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Teste: Chevrolet Tracker LT 1.0 T desafia teoria do "menos é mais"

Com motor menor e preço mais baixo, veja como ele se posiciona em relação ao 1.2

Tracker LT abre
13:21

Nem sempre o mais barato é o que vale mais a pena. Começar o teste do Chevrolet Tracker 1.0 turbo LT falando assim já dá sinais de como isso vai terminar, mas vamos com calma. A versão de entrada do crossover com motor 1.0 turbo (o mesmo do Onix e Onix Plus) e câmbio automático de 6 marchas pode ser uma boa opção para alguns clientes.

Quando apresentou o novo Tracker, a Chevrolet focou a sua frota de imprensa na versão topo, a Premier com o inédito motor 1.2 turbo. Mas, assim que publicamos o primeiro teste com o modelo, a maioria dos comentários foi: "Quando vocês vão testar a versão 1.0?". A gente sabe que as variantes topo de linha são boas para avaliação porque trazem tudo que o modelo em questão oferece, mas, na hora da compra, o povo quer mesmo saber sobre o que cabe no bolso. 

Por isso, agora está aqui o Chevrolet Tracker LT 2021. Fora a versão PCD, é a mais barata da linha com câmbio automático, pegando o motor 1.0 turbo do Onix e Onix Plus para isso. O propulsor de 3 cilindros e 1 litro é conhecido nosso, com duplo comando de válvulas e variador na admissão e escape, embora abra mão da injeção direta de combustível, mantendo os bicos tradicionais no coletor de admissão. A decisão, segundo a GM, foi reduzir o custo de manutenção, por ter componentes mais baratos que os dos motores com injeção direta. 

A principal diferença visual está nas rodas. Saem as de 17" com pneus 215/55, entram as de 16" com pneus 215/60. Também não temos os faróis de LEDs, mas seguem os projetores de luz e a luz diurna em LEDs no para-choque. Quando comparado com a versão 1.0 manual ou a 1.2 turbo de entrada (sem nome), o Tracker LT diferencia-se as capas de retrovisor na cor do carro, grade cromada e o rack de teto na cor prata. Na traseira, as lanternas possuem lâmpadas halógenas no lugar das bonitas peças com LEDs. O logotipo LT vai na base direita da tampa. 

Por dentro, o jogo dos "sete erros" entrega mais a simplicidade da versão. O volante perde o revestimento de couro e a base achatada, ainda que siga com os comandos do som e do piloto automático. O painel de instrumentos abre mão da tela colorida para o computador de bordo e usa a mesma do hatch, embora mantenha o sistema multimídia MyLink com tela de 8". Revestimento de couro? Não, os bancos são de tecido com texturas diferentes e há apenas uma pequena porção revestida em um tecido emborrachado nas portas e em parte do painel - pelo menos sem aquele estranho tom de azul do Premier...

Esqueça também o ar-condicionado automático, o carregador de celular por indução e o acabamento preto brilhante em alguns detalhes internos. Até as maçanetas deixam de ser cromadas e assumem apenas uma pintura prata. Mas ainda temos o botão de partida e a chave presencial, que também abre as portas e o porta-malas - é um dos equipamentos que o LT tem a mais que o 1.2 turbo sem nome (guarde essa informação, pois será importante mais adiante). 

Motor mais potente por R$ 500, senhor?

O Tracker 1.2 turbo se destacou em nossos testes, principalmente nas medições de consumo. Foi mais econômico até que o T-Cross 200 TSI (8,6 vs. 8,2 km/litro com etanol) mesmo abrindo mão da injeção direta e com 133 cv (128 cv do T-Cross). Com o Tracker LT 1.0 turbo, era esperado que os números fossem ainda melhores, mas não foi bem o que aconteceu (há uma explicação). 

O Tracker 1.0 turbo tem 17 cv e 4,6 kgfm de torque a menos que o 1.2 T. Quando falamos em peso, são apenas 43 kg de diferença para o Premier por conta de equipamentos como o teto-solar e rodas maiores. Ou seja, vamos de uma relação peso/potência de 9,78 kg/cv para 10,6 kg/cv, e de um peso/torque de 59,4 kg/kgfm para 73,1 kg/kgfm, uma diferença considerável. 

Para calibrar isso, a Chevrolet encurtou a relação final do câmbio automático do 1.0 com um diferencial de 3,72:1 (3,14:1 no 1.2) para melhorar principalmente as saídas. No uso diário, é perceptível a demora para o turbo começar a empurrar (o famoso turbo lag). Acima das 2.000 rpm a situação melhora e, sabendo disso, o câmbio de 6 marchas demora para fazer as trocas ascendentes em algumas situações, ou faz reduções exageradas (comportamento já observado no Onix e Onix Plus com este conjunto). 

Mesmo menor, o 1.0T obteve o mesmo consumo do 1.2T na cidade, que empurra seu peso com mais folga, ambos com média de 8,6 km/litro (etanol). Na estrada, pela menor força e mais solicitações ao câmbio, o Tracker LT marcou 11,2 km/litro contra os 12,2 km/litro do 1.2 - e inferior também aos 11,7 km/litro do T-Cross 200 TSI, com 128 cv e 20,4 kgfm. Não são números ruins, longe disso, mas sem o brilho do 1.2. 

No dia a dia, o Tracker 1.0 é suficiente, principalmente na cidade (a não ser a câmbio confuso em algumas situações). A suspensão é confortável, apesar de bastante sincera (e barulhenta) quando surge um buraco mais fundo. Já a direção elétrica é leve na maioria das situações, sempre procurando entregar conforto ao motorista. O SUV compacto da GM não é o mais afiado do segmento, mas também não assusta um motorista comum nas curvas. 

Se na rua a diferença é pouca entre o 1.0T e o 1.2T, na pista de testes ela ficou muito mais evidente. A aceleração de 0 a 100 km/h foi de 9,5 segundos para 11,6 segundos, com a retomada 40 a 100 km/h passando de 7,3 para 7,7 segundos e a de 80 a 120 km/h de 6,8 para 7,3 segundos. Curiosamente, a frenagem melhorou dos 41,6 metros para 38,7 metros, quando vindo a 100 km/h até a parada completa. 

1.0 ou 1.2 com menos equipamentos?

O Tracker LT 1.0T custa R$ 95.890, ou apenas R$ 500 a menos que o Tracker 1.2 Turbo. Nesta conta, o LT tem a mais os adesivos decorativos nas colunas, grade dianteira cromada, maçaneta na cor do carro, rack do teto na cor prata, câmera de ré, chave presencial, botão de partida, retrovisores na cor do carro, luzes de leitura individuais e algumas funções do OnStar.

De qualquer forma, o Tracker LT já vem bem equipado (assim como o 1.2 Turbo): 6 airbags, sistema multimídia OnStar com Apple CarPlay e 4G a bordo, controles de tração e estabilidade, piloto automático, ar-condicionado e o conjunto elétrico de vidros, travas e retrovisores. 

Ou seja, será que não vale a pena abrir mão de alguns itens para levar o 1.2 turbo pra casa? O salto seguinte seria o Tracker LTZ, mas aí a conta já salta para R$ 106.490. O 1.0 turbo é uma boa opção na versão PcD, com as isenções de IPI e ICMS, mas a fila de espera anda grande. Nas versões "normais", pense com carinho no motor com mais potência. 

Fotos: Leo Fortunatti

FICHA TÉCNICA: Chevrolet Tracker LT

MOTOR dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, comando duplo variável, turbo, flex
POTÊNCIA/TORQUE

116 cv a 5.500 rpm; Torque: 16,3/16,8 kgfm a 2.000 rpm

TRANSMISSÃO câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira
SUSPENSÃO independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
RODAS E PNEUS liga-leve aro 16" com pneus 215/60 R16
FREIOS discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e ESP
PESO 1.228 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 4.270 mm, largura 1.791 mm, altura 1.627 mm, entre-eixos 2.570 mm
CAPACIDADES tanque 44 litros, porta-malas 393 litros
PREÇO  R$ 95.890
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol)
    Chevrolet Tracker 1.0T AT
  Aceleração  
  0 a 60 km/h 5,0 s
  0 a 80 km/h 8,1 s
  0 a 100 km/h 11,6 s
  Retomada  
  40 a 100 km/h em D 7,7 s
  80 a 120 km/h em D 7,3 s
  Frenagem  
  100 km/h a 0 38,7 m
  80 km/h a 0 24,5 m
  60 km/h a 0 13,8 m
  Consumo   
  Ciclo cidade 8,6 km/l 
  Ciclo estrada 11,2 km/l

Galeria: Teste - Chevrolet Tracker LT 1.0T 2021

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