Teste Renault Sandero Zen 1.0: o racional da família
Apesar da renovação recente, ele ainda se destaca mesmo é pelo motor e espaço interno
Muita coisa aconteceu no mercado desde 2007, quando o Renault Sandero foi lançado. Se naquele momento ele trazia a proposta de um popular espaçoso, seus principais concorrentes seguiram o mesmo caminho com o passar do tempo. Todos cresceram consideravelmente e estão no mesmo patamar de dimensões do veterano, que deve ganhar uma nova geração apenas em 2022 no Brasil.
Apesar da Renault ter lançado o Sandero (e Logan) com o câmbio CVT junto com a reestilização, a própria marca sabe que 50% das vendas estão nesta versão que testamos, a Zen com motor 1.0 e câmbio manual de 5 marchas, o ainda moderno SCe de três cilindros, com até 82 cv e 10,5 kgfm de torque. Eficiente, ele usa os mesmos argumentos de sempre para atrair os compradores - ainda que eles sejam empresas ou locadoras.
Racional até demais?
O Sandero Zen deixa de lado os faróis de neblina e as rodas de liga-leve (trocadas por um conjunto de ferro de 15" com calotas plásticas), além do indicador de direção nos retrovisores e até mesmo o adesivo preto na coluna B, algo que as versões mais caras possuem. Mas não deixa de trazer as luzes diurnas em LEDs e as lanternas com luz de posição em LEDs, coisas que estrearam na reestilização.
Por dentro, o acabamento segue o mesmo padrão de sempre, com plástico rígido de aparência simples, mas com boa construção. Uma tentativa de se diferenciar aparece no novo volante e no detalhe preto brilhante perto da central multimídia, esta com tela de 7" e espelhamento via Apple CarPlay e Android Auto - o único "luxo" do Sandero Zen. Retrovisores e vidros traseiros são de ajuste manual, mas ao menos os dianteiros têm sistema "um toque" para subida e descida.
Para um hatch compacto, o Sandero segue esbanjando espaço. Como referência, ele mede 2.590 mm de entre-eixos, enquanto o VW Polo possui 2.565 mm e o Chevrolet Onix, 2.551 mm. No banco traseiro, os ocupantes vão bem acomodados e têm cinto de 3 pontos e encosto de cabeça em todas as posições, além do Isofix. Na parte da frente, os novos bancos com abas mais altas e novos tecidos acomodam melhor os ocupantes, que também contam com airbags laterais, totalizando 4 bolsas.
O porta-malas de 320 litros do Sandero ainda é maior que os 275 litros do Onix e os 300 litros de Polo e Fiat Argo. Além disso, a ampla área de abertura da tampa ajuda na hora de carregar os objetos maiores, explicando a preferência do Renault para uso em aplicativos de transporte.
O melhor Sandero é o 1.0?
O portfólio do Renault tem, além do motor 1.0, o 1.6 com câmbio manual ou CVT e o esportivo R.S., com o 2.0 aspirado. O "milzinho", mesmo diante dos concorrentes mais novos, ainda tem argumentos suficientes para te fazer pensar. Ao contrário da plataforma antiga do Sandero, o motor SCe é um dos mais modernos no mercado, com bicos injetores no cabeçote, duplo comando variável, trocador de calor do óleo e diversos recursos em prol do consumo de combustível.
Na cidade, o Sandero 1.0 não é letárgico apesar do seu tamanho, muito pelo contrário. Arranca bem e não pede reduções de marchas - ele tem um câmbio com escalonamento bem curto, permitindo andar em 4a ou 5a marchas já entre 40 e 50 km/h, ajudado pela boa entrega de força em baixas rotações. Recentemente, testamos o Chevrolet Onix 1.0 aspirado, queridinho do mercado e que surpreendeu em suas medições. Mas o Sandero anda praticamente junto até os 100 km/h, com diferença de apenas 0,2 segundo. No consumo, o Sandero registrou 9,6 km/litro na cidade (com etanol), não distante dos 10 km/l do Onix e melhor que os 9 km/l do Fiat Argo.
Mas nem tudo são flores. Com cinco marchas curtas, o câmbio mantém o motor girando alto em velocidades de rodovia, marcando acima de 4.000 rpm a 120 km/h - o que prejudica mais o consumo que o conforto dos ocupantes. Em diversos momentos, acabei procurando uma marcha extra pensando que ele estava em quarta. Assim, o consumo rodoviário com etanol ficou em 11,7 km/l, um número bem inferior aos dos seus concorrentes, entre 13 e mais de 14 km/l.
Já a suspensão ficou conhecida pela robustez e o bom compromisso entre conforto e dirigibilidade. Em nenhum momento ela bate seca ou revela aqueles barulhos característicos de borrachas subdimensionadas para o "ótimo" terreno brasileiro, comportando-se melhor até mesmo que a elevada das versões com câmbio CVT. Pena que o Sandero, mais uma vez, não trouxe a direção elétrica, algo que só deve acontecer em 2022. Basta ver a evolução do Duster, que ganhou praticamente uma nova vida ao dirigir, com uma direção mais rápida, comunicativa e leve para manobrar - seria algo ótimo para um hatch urbano como o Sandero.
Conclusão
Pensando em hatches "conectados", com sistema multimídia, o Sandero Zen está dentro da faixa de preço dos concorrentes, tabelado a R$ 55.090. Por exemplo, o Onix LT custa R$ 55.790, mas já tem ESP, 6 airbags e mais itens de série, além do MyLink. O Hyundai HB20 1.0 Evolution Pack, já com ESP e 4 airbags, custa R$ 55.990, enquanto o Fiat Argo Drive com opcional do sistema multimídia vai aos R$ 56.240. Por fim, o Ford Ka SE Plus 1.0 custa R$ 52.910.
O Sandero Zen vem com ar-condicionado, sensor de estacionamento traseiro, sistema multimídia e os 4 airbags, mas fica devendo ao menos o ESP (algo que existe nas versões com CVT). Por outro lado, ainda segue vantagem quando falamos em espaço interno, além de não ser difícil o encontrar com boas promoções por aí.
No fim das contas, compacto da Renault ainda tem seus argumentos para atrair os compradores. Manteve bastante do que o fez famoso durante os anos, tem um dos melhores motores 1.0 do mercado e um visual atualizado, mas alguns aspectos da idade só serão resolvidos mesmo em 2022. Por enquanto, vale procurar uma boa promoção por aí!
Fotos: Leo Fortunatti (Motor1.com Brasil)
Renault Sandero Zen 1.0 SCe
MOTOR | dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, 999 cm³, duplo comando variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 79/82 cv a 6.300 rpm / 10,2/10,5 kgfm a 3.500 rpm |
TRANSMISSÃO | manual de cinco marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | aço aro 15" com pneus 185/65 R15 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.035 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.070 mm, largura 1.730 mm, altura 1.520 mm, entre-eixos 2.590 mm |
CAPACIDADES | Porta-malas 320 litros; tanque 50 litros |
PREÇO | R$ 55.090 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol) | ||
---|---|---|
Renault Sandero 1.0 MT5 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,8 s | |
0 a 80 km/h | 9,8 s | |
0 a 100 km/h | 14,5 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em 3a | 13,5 s | |
80 a 120 km/h em 4a | 14,2 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 40,9 m | |
80 km/h a 0 | 25,2 m | |
60 km/h a 0 | 14,2 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 9,6 km/l | |
Ciclo estrada | 11,7 km/l |
Galeria: Teste: Renault Sandero Zen 1.0 2020
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