A Chevrolet já anunciou que pretende unificar as picapes S10 e Colorado (norte-americana) na próxima geração. Enquanto isso não acontece (a previsão é 2023), a marca aproveita para atualizar a picape nacional com uma reestilização inspirada, não por acaso, na irmã vendida nos EUA. E não foi apenas o visual que veio da Colorado, como detalhamos no teste desta versão High Country 2021, a topo de linha da S10.
Com sua posição nas vendas ameaçada pela Ford Ranger, que cresceu após o lançamento da versão Storm, a GM resolveu mexer na S10 antes que a outra rival, Toyota Hilux, se renove por aqui (ela já foi lançada na Tailândia e deve chegar até o fim do ano). As mudanças são mais tímidas do que serão na picape japonesa, mas servem para colocá-la de volta na briga até a chegada da próxima geração. E as novidades vão além daquilo que a gente enxerga.
Curioso que, apesar de ser uma modificação leve, o novo design da dianteira chamou mais atenção nas ruas do que eu esperava. Certamente porque esta versão High Country ganhou um estilo exclusivo em relação às demais, com um toque da Colorado. Estou falando da barra preta na grade com o escrito "Chevrolet", mudança que levou o logotipo da gravatinha dourada a ser deslocado para o canto inferior esquerdo da peça. Também merece destaque o belo desenho das novas rodas aro 18" pretas, que realçaram a carroceria (ainda) atual da S10.
Na traseira, a principal novidade não se vê, mas se sente: um amortecedor na tampa da caçamba deixou a peça bem mais leve para baixar (ela não "despenca" mais). Sem alterações, o compartimento tem capacidade para 1.061 litros (maior da categoria, segundo a GM) e a carga útil é de 1.049 kg.
Na dianteira, a mudança de estilo também foi funcional. O novo para-choque permitiu um leve aumento no ângulo de entrada (que passou de 27 para 29 graus) e os faróis de neblina ficaram em posição mais alta - útil em locais de mato crescido. Faltou trocar o conjunto de lâmpadas halógenas por LEDs, disponível apenas no feixe de iluminação diurna. A Toyota Hilux reestilizada vai chegar em breve com faróis Full-LED.
Novo para-choque melhorou ângulo de entrada e deixou neblinas mais altos; motor trocou o turbo
Sob o capô, o motor 2.8 a diesel recebeu um novo turbo vindo da... Colorado, claro. Apesar de não haver mudança nos números de potência e torque (200 cv e 51 kgfm), a GM diz que a nova turbina "enche" mais rápido, melhorando as respostas em baixas rotações. Para acompanhar, o propulsor recebeu uma nova calibração, visando também a redução de consumo e emissões. A marca informa que, com as alterações, a aceleração de 0 a 100 km/h baixou em 0,2 segundo.
Na prática, porém, não foi o que observamos na pista de testes. Em relação à High Country anterior, a S10 2021 se mostrou mais lenta tanto nas acelerações quanto nas retomadas, com 10,6 segundos de 0 a 100 km/h (contra 9,9 s) e 8,3 s de 80 a 120 km/h (contra 7,5 s) - ainda assim melhor que a Ranger 3.2 e semelhante à Frontier 2.3. Embora não tenha repetido as marcas de antes, isso não significa que a picape da GM perdeu aquele "punch" de torque quando pisamos fundo. Pelo contrário, o motor parece realmente mais disposto em rotações iniciais, deixando a condução mais agradável tanto na cidade quanto no off-road, com menor turbo lag - o que não aparece nos testes de "pé embaixo". Já o consumo registrado por nós ficou próximo das marcas oficiais, com 8,7 km/litro na média urbana e 11,4 km/litro na rodoviária.
Para quem for utilizar a picape fora dos grandes centros, outra boa notícia fica por conta da terceira geração da multimídia My Link, com tela de 8" nesta versão, GPS nativo e internet 4G a bordo. Graças à antena que amplifica o sinal e o deixa até 12 vezes mais estável, você conta com rede onde o seu celular normalmente não pegaria (e pode rotear a internet para seu smartphone). Outra novidade é que as conexões Apple Carplay e Android Auto agora são feitas via Bluetooth, não necessitando mais de cabo, pela primeira vez num GM nacional. Faltou, porém, um carregador por indução para acompanhar - item que até o Onix oferece. E já que estamos falando de itens do hatch que a picape não tem, também seria bem-vinda a chave presencial, a partida por botão e o sensor de ponto cego.
Painel manteve desenho e acabamento, mas agora a S10 freia sozinha e têm câmera de ré de alta resolução
Afora o 4G, a multimídia incorporou uma câmera de ré com imagens em alta definição, além de uma função que permite acioná-la a qualquer momento (para poder observar um trailer, por exemplo). Vale mencionar também que a interface da My Link é bastante intuitiva e fácil de usar, tanto pelos comandos na tela quanto pelos práticos botões físicos de atalho.
No restante do interior, tudo segue como antes. Algumas mudanças, como uma coluna de direção que ajusta em profundidade (do jeito que está o volante fica um pouco longe) e um banco mais cômodo (é um tanto raso para viagens mais longas) melhorariam o conforto do motorista, mas só deverão aparecer na próxima geração.
Já a parte de segurança evoluiu tanto no aspecto construtivo quanto no de equipamentos. A GM alterou a estrutura de modo a deixar a picape 20% mais resistente em impactos frontais. E também trabalhou para que esse tipo de impacto não aconteça, colocando um sistema de frenagem automática de emergência. O recurso funciona de forma suplementar ao alerta luminoso e sonoro, acionando o freio caso o motorista não reaja, entre 8 e 80 km/h, e detecta outros veículos e pedestres. Em uso, funcionou até quando eu já estava freando, mostrando um excesso de zelo. Segue também com o alerta de saída de faixa, mas ainda não tem o piloto automático adaptativo que a Ranger oferece.
No fim das contas, quem optar pela S10 2021 vai notar que as mudanças são sutis, mas valorizam a picape neste segmento cada dia mais disputado. Aos interessados, minha principal questão fica quanto à opção por essa versão High Country, tabelada a salgados R$ 213.290. A não ser que você faça questão da grade exclusiva, a LTZ de R$ 206.190 me parece mais negócio.
Fotos: autor e divulgação
Edição vídeo: Paulo Henrique Trindade
MOTOR | dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 2.776 cm3, comando duplo, turbo e injeção direta, diesel |
POTÊNCIA/TORQUE | 200 cv a 3.600 rpm; 51,0 kgfm a 2.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 6 marchas, tração traseira (4x2), 4x4 e 4x4 com reduzida |
SUSPENSÃO | independente de braços sobrepostos na dianteira, eixo rígido com molas semi-elípticas na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 18" com pneus 265/60 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 2.101 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 5.408 mm, largura 1.874 mm, altura 1.839 mm, entre-eixos 3.096 mm; vão livre 228 mm |
CAPACIDADES | tanque 76 litros; caçamba 1.061 litros; carga útil 1.049 kg |
PREÇO | R$ 213.290 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (diesel) | ||
---|---|---|
S10 2.8 TD Cabine Dupla 2021 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,4 s | |
0 a 80 km/h | 7,0 s | |
0 a 100 km/h | 10,6 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 8,0 s | |
80 a 120 km/h em D | 8,3 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 40,5 m | |
80 km/h a 0 | 24,4 m | |
60 km/h a 0 | 14,2 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 8,7 km/litro | |
Ciclo estrada | 11,4 km/litro |
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