A Mercedes mandou bem quando lançou o primeiro GLA, em 2013. Era o primeiro SUV compacto da marca, com preços razoáveis, um logotipo de renome e uma dirigibilidade OK - era o Santo Graal do luxo básico, um sucesso de vendas que foi o primeiro Mercedes de muita gente.
Apesar disso, a primeira geração do GLA não exatamente um grande Mercedes. O interior era um tanto simples e surgiu um pouco antes de a marca começar a levar mais a sério o design da cabine e o acabamento de seus carros - e não apenas do top de linha Classe S. O rodar era um tanto firme, o banco do motorista não era dos mais confortáveis e, na humilde opinião deste autor, o crossover parecia meio perdido entre o esbelto CLA e o robusto GLK (que hoje deu lugar ao GLC).
O novo Mercedes GLA 250 2021 não é nada disso. O crossover, que virá ao Brasil no ano que vem, agora é um veículo muito superior e que, mesmo comparado aos melhores rivais, soa como a estrela dos SUVs compactos premium. A carroceria ficou muito mais atraente e se integra melhor com os modelos maiores da marca, o design e acabamento da cabine são adoráveis, há amplo espaço nas duas fileiras, o rodar é digno de carro de luxo e ainda traz equipamentos de última geração para segurança ativa e infoentretenimento.
Design continua sendo o principal argumento de venda dos SUVs de luxo de todos os tamanhos, e agora é um ponto de destaque do GLA. As proporções do modelo - agora um pouco mais alto, larga e curta, mas com entre-eixos alongado - dão a ele uma aparência mais robusta, com mais cara de SUV que o antecessor. As linhas são mais nítidas e, como acontece nos Mercedes mais recentes, parecem mais orgânicas que talhadas, como a diferença entre um pedaço de terra alisado e um cortado com uma pá.
Os elementos de estilo, como a grade Panamericana e os faróis mais estreitos em LED substituem o jeitão de hatch bombado do GLA anterior por algo com uma aparência mais luxuosa. Ficamos felizes em ver que a Mercedes optou por uma estética mais próxima do CLA do que pelos recortes mais angulares do Classe A.
O detalhamento da grade AMG do nosso carro de teste entrega uma aparência premium que o antigo GLA nunca conseguiu. Na traseira, há lanternas em LED finas e com detalhes agradáveis que combinam perfeitamente com os SUVs mais caros da Mercedes - parece uma versão em escala reduzida do GLS topo de linha.
A cabine compartilha uma parte substancial de seu design e materiais com a Classe A e o CLA, o que é ótimo para nós - esses dois modelos possuem as melhores cabines em seu segmento. Dito isso, as linhas parecem muito familiares. Na verdade, a tela do painel em forma de tablets unidos está em perigo real de começar a ficar sem graça (boa notícia é que há um novo Classe S chegando para sacudir as coisas dentro da marca).
Além da placa de vidro, que abriga duas telas de 7" como padrão (ou dois monitores de 10,3" como opcional), há três saídas de ventilação circulares acima dos comandos da climatização. Como esperado, cada um desses pontos de contato transmite solidez como se fosse durar uma vida inteira.
A Mercedes espalhou peças imitando aço escovado por toda a cabine, o que contrasta agradavelmente com as molduras em preto brilhante. Embora a quantidade de plásticos seja preocupante, a qualidade compensa - o painel de toque suave exibe encaixes excelentes e as bordas brilhantes para as aberturas da ventilação parecem sólidas. Inserções no painel do lado do passageiro e nos painéis das portas dianteiras são pontos focais para o sistema de luz ambiente de 64 cores disponível na cabine, e estão disponíveis em quatro acabamentos - nosso carro veio com o "Spiral Look" de série.
Incomum para um SUV "de entrada", o novo GLA 2021 oferece oito opções de estofamento diferentes (duas a mais que a BMW e três a mais que a Audi). Hesitaríamos em gastar dinheiro no couro verdadeiro e, em vez disso, optaríamos pela combinação de "MB-Tex" e "Dinâmica" do nosso exemplar - nomes extravagantes para imitações de couro e camurça. Com a grife AMG e chamativas costuras vermelhas, esse par nos parece mais do que adequado para um modelo desta classe.
Se os clientes compram com base no estilo, o que os faz voltar para uma marca é a percepção de qualidade e conforto. O novo GLA se destaca em ambas as áreas. Os assentos dianteiros são planos, mas provaram ser confortáveis ao longo de uma viagem-teste de 250 km. Apreciamos a altura da posição de dirigir e a elevação do teto também, pois isso torna o procedimento de entrar e sair mais agradável do que em um Classe A ou CLA.
Se acontecer de você ficar na parte de trás, a distância entre-eixos esticada do novo GLA oferece maior espaço para as pernas que os rivais, mais precisamente 2,5 cm a mais que no BMW X1 e 4,8 cm a mais que o Audi Q3. Como opcional, o banco traseiro também pode deslizar para a frente e para trás, dando ao habitáculo um grau adicional de versatilidade. É tão espaçoso que pudemos até usar a segunda fileira como camarim improvisado ao nos prepararmos para uma gravação de vídeo.
No geral, o rodar do novo Mercedes é impressionantemente luxuoso para um carro que tem distância entre-eixos de 2,73 m e rodas opcionais de 20 polegadas (as 18" são padrão). O GLA luta com imperfeições maiores, mas não mais do que seus oponentes - em estradas mais suaves ou apenas ligeiramente esburacadas, porém, ele é sereno e tem excelente controle da carroceria e baixo ruído dos pneus. No entanto, os baques dos impactos do piso foram mais sentidos do que gostaríamos, assim como o ruído de vento em velocidades de rodovia.
O motor 2.0 turbo do GLA 250 e o câmbio de dupla embreagem e 8 marchas fazem uma combinação perfeita para o dia a dia. Temos 224 cv de potência e 35,7 kgfm entregues logo a 1.800 rpm. Esse empurrão em baixas rotações significa que o SUV de 1.600 kg avança avidamente - a aceleração de zero a 100 km/h leva 6,7 segundos pelos dados da Mercedes, com máxima de 240 km/h. É revigorante encontrar um motor turbinado de 4-cilindros que não fica sem fôlego em altas rotações. No entanto, se você quiser mais, existe ainda um GLA 35 AMG disponível.
Por sua vez, a caixa DCT é rápida quando exigida e tem boas maneiras no uso urbano. A transmissão tem subidas de marcha ágeis e quase imperceptíveis em condições normais, e também se revela parceira quando resolvemos imprimir uma tocada mais dinâmica. Temos borboletas no volante para trocas manuais, mas digamos a eletrônica faz um trabalho tão bom que as tornam praticamente dispensáveis.
Como em sua primeira geração, o objetivo do novo GLA na vida é ser uma porta de entrada para compradores de Mercedes pela primeira vez. Este carro é o condutor de uma nova safra de consumidores, e por isso precisa conquistá-los com a tecnologia da marca.
Isso significa que ele possui o mais recente sistema de entretenimento da empresa, o MBUX. Ele continua sendo um dos nossos combos favoritos de hardware/software no mercado. É relativamente fácil de aprender, reconfigurar e, eventualmente, otimizar, e a Mercedes merece crédito por dar aos motoristas tantas maneiras de interagir com o sistema (há quatro, incluindo um assistente de voz e touchpads que permitem ao motorista manter as mãos no volante) .
O assistente de voz alterna entre momentos de sucesso e fracasso, mas adoramos o sistema de navegação com realidade aumentada opcional, que projeta informações de rota em uma imagem da câmera frontal. O novo GLA também possui equipamentos de segurança ativa de última geração, como frenagem automática de emergência, assistência de vento cruzado e um monitor de atenção ao motorista. As verdadeiras vantagens, porém, vêm com o pacote de Assistência ao Motorista, opcional de R$ 9.200 nos EUA.
Leve este item e seu GLA se torna um dos veículos mais inteligentes e seguros na estrada. O pacote inclui o equipamento de segurança típico, como piloto automático adaptativo e assistente de manutenção de faixa, mas ambos são melhores no Mercedes do que na concorrência. O sistema ACC incorpora adaptação de velocidade com base na rota, portanto, se você estiver dirigindo o GLA na rodovia, ele pode desacelerar em curvas médias a acentuadas. O sistema funciona perfeitamente, com desaceleração suave e previsível, o que deve ajudar os consumidores a confiar na tecnologia. Já o sistema de manutenção de faixa, junto com o Active Steering Assist incluído, pode mover o SUV simplesmente ar dar o sinal de seta para o lado desejado. Novamente, a implementação é perfeita - você vai querer usar esses sistemas.
Porém, como dissemos, você pagará por eles. Apesar do alto preço do nosso carro de teste - o equivalente a quase R$ 300 mil nos EUA -, o GLA nos parece muito bem posicionado. Ele custa um pouco mais do que um X1 ou Q3, mas nenhum deles oferece um conjunto tão abrangente de equipamentos de segurança ativa ou tecnologias de conveniência que você encontrará no Mercedes.
Isso é exatamente o que a Mercedes precisa se quiser replicar o sucesso do GLA original. Esse carro teve um sucesso impressionante em atrair novos clientes, embora não fosse um grande Mercedes. Mas o GLA de segunda geração é, sem dúvida, um pacote mais inteligente, mais completo e com melhor aparência. Se isso não conseguir fazer com que outra nova safra de novos compradores da Mercedes apareça, não sabemos o que fará.
Fotos: divulgação
2021 Mercedes-Benz GLA 250 4Matic
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