A Hyundai está imersa em um enorme processo de renovação de seus veículos. Tanto é que, na Europa, atualmente 90% da gama da empresa tem menos de dois anos. Um dos últimos a ser renovado foi o hatchback i20 2018. E o interesse dos brasileiros nele reside no fato de que o próximo HB20 nacional tem tudo para se inspirar neste carro.
O HB20 nasceu em 2012 com uma plataforma modificada do i20 europeu, porém adaptada à realidade do mercado nacional - ou seja, para condições mais severas de piso e menos favorecidas em termos de dinheiro. O resultado, sabemos bem, foi um estrondoso sucesso de vendas, que incluiu ainda as versões sedã HB20S e aventureira HB20X.
Passados seis anos, o HB20 não tem mais o mesmo pique nas lojas, e a reestilização de 2016 foi bem mais sutil do que a mudança que a GM fez no Onix, seu principal rival. Hoje, além de não acompanhar o Onix nos emplacamentos, o HB20 sofre a ameaça do Ka, que será renovado em agosto e promete partir para cima de vez do Hyundai. A solução, porém, já está a caminho: a segunda geração do HB20 está sendo desenvolvida e deverá chegar às lojas até 2020.
Para ter uma ideia de como o modelo poderá ficar, demos uma volta no novo i20 europeu por meio dos nossos colegas do Motor1.com Espanha. Por lá, o i20 2018 abandonou os motores a diesel e estreou uma transmissão de dupla embreagem e 7 marchas, além de inéditas tecnologias de segurança.
Em termos estéticos, o novo i20 adota a nova filosofia de design da marca, com uma nova grade em forma de "cascata", como denomina a própria fabricante. Os faróis principais também ganham novo formato (que parecem uma evolução dos faróis do HB20) e a carroceria se beneficia de elementos exclusivos, como teto solar panorâmico e combinação de duas cores. O destaque, neste aspecto, fica para a coluna traseira na cor preta, como no Nissan Kicks e no Toyota Yaris hatch.
Na Espanha, o I20 é oferecido em versões de 2 e 4 portas, além da aventureira Active, com proteções na parte inferior do carro e barras longitudinais no teto. Estão disponíveis 17 combinações de cor, mescladas com rodas de 16" ou 17", em função do acabamento escolhido. Por aqui, o HB20 usa aros 15" na maioria das versões, apesar de a Hyundai já ter mostrado versões conceituais com aros 17" no último Salão do Automóvel, em 2016.
Como vem acontecendo nos compactos mais recentes, como o VW Polo, o i20 supera os 4 metros de comprimento - são exatos 4,03 m, com 1,73 m de largura, 1,47 m de altura e 2,57 m de entre-eixos. Para enfrentar os novos rivais, espera-se que o HB20 também siga esse crescimento, lembrando que o carro atual mede 3,92 m de comprimento, 1,68 m de largura e 1,47 m de altura, com entre-eixos de 2,50 m. Assim, o espaço interno foi favorecido, melhorando especialmente a acomodação no banco traseiro. O porta-malas é de 326 litros, contra 300 litros do hatch nacional.
Por dentro, o painel tem desenho moderno e bem estruturado, com a parte central incorporada no estilo cockpit, bem diferente do HB20. A central multimídia fica perfeitamente integrada e, graças aos botões de atalho, permite manejar diferentes funções com facilidade. Além disso, os instrumentos são compostos por dois visores analógicos separados por uma tela digital para o computador de bordo, com boa visibilidade.
O banco do motorista oferece boa comodidade, com diversas regulagens que permitem adotar uma postura relaxada ao volante independentemente da altura do condutor. Já o isolamento acústico da cabine é correto e ajuda a gerar uma atmosfera de conforto.
Na mecânica, a Hyundai aposta tudo nos motores a gasolina. Todas as versões passam a vir com sistema start-stop (indisponível no HB20), começando pelo propulsor 1.2 de 4 cilindros com 84 cv ligado ao câmbio manual de 5 marchas. Por aqui, o HB20 manterá o 1.0 aspirado de 3 cilindros no modelo de entrada, por conta da legislação brasileira que cobra imposto menor para propulsores de até 1 litro. Pode haver mudanças para menor consumo, como, por exemplo, a chegada do start-stop.
Nas versões mais caras, o i20 adota o 1.0 tricilíndrico T-GDI, com turbo e injeção direta, que entrega 100 ou 120 cv dependendo da versão. Pode ser combinado a um câmbio manual de 6 marchas ou automatizado de dupla embreagem e 7 marchas. Vale lembrar que o HB20 oferece motorização 1.0 turbo, com 105 cv. Mas, sem injeção direta, essa versão não fez sucesso por conta do consumo mais alto que o do motor 1.6 aspirado. Fica a dúvida se a Hyundai brasileira vai adotar a injeção direta, para ficar no mesmo patamar do 1.0 TSI da Volkswagen, ou preferirá seguir apostando no 1.6 atual.
Já quanto à transmissão de dupla embreagem, achamos que há poucas chances de ser adotada no HB20, por duas questões: custos e histórico de problemas em sistemas semelhantes de marcas rivais, que acabaram por manchar a imagem deste tipo de câmbio em nosso mercado. Por isso, o mais provável é ser mantida a atual caixa automática de 6 marchas.
Outras novidades do modelo coreano-europeu estão no pacote de segurança denominado SmartSence, que inclui os assistentes de manutenção de faixa e frenagem automática de emergência, além do alerta de cansaço para o condutor e do farol alto automático. Em matéria de conectividade, estão presentes as conexões Apple Car Play e Android Auto. Nisso o HB20 vai até mais longe, oferecendo também TV digital. Fica a dúvida quanto a esses itens de segurança mais avançados, mas certamente passarão a ser oferecidos os controles de tração e estabilidade - hoje não disponíveis nem nas versões mais caras.
Durante um breve test-drive pelas estradas ao redor de Madri, tivemos a oportunidade de conduzir um i20 equipado com motor 1.0 T-GDI e câmbio 7DCT. A primeira impressão de destaque é a suavidade e rapidez com que atua esta transmissão, sendo um elemento imprescindível para extrair o melhor rendimento do motor tricilíndrico, que por sua vez não vibra muito.
Oficialmente, a Hyundai declara consumo médio de 19,2 km/l - valor que ficou em 17,8 km/l durante nossa avaliação, uma marca inferior à divulgada, mas ainda assim muito boa para um compacto a gasolina.
Na parte de chassi, as mudanças foram leves: uma direção mais precisa e "comunicativa", segundo a Hyundai, além de uma suspensão revisada para melhorar o nível de conforto. No geral, o i20 é um carro que não chega a ser referência em nenhum aspecto, mas que cumpre de maneira equilibrada todas as funções. É cômodo e estável na estrada, fácil de manobrar e com boa visibilidade na cidade. No entanto, não é tão ágil ou preciso quanto um Ford Fiesta ou VW Polo.
Voltando ao HB20, também há espaço para evoluções na dinâmica. Comparado aos rivais Onix e Ka, o Hyundai é claramente o menos equilibrado e com a direção mais "boba" do trio. Quem sabe na próxima geração a Hyundai faça um acerto melhor? A resposta deverá chegar em no máximo dois anos.
Adaptação: Daniel Messeder
Fotos: Motor1.com Espanha
Hyundai i20 5p 1.0 T-GDI 100 CV 7DCT Tecno
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