Quando apresentou a atual geração do A4, em 2016, a Audi se destacou. Na época, os concorrentes já estavam mais antigos, como o Mercedes-Benz Classe C e as gerações anteriores do BMW Série 3 e do Volvo S60. Porém, quando falamos em mundo automotivo, quatro anos é muito tempo e, quase num passe de mágica, o Audi A4 já estava devendo diversas tecnologias em relação aos rivais. Chegou a hora de corrigir isso e recuperar o espaço perdido.
O novo Audi A4 2021 chega ao Brasil nos últimos dias de 2020. Já era conhecido desde sua apresentação na Europa, em maio de 2019. Convenhamos que, apesar de não serem mudanças tão profundas, mexeu onde precisava. Esta é a versão Performance Black, que substitui a Ambiente na posição de topo de linha. Já traz o kit S-Line de carroceria, que inclui para-choques mais esportivos, rodas de 18" com pneus 245/40, bancos esportivos e, como diz o nome, detalhes em preto na grade, frisos e interior.
A dianteira foi a parte que mais rejuvenesceu. Com linhas que seguem o novo DNA da Audi, a grade dianteira ficou claramente maior, com formato colmeia. As entradas de ar cresceram e agora abrigam os radares dos assistentes de condução (falaremos deles em alguns parágrafos), enquanto os faróis são peças novas. Nosso carro de teste veio também com os opcionais LED Matrix, com direito a farol alto automático e inteligente e apresentação de luzes ao destrancar e trancar as portas.
A traseira acompanha as mudanças da frente, com um para-choque maior e saídas de escape que deixam de ser redondas e ganham um formato retangular bem camuflado na peça. As lanternas mantêm o formato de antes, mas também ganham novas lentes e iluminação full-LED com luzes de apresentação, assim como os Audis mais modernos. Pena que as rodas de 18" mantiveram o mesmo desenho para o mercado brasileiro, dando aquela sensação de déjá vu...
Por dentro, o A4 2021 mudou pouco, mas onde realmente precisava mudar. O volante agora tem base reta e o painel de instrumentos digital perdeu os mostradores de nível de combustível e temperatura, que foram para dentro das funções do computador de bordo - mudança que deixou o visual mais limpo, além de haver três opções de mostradores. Antes opcional, o piloto automático adaptativo agora é item de série no A4 desde a versão Prestige Plus, assim como o Audi Phone Box, um carregador por indução para smartphones. Temos também o espelhamento de smartphones via Apple CarPlay e Android Auto sem fio.
Na verdade, a multimídia merece até mais destaque agora. Deixou de ser comandada pelo joystick em frente ao seletor do câmbio (agora há um porta-trecos no lugar) e tem tela de 10,1" com o novo software da Audi, vindo dos novos Q3, Q7, Q8 e afins. A facilidade de uso evoluiu bastante, com comandos rápidos e facilidade para encontrar as funções necessárias. Entre os equipamentos de série, esta versão Performance Black tem também o sistema de estacionamento automático.
A atual geração do Audi A4 conta com a versão esportiva S4 apenas com motorizações TDI, a diesel. Logo, não a temos no Brasil e fica para a Performance Black esse papel, digamos, de performance. O motor 2.0 TFSI vai dos 190 cv na versão Ultra (que tem foco maior em eficiência e equipa as variantes mais baratas) para animadores 249 cv - curiosamente, a Audi falava que o A4 tinha 253 cv, mas agora divulga 249 cv e não há alterações mecânicas. O torque pula dos 32,6 kgfm para 37,7 kgfm nesta versão, como anteriormente.
A "mágica" está na transmissão. Apesar de usar o mesmo câmbio S-Tronic (dupla embreagem de 7 marchas com lubrificação) das demais versões, a Performance Black vem acompanhada do sistema de tração integral quattro. Usando um sistema Haldex, assim que percebe a roda dianteira patinar, ativa o eixo traseiro para equilibrar o conjunto.
É isso que destaca o A4 Performance Black. Além de mais potente, ele transmite essa força ao chão sem patinar rodas e, nas curvas, aumenta a aderência junto com a confiança. A suspensão também é um ponto a ser elogiado, já que, entre os sedãs médios premium, é a melhor tropicalizada: une conforto com estabilidade em um equilíbrio elogiável. Filtra o que passa por baixo das rodas de 18" e ainda segura bem a carroceria, que inclina pouco mesmo nas situações mais "empolgantes". Não há ruídos de batidas secas ou algo que pareça que a suspensão não irá aguentar nosso "maravilhoso" piso.
Em nossas medições instrumentadas, ele manteve praticamente os mesmos números do teste do A4 Ambiente anterior. O sistema de start-stop está mais inteligente, utilizando as câmeras e radares do sistema de piloto automático para "sentir" o melhor momento para desligar o motor - explicamos isso no teste do Audi A7, o que ajudou a manter o mesmo consumo urbano mesmo com o carro levemente mais pesado por conta dos novos equipamentos. Apesar de disponível como opcional no exterior, o Audi A4 não chegou ao Brasil com a opção híbrida-leve, com o sistema de 48 volts no lugar do motor de arranque tradicional.
O seletor de modos de condução também auxilia a extrair i melhor do A4 em cada situação. No modo Efficiency, ele faz as trocas de marchas bem mais cedo e deixa o acelerador mais "sonso", mas não chega a ter um desempenho que desanima. Já no Dynamic, o acelerador fica mais sensível, as trocas de marchas são feitas mais tarde e de forma mais rápida e até mesmo o peso da direção é modificado, ficando mais sensível e direta.
O novo Audi A4 Performance Black está no topo da gama do modelo. Custa R$ 304.990 com uma lista de equipamentos que inclui ar-condicionado de três zonas, seletor de modos de condução, painel de instrumentos digital (Audi Virtual Cockpit), bancos dianteiros elétricos com memória para o motorista, bancos esportivos revestidos em Alcantara, piloto automático adaptativo, teto-solar, volante esportivo, kit de acabamento visual preto, alerta de saída de faixa, faróis full-LED, lanternas em LEDs com apresentação dinâmica, park assist, carregador de smartphone por indução e sistema de som com 10 alto-falantes.
Como todo Audi, temos os opcionais que, no carro testado, fazem o preço subir bem - neste caso, para R$ 332.490. Estamos falando do Head-Up display (R$ 7.500), sistema de som Bang&Olufsen (R$ 8.000), pacote Assistance City (pre-sense traseiro e alerta de ponto-cego, R$ 8.000) e os faróis full-LED Matrix com apresentação (R$ 12.000). Nesta faixa, temos a concorrência do Volvo S60 T8 Polestar (R$ 336.950), BMW 330e M Sport (R$ 319.950), ambos em opções híbridas, e o Mercedes-Benz C300 (R$ 323.900), este aguardando uma nova geração para 2021.
O Audi A4 2020 se renova onde precisava. Segue com as mesmas qualidade e corrige falhas que o deixavam para trás. O preço, porém, o coloca perigosamente próximo dos seus concorrentes com motorizações híbridas, como Volvo e BMW. São qualidades e características diferentes, mas bem que a Audi do Brasil poderia trazer o A4 híbrido para esta briga.
Fotos: Leo Fortunatti/Motor1.com
MOTOR | dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 1.984 cm³, turbo e intercooler, comando variável na admissão e escape, injeção multiponto e direta combinadas, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 249 cv entre 5.000 e 6.000 rpm / 37,7 kgfm de 1.600 a 4.500 rpm |
TRANSMISSÃO | automatizado de dupla embreagem e 7 marchas, tração integral |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | de liga-leve aro 18", com pneus 245/40 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.660 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento de 4.770 mm, largura de 1.847 mm, altura de 1.429 mm e entre-eixos 2.822 mm |
CAPACIDADES | porta malas 460 litros, tanque 58 litros |
PREÇO | R$ 304.990 (R$ 332.490 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (gasolina) | ||
---|---|---|
Audi A4 Performance Black Quattro | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 2,8 s | |
0 a 80 km/h | 4,3 s | |
0 a 100 km/h | 6,0 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 4,4 s | |
80 a 120 km/h em S | 4,3 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 39,7 m | |
80 km/h a 0 | 25,0 m | |
60 km/h a 0 | 13,9 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 8,7 km/l | |
Ciclo estrada | 13,4 km/l |
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