Foi em novembro que a Audi anunciou a pré-venda da segunda geração do Q3 no Brasil. Naquele momento, conhecemos o carro em uma configuração diferente, com o motor 1.5 turbo que equipa o modelo na Europa e é produzido na Alemanha. Meses depois, agora temos nosso primeiro contato com o "pacote Brasil", importado da Hungria, com o conhecido 1.4 turbo e o câmbio de dupla embreagem com 6 marchas.
Finalmente o Audi Q3 está sobre a plataforma MQB do Grupo Volkswagen. Se você achava o SUV pequeno, a boa notícia é que ele cresceu consideravelmente, ficando 9,7 cm maior em comprimento e 7,8 cm no entre-eixos. Isso significa principalmente mais espaço no banco traseiro e no porta-malas, que agora leva desde 530 litros a 675 litros graças ao uso dos trilhos para movimentar o banco traseiro. Quando o encosto é rebatido, temos 1.525 litros à disposição.
Apesar da mudança de plataforma, o motor é um velho conhecido. O 1.4 turbo de 150 cv e 25,5 kgfm entra no SUV produzido na Hungria como a única opção por enquanto - a Audi diz que terá o 2.0 turbo em um segundo momento, assim como a linha RS. Mesmo não sendo novidade, é um motor ainda moderno, com turbo, injeção direta de gasolina (não é flex como no Q3 anterior nacional) e duplo comando variável. Até o câmbio é o mesmo, o S-Tronic com dupla embreagem banhado a óleo de 6 marchas.
No design, impossível não ver toques de Q8 tanto por dentro quanto por fora. Isso é bom, já que o Q3 é o primeiro depois do SUV coupé a trazer a nova interface MMI, com um software mais intuitivo, completo e com espelhamento de smartphones via Apple CarPlay, além de ter tela sensível ao toque, uma grande evolução quando comparado com a primeira geração. Não há nada que lembre o antigo Q3 na parte de dentro.
Depois de andar no Q3 alemão, posso afirmar que nada muda no húngaro quando falamos em acabamento e qualidade de montagem. E também é incrível como a plataforma MQB acomoda bem o motorista em qualquer modelo e da mesma forma. Se a primeira geração era uma "cadeirinha", a segunda permite deixar o assento mais baixo, com regulagens elétricas nesta versão Black, além de ter um volante com a pega mais cômoda, herdado do Q8. Mesmo não sendo mais tão novidade, o painel digotal Virtual Cockpit ainda cria um ambiente com toque de modernidade.
Na cidade, o Q3 responde como esperado para um motor 1.4 turbo. Os 25,5 kgfm desde 1.500 rpm colocam os 1.580 kg (cerca de 180 kg a mais que a geração anterior) em movimento com facilidade, mas é perceptível que o câmbio S Tronic ficou mais conservador nesta geração. Seja nas saídas ou nas trocas, ele é mais suave e fica mais próximo de um automático convencional. Mesmo com as rodas de 19" da versão Black, o Q3 é confortável e não bate seco nos buracos, resultado de um bom trabalho de tropicalização.
Na estrada, o SUV se comporta conforme o temperamento do motorista. Com seletor de modo de condução, varia do Comfort ao Sport, passando pelo Off-Road, Auto e Individual. Se você quer conforto, ele viaja na velocidade da via mesmo com três adultos a bordo. Porém, se quer mais que isso, espere o Q3 com motor 2.0. O 1.4 até alcança velocidades mais altas, mas o fôlego limitado pede mais atenção nas retomadas e nem adianta esticar muito as marchas. Faça as trocas pouco acima de 5.000 rpm para não perder tempo - ao menos há borboletas no volante.
Ainda assim, a dirigibilidade do novo Q3 impressiona. A direção elétrica segue com uma comunicação afiada, e há pouca rolagem de carroceria e total controle mesmo em uma serra bem estreita com neblina e muita chuva, como pegamos na região de Campos do Jordão. Ele parece pedir um motor mais potente para mostrar do que é capaz, com suspensão e freios de sobra para este motor 1.4 turbo.
Até na terra colocamos o Q3. O modo Off-road no seletor trabalha nas respostas do acelerador, câmbio e desliga o controle de tração e, mesmo sem pneus adequados, fez boa figura em uma estrada de terra batida molhada por horas de chuva. Basta cuidado para não rasgar os pneus de perfil baixo ou raspar o parachoque dianteiro em alguma valeta mais profunda.
Esta é a versão topo Black. Custa R$ 209.990 e chega a R$ 226.990 se colocar o piloto automático adaptativo, interior em Alcantara, pacote de luzes internas configuráveis e pintura metálica. Veja a tabela completa clicando aqui, com o que traz cada uma das versões a venda no Brasil sempre com o mesmo conjunto mecânico.
Sim, poderia ter o motor 1.5 que equipava o carro que andamos em 2019. Mas o 1.4 turbo faz seu papel apesar de às vezes parecer pouco para o Q3. Agora com uma proposta mais familiar, o novo Audi Q3 tem tudo para recuperar a posição de modelo mais vendido da marca no Brasil. Ah, e você não precisa gastar mais de R$ 200 mil, aceite minha dica: a Prestige Plus de R$ 189.990 já vem bem equipada.
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.395 cm3, duplo comando de válvulas variável, injeção direta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
150 cv 5.000 rpm; Torque: 25,5 kgfm de 1.500 a 3.500 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automatizado de dupla embreagem de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira, multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 19" com pneus 235/50 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e ESP |
PESO | 1.580 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.484 mm, largura 1.849 mm, altura 1.585 mm, entre-eixos 2.680 mm |
CAPACIDADES | tanque 60 litros; porta-malas 530 litros |
PREÇO | R$ 209.990 (R$ 226.990 como testado) |
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