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Teste: Ford Ranger Limited 2020 - Poucas e boas

Assim foram as mudanças da picape, que estreia leve tapa no visual e ficou mais confortável

Ford Ranger 2020

Se começarmos a nomear todas as picapes clássicas da Ford, ficaríamos alguns minutos (e linhas) aqui. A empresa de Henry Ford é uma das mais tradicionais quando falamos em picapes, inclusive sendo líder de mercado nos Estados Unidos com a F-150. A Ranger faz parte deste hall da fama e, depois de voltar ao mercado americano, é hora da versão sul-americana se atualizar.

Não espere, porém, pelo mesmo visual do modelo dos EUA. A Ranger feita na Argentina se inspira na australiana e traz mudanças estéticas bem leves. Os mais atentos perceberão uma nova grade dianteira e um novo para-choque, com desenho mais limpo. As rodas da versão Limited ganharam acabamento em cinza diamantado (mantendo o desenho e as 18 polegadas). Ainda no design, o interior recebe nova manopla de câmbio e novas cores no acabamento, trocando o cinza claro pelo preto. 

Mas a Ranger 2020 é mais do que um simples redesenho na dianteira. Quem já dirigiu esta geração da Ranger (datada de 2013 com uma reestilização em 2017) sabe que ela era, em português claro, mais dura que suas concorrentes. Por mais que acertar a suspensão de uma picape média seja um trabalho árduo para a engenharia, aos poucos elas estão ficando mais confortáveis. 

Molas e amortecedores foram recalibrados e cada versão tem seu ajuste por peso em ordem de marcha e capacidade de carga. A barra estabilizadora foi redesenhada, em nova posição, e todos os coxins, de suspensão, motor e carroceria, foram revistos. Com isso, a Ranger ganhou maior curso de suspensão, o que resulta em mais conforto aos ocupantes. 

Ford Ranger 2020

Na prática, a Ranger evoluiu em um dos pontos mais criticados. Na cidade, ficou bem mais sociável ao passar em buracos e valetas, inclusive para os passageiros do banco traseiro, turma que sofre em picapes médias por causa da suspensão traseira por eixo rígido. A direção elétrica não sofreu mudanças e continua leve para manobras, mas com pouca comunicação com o motorista em velocidades mais altas. Pelo menos traz o item, algo que apenas ela e a S10 oferecem - as demais ainda estão na época da bomba hidráulica.

Na estrada, apesar de balançar mais, a Ranger ainda responde com boa estabilidade diante de seu segmento. O motor 3.2 turbodiesel, com 5 cilindros, rende 200 cv e 47,9 kgfm de torque, e até instiga com um ronco mais nervoso que os 4 cilindros da concorrência, mas o câmbio automático de 6 marchas parece segurar seu apetite. Mesmo trabalhando com um motor de elevado torque em baixas rotações, a transmissão (que foi reprogramada) insiste segurar marchas sem necessidade, o que prejudica o consumo. Na cidade, a picape registrou 7,8 km/l na melhor média, enquanto na estrada marcou 11,8 km/l. Mostrou melhora em comparação com a versão anterior na estrada (11,1 km/l), mas uma piora na cidade (era 9,2 km/l).

Na terra batida, onde o comprador da Ranger usará a picape para ir a seu sítio ou fazenda, a suspensão mais macia melhorou o controle mesmo com a tração 4x4 desligada. O motorista briga menos com o volante e pode até abusar um pouco da velocidade que mesmo assim os ocupantes não pularão como pipoca na panela. O sistema de tração foi mantido, com 4x2 (traseira) 4x4 e 4x4 reduzido com blocante eletrônico do diferencial traseiro. 

Na relação motor e câmbio, a engenharia trabalhou nas trocas de marchas, que ficaram mais suaves e rápidas. Por isso, levamos a Ranger para nossa pista de testes, onde ela mostrou melhora significativa apenas na retomada de 40 a 100 km/h (8,4 s contra 9,0 segundos), mas uma piora de 80 a 120 km/h (8,0 s contra 8,9 segundos). A aceleração de 0 a 100 km/h ficou em 11 s, boa marca, mas longe das rivais rápidas como S10 e Amarok V6.  

A Ranger se destaca mesmo é na tecnologia. Entre as picapes médias, é a única com piloto automático adaptativo capaz de ler placas de sinalização, aviso de saída de faixa com ação no volante, e alerta de colisão com frenagem automática. Ainda trouxe do Fusion mimos como o painel com duas telas TFT e até luz ambiente configurável, além do ar-condicionado de duas zonas. O sistema multimídia é o SYNC 3, com espelhamento de smartphones via Apple CarPlay e Android Auto. São sete airbags nesta versão Limited, além dos controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas e assistente de descida.

Apesar de não vender como Chevrolet S10 e Toyota Hilux, a Ford Ranger é a que melhor compõe a relação entre uso no asfalto e na terra. Agora mais confortável, ficou mais amigável para a cidade, cheia de assistentes para a estrada, sem perder a boa capacidade fora-de-estrada. Até no peso da tampa da caçamba a Ford trabalhou, colocando uma mola para a tampa ficar mais leve para abrir e fechar com uma mão, além de trava elétrica - apesar da ausência da capota marítima até neste versão Limited.

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Nos preços, a boa notícia é que a Ford Ranger Limited 2020 mantém a tabela de 2019, custando R$ 188.990, ou menos que os R$ 195.490 da Chevrolet S10 High Country e os R$ 201.390 da Toyota Hilux SRX, mesmo mais equipada e com garantia de 5 anos. Agora que picapes e SUVs são a prioridade da Ford, ter uma Ranger mais competitiva é fazer bem a lição de casa.

Fotos: divulgação e Leo Fortunatti

Ficha Técnica - Ford Ranger Limited 2020

MOTOR dianteiro, longitudinal, 5 cilindros, 20 válvulas, 3.198 cm3, turbo e intercooler, diesel
POTÊNCIA/TORQUE

200 cv a 3.000 rpm; 47,9 kgfm de 1.750 a 2.500 rpm

TRANSMISSÃO câmbio automático de 6 marchas, tração 4×2 (traseira), 4×4 e 4×4 com reduzida
SUSPENSÃO independente com braços sobrepostos e molas helicoidais na dianteira e eixo rígido com feixe de molas na traseira
RODAS E PNEUS liga-leve aro 18" com pneus 265/65 R18
FREIOS discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e ESP
PESO 2.261 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 5.354 mm; largura 1.860 mm; altura 1.848 mm; entre-eixos 3.220 mm
CAPACIDADES volume da caçamba 1.180 litros, carga útil 1.002 kg, tanque 80 litros
PREÇO  R$ 188.990
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (diesel)
    Ford Ranger 3.2 TD AT6
  Aceleração  
  0 a 60 km/h 4,7 s
  0 a 80 km/h 7,3 s
  0 a 100 km/h 11,0 s
  Retomada  
  40 a 100 km/h em S 8,4 s
  80 a 120 km/h em S 8,9 s
  Frenagem   
  100 km/h a 0 41,6 m
  80 km/h a 0 26,3 m
  60 km/h a 0 14,8 m 
  Consumo  
  Ciclo cidade 7,8 km/l 
  Ciclo estrada 11,8 km/l

Galeria: Ford Ranger 2020

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