Entro em uma curva fechada, com uma queda acentuada e sem guard rail, e dou um toque rápido no freio. Os pneus dianteiros reclamam e a traseira balança um pouco. A velocidade reduz e eu engato a segunda marcha. Vamos lá, carro! Está demorando muito para retomar a velocidade.
É isso que eu esperava do novo Toyota Supra, a tão aguardada quinta geração do mais venerado esportivo da marca? Não, mas eu não estava dirigindo o Supra. Eu estava com o seu irmão menor, o Toyota GT86, perseguindo um Supra no Circuito del Jarama, perto de Madri, na Espanha.
Lógico, eu estava exigindo muito de mim e do 86 com seu motor boxer aspirado de 205 cv, que não é páreo para o seis cilindros em linha 3.0 turbo do novo Supra. Assim, vejo o Supra se afastar. Ele veste um envelopamento para esconder as principais linhas da carroceria, mas não há como esconder a aceleração ou como o esportivo devora as curvas. Um conjunto de pneus Michelin Pilot Super Sport seguram o Supra, e como ele cola no asfalto.
Não me entenda mal, mas estava me divertindo ao perseguir o novo esportivo, especialmente pelas trocas de marchas do câmbio manual. E isso infelizmente não encontrei no Supra, que tem apenas o câmbio automático de 8 marchas. De vez em quando, o motorista da frente segura o ritmo um pouco, permitindo que eu o busque. Estou suando de tanto esforço. Mas agora é hora de encostar e trocar os carros. E aqui começa a verdadeira diversão.
A julgar pela pela fama em vídeo games como o Forza Motorsports e Gran Turismo, além da popularidade no "Velozes e Furiosos", você deve pensar que o Supra só existiu na última década. Mas a história do Supra começa em 1978 e vai até em 2002, quando então ele passou 16 anos dormindo.
Mas os entusiastas ainda cobiçam o Supra, a ponto de a quarta geração ser sonho de consumo da maioria dos fãs da Toyota. Conhecido internamente como A80, ele era disponível com motor seis cilindros em linha biturbo (conhecido como 2JZ-GTE pela Toyota), com 320 cv, e câmbio manual de 6 marchas fornecido pela Getrag, além de uma enorme asa traseira. O Supra aparentava ser malvado e seu desempenho concordava com isso.
Mas o A80 também foi o mais caro Supra. Assim como seu concorrente direto, o Nissan Z, o preço e a complexidade do carro foram aumentando com o tempo. No seu último ano nos Estados Unidos, 1998, a versão Turbo chegou aos US$ 40 mil. Mesmo assim, os fãs do Supra clamaram pelo seu retorno.
Passaram-se 20 anos desde que o último Supra foi vendido nos Estados Unidos, e agora o icônico modelo esta próximo de voltar em uma totalmente nova geração. Em qualquer parte, não há qualquer conexão entre o antigo e o novo, chamado internamente de A90, um carro construído e projetado em parceria com a BMW (que fez o novo Z4).
Enquanto o exterior do Supra e do Z4 são bem diferentes (mesmo quando camuflados), os pontos principais do interior são os mesmos. O motor 3.0 turbo de seis cilindros em linha e a transmissão são da BMW. Até mesmo os acabamentos são derivados dos alemães.
Este motor é compartilhado com o Z4 M40i, embora a Toyota não fale sobre isso. Mesmo que a marca tenha nos dado a oportunidade de dirigir o novo Supra, a empresa escondeu todas as especificações - incluindo potência. O representante da Toyota diz que informação deverá vir no fim do ano, e executivos apenas dizem que o seis em linha "tem mais de 300 cv". Certo, ele deve ao menos ter os mesmos 340 cv e 50,1 kgfm de torque do Z4 M40i.
Quando começar a ser vendida nos Estados Unidos, a versão de lançamento terá diferencial eletrônico e suspensão ativa. Não há esterçamento das quatro rodas ou tração integral. Masayuki Kai, o engenheiro-chefe assistente do Supra, diz que a empresa está "estudando" um número de potenciais opções. Desde motores menores e maiores, um teto removível (tipo targa), e até mesmo câmbio manual.
"Tecnicamente, o câmbio manual é possível", disse Kai-san. "Mas com este motor de alto torque, é difícil ter boas trocas. Você não quer se sentir dirigindo um caminhão. Mas claro que é possível, só depende das respostas do mercado".
Pelo Circuito del Jarama, rapidamente achei o coupé intuitivo e fácil de dirigir rápido. A distribuição de peso 50/50 entre os eixos (outra coisa típica da BMW) fica bem evidente. Mas o maior charme do Supra é que ele não tem ambições de supercarro. Ele é rápido, mas não do tipo que bagunça o cérebro. É o tipo de carro que você quer ter em uma estrada, não se preocupando se seu amigo quiser o dirigir também. Com peso de menos de 1.540 kg e os números de potência estimados, o Supra ainda é um esportivo divertidamente acessível.
Saindo do 86 para o Supra, ligo o carro em busca do ronco. Não há muito barulho do motor, infelizmente, e alguns sons vem pelos falantes internos, um truque vindo da BMW. Alguns pontos do interior ainda não estão finalizados, disse a Toyota. Dentro do meu carro estavam coisas escondidas com material camuflado.
Sem problemas. O que queremos agora é ver como ele anda. Agora, o 86 está atrás de nós, brigando para se manter próximo. Coloco o Supra no modo manual, que habilita trocas rápidas, mas não impressionantes. A direção é precisa, mas ele é mais Toyota que BMW - melhor comunicação com a via cairia bem.
A posição de dirigir é excelente, com bancos confortáveis e de suporte firme ao mesmo tempo. A suspensão adaptativa perdoa até mesmo lombadas, mas os freios da Brembo nos dá menos confiança que gostaríamos. A Toyota diz que ainda está trabalhando em detalhes como os freios. Imagino que será bem melhorado antes do carro ser vendido.
E aqui vou eu me aproximando de outra curva fechada. Mais uma vez com uma queda na lateral e sem guard rail. Embora não tenha passado muito tempo com o Supra, já sei que não preciso ficar nervoso ao pisar no freio dessa vez. Dou mais acelerador, viro o volante e pronto.
Desculpas ao amigo atrás com o 86. Prometo que encostarei na lateral da pista para deixar você me alcançar...
Fotos: divulgação
Toyota Supra Prototype 2019
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