreitas e serras cheias de curvas para descobrir se o novo GTI merece esta sigla tão famosa.
O GTI originalmente é a sigla de "grand touring injection" e está também em modelos da Citroën, Peugeot e muitas outras. Mas a VW a escolheu para a versão mais esportiva do Golf como uma forma de mostrar que ele era capaz de levar 4 pessoas por longas distâncias sem abrir mão da diversão. Algumas gerações do GTI fizeram isso melhor que outras e a atual geração é boa diante de seus concorrentes nisso.
Desde o primeiro contato com o botão de partida, o VW deixa uma boa impressão, com um ronco provocante saindo das 2 saídas de escape na traseira - é barulhento o suficiente para mostrar que o GTI é um esportivo sem incomodar seus vizinhos com aquela partida alta de alguns esportivos. Ainda não sabemos se a versão que será vendida nos Estados Unidos será assim, já que o modelo testado tem as especificações da Europa com um filtro de particulas, algo que não é pedido nos EUA. Mesmo assim, esperamos que ele mantenha bastante disso quando chegar ao mercado norte-americano, o que é bom.
Com 245 cv e 41,2 kgfm de torque (aumento de 15 cv e 3,5 kgfm a mais que o GTI anterior), o 2.0 turbo acelera bem, com um pequeno turbolag abaixo das 1.500 rpm. A Volkswagen diz que ele chega aos 100 km/h em 6,3 segundo, mas ele parece ser mais conservador nas sensações, principalmente pois o GTI MK7 é pouca coisa mais rápido. Além dos números, o GTI parece ser bastante forte em quase todas as situações do dia a dia, e a transmissão automatizada de dupla embreagem com 7 marchas ajuda nessas impressões - uma versão com câmbio manual de 6 marchas é oferecida.
A calibração do acelerador exige algum costume, já que os modos Eco e Normal tiram bastante da sua resposta e a Sport é muito abrupta para a condução suave. Mais que isso, o rodar fica no limite do aceitável pelas ruas judiadas de Los Angeles, que ainda são bem melhores que as do Brasil. Esta parte deverá ser recalibrada para o gosto do público local. Com a estrutura norte-americana, uma suspensão um pouco mais confortável será interessante, principalmente se a VW quiser manter a fama da silga GTI e sua usabilidade.
Mesmo assim, a suspensão bem calibrada faz um excelente trabalho filtrando o que passa aos ocupantes. Grandes ondulações são percebidas, mas o GTI nunca bate seco ao passar pelos obstáculos, o que é uma grande qualidade para um carro que roda em um entre-eixos relativamente curto, com 2.636 mm. O GTI também é bem quieto a não ser por alguns momentos onde o turbo se faz presente com os sons característicos, o que é legal, principalmente com o pé embaixo. O motorista também pode ajustar o volume do emulador de ronco (bem convincente) que sai pelos alto-falantes.
Mas o GTI não é apenas conforto ao rodar nas estradas e equipamentos tecnológicos, certo? O MK8 realmente mostra seu melhor quando as estradas ganham mais curvas, particularmente quando o modo Sport aumenta a sensibilidade do acelerador, aumenta o peso da direção e aumenta o volume do ronco do motor. O Golf e seu motorista são bem mais felizes em pistas cheias de curvas como a Ortega Highway do que em uma rodovia reta, graças a suspensão firme e um acelerador bem responsivo. A transmissão DSG - uma das melhores do mercado - oferece trocas no limite das rotações ou fica pronto para reduções. Imagina a versão com o câmbio manual...
Calibrada para a condução esportiva, a direção é pesada e decentemente comunicativa, filtrando pouco o que acontece embaixo dos pneus dianteiros. E nunca achávamos que estávamos perto dos limites do GTI, mesmo em velocidades que podemos descrever como além das legais. Há uma notável rolagem da carroceria e uma leve saída de dianteira facilmente corrigível, algo esperado de um carro com tração dianteira. De fato, o MK8 é um pouco mais ágil que o anterior MK7 neste ponto, já que ele tinha uma tendência maior de saídas de frente em velocidades mais altas.
Os freios são os pontos que mais podemos criticar na dinâmica do GTI, apesar do pedal ter uma boa sensibilidade e uma força adequada de frenagem. Eles não são tão agressivos quanto esperávamos de um carro assim, principalmente em alguns trechos de Ortega descendo ao Lake Elsinore. Porém não percebemos nenhum sinal de fadiga no sistema, créditos para a VW.
Eu não gostei do visual da oitava geração do GTI quando ela foi apresentada no ano passado. Muitos detalhes pareceram estranhos, particularmente os faróis que são angulares e redondos ao mesmo tempo, ou o conjunto de 5 LEDs nos faróis de neblina que parecem desnecessariamente complexos. Agora, quando a Volkswagen nos trouxe este GTI e tivemos nosso primeiro contato pessoalmente, o estilo faz mais sentido. É fascinante como a opinião consegue mudar em 1 ou 2 segundos, mas o novo GTI parece mais refinado e coeso em seu design.
Sim, os faróis ainda são um pouco diferentes do normal, assim como os faróis de neblina, mas o GTI complementa estes elementos que o tornam mais maduros. As medidas gerais desse carro são bem próximas da geração anterior - entre-eixos, largura e comprimentos são poucos centímetros maiores, enquanto a altura é um pouco mais baixa - mas o novo GTI parece ser mais plantado ao chão, com menores balanços dianteiro e traseiro. O capô baixo se encontra com a grade dianteira (sem nenhuma faixa exagerada como no Hyundai Veloster ou Honda Civic Si) e um discreto spoiler traseiro e belas linhas de carroceria completam o design distinto e elegante.
Por exemplo, uma linha de caráter nítida e forte agora aparece na ponta dos faróis dianteiros, disfarçando a abertura já estreita entre o para-lama e o capô e se encaixando na moldura brilhante da linha de cintura. Outro vinco é gerado a partir do emblema do parachoque, cruzando as maçanetas das portas antes de envolver a escotilha. As lanternas traseiras em forma de flecha (que apresentam iluminação 3D) escondem mais algumas linhas de caráter que se estendem ao redor do parachoque traseiro acima de um par de pontas de escapamento com acabamento brilhante, que usam um formato redondo clássico esportivo.
Enquanto isso, a linha da cintura inclinada é mais alta do que antes, coordenando bem com o para-brisa mais inclinado e comprimindo ligeiramente as janelas traseiras. Esses elementos deveriam conspirar para tornar o interior claustrofóbico, mas de alguma forma, os suportes estreitos do teto (exceto o lingote da coluna C, que é uma assinatura do GTI) mantêm a sensação de cabine arejada e aberta, mesmo nos bancos traseiros.
Por falar nesse interior modernizado, a versão mais recente do Volkswagen Digital Cockpit está no GTI, exibida em uma tela nítida de 10". O novo painel de instrumentos é mais configurável do que nunca, com uma variedade de opções de exibição, incluindo um conta-giros e velocímetro de estilo analógico, um conta-giros central maior com leitura de velocidade digital (perfeito para uma direção esportiva) ou uma exibição de mapa em tela inteira que não tínhamos como testar pois a navegação do nosso veículo estava apenas com os mapas europeus. Apostamos que será bastante adorável, com base em nossas experiências com sistemas semelhantes da Audi.
Outros pontos do design contemporâneo inclui uma tela sensível ao toque para o sistema multimídia, também medindo 10", com opções de menu claras e fácil acesso a recursos como Apple CarPlay (sem fio, a propósito) e seletor de modo de direção. O GTI também obtém várias configurações de iluminação ambiente, incluindo cores específicas para cada zona - pode deixar o seu espaço para os pés verde-limão e o seu painel roxo,por exemplo, ou deixe um dos vários esquemas programados pela VW enfeitar sua cabine. O painel de instrumentos e as cores do multimídia também mudam, um toque agradável que permite que os proprietários combinem com seu humor.
Porém, a tela central é um pouco lenta, resultando em um toque duplo irritante quando apenas um era a intenção. Os controles de climatização sensíveis ao toque na parte baixa da tela significam que não há nenhum lugar para descansar sua mão ao operar. Também não há botão de volume, então quase todo controle secundário é feito com controles deslizantes virtuais ou na tela - nem mesmo um designer da VW poderia dirigir por uma estrada esburacada e ajustar o rádio sem alterar os controles de clima e, finalmente, a qualidade dos materiais é um degrau abaixo do elogiado Mk7, com partes de plástico rígido e algumas inserções nos painéis das portas.
Pelo menos ainda podemos apreciar os bancos confortáveis do GTI, estofado em elegante Clark Tartan com partes em microfibra. Há bastante espaço para as duas fileiras, com espaço para as pernas na parte de trás amplo se os ocupantes do assento dianteiro estiverem dispostos a doar parte do espaço. Estimamos que o GTI provavelmente tenha cerca de 510 litros de capacidade no porta-malas com os assentos traseiros na posição normal, além de um encosto com a divisão 40/60 para levar objetos longos. No geral, o Mk8 deve ser um veículo de transporte familiar para aqueles que desejam uma experiência mais esportiva do que um SUV pode fornecer.
Depois de dirigir a versão europeia por 1 semana, estamos todos ansiosos para conhecer a versão 2022 do Golf GTI MK8 que será vendida nos Estados Unidos no fim deste ano. Alguns pontos de observação no hatch, mas ainda é um bom esportivo para uso diário graças a uma boa dirigibilidade, interior espaçoso e tecnologias impressionantes. Por lá, concorrerá com uma turma como o Hyundai Veloster Turbo e o Honda Civis Si, que deverão ser mais baratos que ele, mas menos potentes. Por lá, o preço esperado é de US$ 30.000.
No Brasil, dificilmente ele será vendido novamente. Rumores indicam que ele poderia chegar importado da Alemanha, mas há dúvidas se a marca não preferirá o híbrido GTE. Por enquanto, ficamos com as impressões dos nossos colegas norte-americanos. Ele não é tão "mini-Audi" como seu antecessor, mas ainda é um bom hot hatch e segue a história desta família.
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