Já dirigimos Volkswagen Jetta 2019 - A melhor safra do sedã
A sétima geração ficou maior e mais refinada do que nunca. Será que agora desbanca Corolla e Civic?
Agora na sétima geração, o VW Jetta 2019 é a primeira versão do sedã a usar a plataforma modular MQB. Os apaixonados por carros e fãs da VW provavelmente já sabem o que isso significa, então permita-me explicar para os demais: este Jetta é a maior, mais espaçoso, mais equipado, mais eficiente e mais barato (pelo menos aqui nos EUA) do que o anterior. Muito bom, não é?
Nem tudo está ligado à arquitetura do veículo, é claro, mas os benefícios da base MQB, junto com um plano de ataque esperto para o momento vivido pelo segmento de sedãs médios, pode fazer com que este Jetta cresça nas vendas para brigar pela liderança. Pelo menos, se você prefere um sedã do que um SUV - e que Deus te abençoe por isso - o modelo 2019 merece uma visita a uma concessionária da Volkswagen.
Como sempre, conhecer o Jetta começa pelos olhos. Muitos irão enxergar o sedã e suspirar aliviados, por não ser um carro tão exagerado, mas sem parecer demais com os outros modelos da marca, considerando a dificuldade das fabricantes em diferenciar seus veículos. O Civic, por mais que eu goste de seu design, não agrada a todos os públicos. Este sedã da VW, em compensação, com suas linhas fortes, perfil limpo e faróis com elementos afiados, é belamente conservador. Tem uma "cara" um pouco exagerada, mas longe do nível de alguns concorrentes.
Dirigi a versão intermediária R-Line do Jetta pela maior parte do dia e achei que é a mais atraente. A grade preta e as capas dos retrovisores ajudam a deixar o carro com uma face mais esportiva, enquanto as rodas de 17 polegadas - embora ainda pareçam pequenas - têm o meu design favorito de toda a linha do sedã. O modelo topo de linha SEL (equivalente ao Highline brasileiro) ganha grade cromada, que passa a sensação de ser uma alternativa de baixo custo a um Audi.
Por dentro, a diferença entre as versões é mais sensível. O desenho do painel e os materiais usados são bem alemães, sóbrios e acima do aceitável. Os bancos de couro em dois tons do R-Line não fazem meu gosto, porém é mais por serem muito retos e não ajudarem a me manter no lugar durante curvas mais rápidas do que por questões estéticas (muitas outras pessoas que andaram no sedã gostaram do visual dos assentos).
A tecnologia dá um grande salto entre as versões SEL (US$ 24,415, equivalente a R$ 83.748) e SEL Premium (US$ 26,945, cerca de R$ 92.426). Gosto dos mostradores analógicos do Jetta básico, mas o SEL te convence por usar o painel digital Active Info Display, a versão da VW para o Audi Virtual Cockpit. Assim como no Polo e Virtus, o Jetta fica com uma tela de 10,25 polegadas que pode ser configurada para mostrar de tudo, desde uma visão completa do mapa do GPS até informações da música que estamos escutando. A variante mais cara do sedã recebe uma central multimídia com tela de 8 polegadas, no lugar da padrão de 6,5 polegadas, com uma interface maior e mais clara ao utilizar o Apple CarPlay ou Android Auto.
O novo Jetta também é mais espaçoso do que nunca. O comprimento total do carro cresceu 4,3 centímetros, enquanto o entre-eixos está 3,3 cm mais longo. Boa parte deste aumento foi dedicado a ampliar o espaço da cabine. A Volkswagen aumentou a área para os bancos dianteiros e traseiro em praticamente todas as dimensões. No mundo real, isso significa que eu, com 1,98 m de altura, posso sair do banco do motorista ajustado para mim e sentar no banco traseiro, embora com um pouco de desconforto. Quatro adultos com 1,80 de altura terão espaço de sobra.
O volume do porta-malas não é tão generoso quanto o do Civic e alguns outros do segmento, mas os 510 litros são flexíveis o suficiente para a maior parte das necessidades normais do dia-a-dia, além de contar com bancos que podem ser rebatidos como item padrão.
Na hora de dirigir, a experiência tem uma leve variação dependendo da versão usada. Por enquanto, todos os Jettas disponíveis nos EUA e México usam o motor 1.4 turbo de quatro cilindros em linha, com saudáveis 25,5 kgfm de torque e uma potência apenas razoáveis de 150 cv. No Jetta S mais básico (equivalente a um Trendline), você pode escolher entre o câmbio manual de 6 marchas ou um automático de 8 marchas (nada de DSG). No México foi mantida a transmissão automática de 6 marchas, o que pode (e deve) significar que o mesmo acontecerá no Brasil, já que o carro virá de lá.
A potência de 150 cv é baixa na comparação com outros sedãs médios com motores turbo do mercado, como Civic, mas o torque está entre os melhores do segmento. Então, mesmo com um peso total perto dos 1.360 kg, o Jetta parece rápido o suficiente onde importa: entrar em vias, ultrapassar e acelerar linearmente. Aqueles que desejam mais emoção terão que esperar pelo Jetta GLi com motor 2.0 TSI de 220 cv do Golf GTI.
O verdadeiro benefício do motor 1.4 TSI vem no consumo de combustível, já que o novo Jetta tem um rendimento impressionante de 12,7 km/l na cidade, 17 km/l na estrada e 14,4 km/l no consumo combinado (tanto para o manual quanto automático). Eu realmente acredito que estes números são possíveis na vida real; no longo e difícil test-drive pelo estado da Carolina do Norte, o computador de bordo estava pouca coisa abaixo do consumo estimado. Apenas alguns modelos fora da curva, como Ford Focus 1.0 turbo e Hyundai Elantra Eco, conseguem empatar ou superar essa marca.
A sensação que o Jetta passa na rua é de ser mais sólido e grudado ao chão do que os outros sedãs médios. O carro anda bem, pelo bom ajuste da suspensão e o excelente isolamento acústico, mesmo em velocidades por volta dos 130 km/h. Nossa rota de teste não tinha muitas curvas, mas o sedã mostrou que o volante tem bom peso e passa segurança durante as manobras. A direção do Jetta não é tão rápida quanto a do Civic, mas o equilíbrio dela é soberbo.
As saídas das curvas são melhores no Jetta R-Line, por ser equipado com o diferencial XDS com vetorizador de torque, assim como no Golf GTI. Estranhamente, o pacote do R-Line não oferece o mesmo modo Sport encontrado nas versões SEL e SEL Premium, uma omissão que nem mesmo os executivos da VW não conseguiram explicar. Ainda assim, o diferencial é ótimo e ajuda a sair da curva com mais velocidade, embora eu acredite a maioria dos clientes que escolherem o R-Line o farão mais pelo design do que pelas melhorias mecânicas.
O Jetta 2019 começa a ser vendido agora nos EUA, com preços agressivos a partir de US$ 18.545 (R$ 63.613). A chegada ao Brasil será no segundo semestre, ainda sem estimativa de valores. Os sedãs médios podem estar perdendo espaço para os SUVs compactos, mas os compradores que procurarem por carros com bom preço, dinâmica acertada e excelente rendimento energético irão encontrar uma boa alternativa ao Toyota Corolla e Honda Civic.
Fotos: divulgação
Galeria: Volkswagen Jetta 2019 - Primeiras impressões
Volkswagen Jetta
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