Teste: Onix 1.0 aspirado anda mais que Argo e Polo? Veja nossas medições
Câmbio de 6 marchas é diferencial do Chevrolet no segmento de entrada; compare os resultados
A Chevrolet foi a última das grandes montadoras a apostar nos motores de 3 cilindros. Na época do lançamento da primeira geração do Onix, em 2012, concessionários da marca chegaram a usar o infundado argumento de que "4 é muito melhor que 3" para desvalorizar o rival Hyundai HB20, que chegava quase ao mesmo tempo com o propulsor tricilíndrico nas versões 1.0.
Depois da Hyundai vieram Volkswagen, Ford, Nissan, Renault e Fiat, até que finalmente no ano passado a segunda geração do Onix trouxe o motor de 3 cilindros da Chevrolet. Para compensar a espera, ele veio logo nas versões turbo e aspirada. A turbinada você já conhece bem, pois foi alvo de diversas avaliações nos modelos hatch e sedã (Onix Plus). Já o Onix 1.0 aspirado foi alvo de um exclusivo teste de consumo aqui no Motor1.com. E agora chegou a hora de ele passar por nossas medições de desempenho.
Nossa ideia inicial era fazer um comparativo contra os principais rivais. Mas, além da pandemia ter fechado as fábricas, a Hyundai não dispõe do novo HB20 1.0 em sua frota de imprensa e a Ford também não conta com o Ka 1.0 (que ganhou um novo câmbio manual na última reestilização). Embora não tenhamos conseguido reunir os carros, nós temos os resultados de nossos testes anteriores com outros dois importantes rivais do Onix: Argo e Polo, ambos em suas versões com motores 1.0 aspirados (Drive e MPI, respectivamente).
Antes de nos ater ao desempenho, vamos retomar o assunto consumo. O Onix surpreendeu ao conseguir médias de 24,9 km/litro de gasolina viajando a 100 km/h e 18,6 km/litro a 120 km/h na estrada durante nosso teste especial "em busca dos 20 km/litro". Agora fizemos novas medições, como o consumo na cidade com gasolina, que ficou em elogiáveis 13,9 km/litro. Depois trocamos o combustível para etanol (padrão de nossos testes) e obtivemos as seguintes médias: 10 km/litro na cidade e 14,2 km/litro na estrada (120 km/h), que também são números de destaque e novamente melhores que os da concorrência (veja quadro comparativo mais abaixo).
Como destacamos na ocasião do teste consumo, uma das sacadas do Onix está no câmbio de 6 marchas - diferencial que ele já havia ganho na geração passada -, agora ligado ao motor de 3 cilindros e 12 válvulas. Com a marcha extra, o hatch da GM consegue saídas mais ágeis graças às primeiras marchas curtas (1ª, 2ª e 3ª) e também viaja sossegado com a 6ª mais longa, que mantém o motor a cerca de 3.200 rpm quando a 120 km/h. Interessante notar que a 6ª não é simplesmente uma overdrive superlonga que "mata o carro". Ela baixa cerca de 500 rpm a rotação do motor na comparação com a 5ª, fazendo parte do "jogo" na condução do carro, de modo que você pode usá-la em vias urbanas rápidas (como as Marginais da capital paulista e a Linha Vermelha da capital fluminense, com limite de 90 km/h). Na estrada, o Onix consegue manter o pique em 6ª mesmo em leves aclives - mais do que isso convém reduzir para 5ª.
Na cidade, o que ajuda a tornar o Onix econômico é justamente entregar boa força até 3 mil rpm (embora o torque máximo só venha a 4.100 rpm), a condição mais frugal deste motor. Assim você não precisa ficar esticando marcha para ele embalar. Também ajuda o câmbio de engates precisos e curtos (só a 2ª às vezes é um pouco mais durinha), aliado a um pedal de embreagem leve e fácil de modular. A direção também é leve e ágil, enquanto a suspensão é ligeiramente firme (mas não bate seca) e os freios respondem a contento, parando o hatch melhor que seus rivais (além de não acusarem fadiga no teste de frenagem). Em suma, se você vai usar mais o carro em ambiente urbano, nem precisa levar a versão turbo.
Nossas andanças já mostravam que o Onix ganha velocidade sem esforço, algo difícil de acontecer nesses 1.0 mais, digamos, crescidinhos. Sim, ele mede 4,16 m de comprimento e pesa 1.049 kg, uma boa missão para seus 82 cv e 10,6 kgfm (etanol). Para efeito de comparação, o Argo 1.0 aposta em apenas duas válvulas por cilindro (6V no total), com foco mais no torque (10,9 kgfm) que na potência (77 cv), mas é o mais pesado do trio (1.105 kg). Já o Polo segue a receita do Onix, com 12 válvulas (4 por cilindro) e a maior potência (84 cv), mas o menor torque (10,4 kgfm) e peso mais próximo do GM (1.058 kg). Fiat e VW, porém, têm somente 5 marchas.
Nas provas de desempenho, o Chevrolet mostrou o valor de seu conjunto com a marcha extra. A aceleração de 0 a 100 km/h levou bons 14,3 segundos, uma marca digna de modelos menores e mais leves, deixando Argo (15,9 s) e Polo (16,8 s) bem para trás. Curioso que a GM colocou uma relação de 3ª marcha que permite passar dos 100 km/h (corta a 104 km/h), o que favorece tanto a medição de 0 a 100 km/h quanto a retomada de 40 a 100 km/h - outra prova na qual o GM abriu boa margem do Fiat e do VW, conforme mostra a tabela abaixo:
Modelo (testes com etanol) | Onix | Argo | Polo |
Aceleração 0 a 100 km/h | 14,3 s | 15,9 s | 16,8 s |
Retomada 40 a 100 km/h | 12,2 s | 13,8 s | 14,7 s |
Frenagem 100 km/h a 0 | 41,7 m | 43,9 m | 43,2 m |
Consumo cidade | 10,0 km/litro | 9,0 km/litro | 9,5 km/litro |
Consumo estrada | 14,2 km/litro | 13,2 km/litro | 13,6 km/litro |
Outra característica que favorece o hatch da GM é oferecer praticamente o mesmos equipamentos das versões mais caras. Esta LT avaliada, por exemplo, tem ajuste de altura e profundidade do volante, banco do motorista com ajuste de altura (que ajudam na ótima posição de dirigir), computador de bordo, trio elétrico, chave presencial, partida por botão, faróis com acendimento automático, rodas de liga aro 15", faróis de neblina, duas portas USB traseiras, multimídia My Link de 7" com Apple Carplay e Android Auto e até carregador de celular sem fio. Na parte de segurança, já vem de série com ESP, assistente de partida em rampas e 6 airbags (frontais, laterais e de cortina). O Argo só tem os airbags frontais e o ESP é opcional, enquanto o Polo ganhou ESP de série na linha 2020, mas ainda deve os airbags de cortina (tem 4 no total).
Levar o Onix 1.0 completão, porém, não sai barato: R$ 60.090, tornando a versão LT Turbo (R$ 62.690) mais interessante. Caso a ideia seja ficar com o Onix aspirado, melhor optar pela LT básica, de R$ 55.790, ou acrescentar o primeiro pacote de opcionais (R7H), de R$ 2.100, que já adiciona câmera de ré, chave presencial, botão de partida e o carregador wireless, totalizando R$ 57.890. É a opção que eu escolheria, se fosse comprar um.
Olhando para a concorrência que selecionamos aqui, temos o Fiat Argo Drive tabelado a R$ 53.190. Mas para colocar o ESP e a multimídia de Uconnect 7" a conta já vai para R$ 57.870 - e ainda fica devendo em recheio para o Onix. Já o Polo MPI parte de R$ 55.890, mas sobe para R$ 60.050 com a multimídia de 6,5", o sensor de estacionamento e as rodas de liga, também ficando aquém do Chevrolet nos equipamentos.
Não que o Onix seja imune à críticas. Seus bancos dianteiros, com o encosto de cabeça integrado, não são dos mais confortáveis, a suspensão poderia ser um pouco mais macia (embora a estabilidade seja muito boa), a frente baixa requer cuidado em valetas e o porta-malas poderia ser maior (275 litros) considerando que o GM é significativamente mais comprido que os rivais. Já outro ponto não chega a ser uma crítica, mas uma preferência pessoal: o quadro de instrumentos é muito sem graça, dando saudade do antigo Onix e seu painel parcialmente digital com o conta-giros analógico em destaque, que tinha visualização muito mais rápida que esse de agora.
No fim, alguns podem argumentar que o Polo tem construção mais caprichada e o Argo oferece um interior mais bacana, mas, no cômputo geral, somando desempenho, eficiência e relação custo-benefício, fica claro que o Onix é atualmente o carro a ser batido nesta faixa de preço, justificando sua folgada liderança nas vendas.
Fotos: autor
Ficha técnica: Chevrolet Onix LT 1.0 2020
MOTOR | dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, comando duplo variável, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 78/82 cv a 6.400; 9,6/10,6 kgfm a 4.100 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio manual de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira, eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | aço aro 15" com pneus 185/65 R15 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS |
PESO | 1.049 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.163 mm, largura 1.746 mm, altura 1.476 mm, entre-eixos 2.551 mm |
CAPACIDADES | tanque 44 litros; porta-malas 275 litros |
PREÇO | R$ 55.750 (R$ 60.050 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (etanol) | ||
---|---|---|
Onix 1.0 aspirado | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,9 s | |
0 a 80 km/h | 9,9 s | |
0 a 100 km/h | 14,3 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em 3ª | 12,2 s | |
80 a 120 km/h em 4ª | 13,5 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 41,7 m | |
80 km/h a 0 | 25,8 m | |
60 km/h a 0 | 14,5 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 10,0 km/litro | |
Ciclo estrada | 14,2 km/litro |
Ouça nosso podcast:
Galeria: Chevrolet Onix LT 1.0 aspirado 2020
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