Foram tantos os lançamentos que a VW prometeu para este ano que o Passat pegou a gente de surpresa. Passat? Sim, a linha 2018 do sedã de luxo chegou com novidades na parte de multimídia. Pouco, mas o suficiente para colocá-lo na mídia novamente. Vendido em versão única, Highline, o Passat não é exatamente o primeiro carro que você pensa quando quer gastar cerca de R$ 160 mil em seu novo automóvel. Mas, para quem aprecia a combinação de conforto e desempenho sem chamar a atenção, ele é uma opção seríssima a ser considerada.
No corpo de um sedã familiar, o Passat guarda o mesmo conjunto de motor e câmbio do Golf GTI. Ou seja, são 220 cv e 35,7 kgfm de torque vindos do 2.0 TSI (EA888, diferente do EA211 do Jetta, de 211 cv), com dupla injeção de combustível, duplo comando variável e turbo, ligado ao câmbio DSG com caixa úmida de dupla embreagem e 6 marchas. Coloque isso na plataforma MQB (a mesma do Golf), com direito a suspensão independente nas quatro rodas, e tenha um conjunto azeitado para quem gosta de acelerar.
Na linha 2018, não há novidades visuais. O Passat continua com um estilo sóbrio, quase discreto, como a maioria dos Volkswagen. O destaque fica para a nova central multimídia "Discover Pro", com tela de 9,2" e comandos por gestos. Tem funções suficientes para passar horas explorando, incluindo uma tela para monitorar a pressão do turbo, temperatura de óleo, potência utilizada e uma outra tela para cronometrar tempos de volta. Cronômetro de volta em um Passat? Sim, ele é um sedã temperado.
A principal missão do Passat é ser confortável. Afinal, seu papel é brigar com BMW Série 3, Mercedes-Benz Classe C, Audi A4 e Ford Fusion, atraindo compradores com perfil profissional (e bolso) mais avançado. Para colocar a comodidade do sedã à prova, fiz uma viagem de 700 km em apenas um dia, com quatro adultos até o interior de São Paulo. O maior desafio era manter todos "inteiros", principalmente motorista, já que o dia de estrada seria longo.
Aos passageiros, amplo espaço interno. No banco traseiro, o suficiente para descansar duas pessoas, tanto na medida de ombros quanto na das pernas. Ajudaram o banco confortável, saída de ar-condicionado com ajuste de temperatura individual (poderia ter de intensidade) e tomada 12V para carregar o smartphone. Na estrada, a suspensão não deixa a carroceria balançar, nem mesmo com a traseira carregada.
Para os dois da dianteira, é impossível não reconhecer o Passat como produto da plataforma MQB. Para o passageiro, banco elétrico abraça bem o corpo e o do motorista tem até massageador, além de um sistema que recua automaticamente o banco para facilitar o desembarque. O acabamento traz detalhes esportivos, com direito a aço escovado e relógio analógico cravado no meio do painel. Já os comandos do ar-condicionado denunciam a certa idade do Passat, pois usam os mesmos botões que encontramos desde o antigo Jetta 2.5.
Logo acima, temos a nova central multimídia. Além da tela enorme, possui HD interno com 60GB de capacidade e espelhamento de smartphones (Apple CarPlay e Android Auto), junto com o navegador GPS. A qualidade do som, com canal central, impressiona, mesmo não sendo assinado por alguma grife. Só que a operação por gestos é limitada, e às vezes não entende o comando de primeira. Melhor ficar mesmo com o toque, já que a central é rápida para entender os comandos.
Ao motorista, a melhor parte. Além do painel com tela TFT configurável (mais complicado e com menos funções que o de Virtus e Polo), o conjunto mecânico do Golf GTI deixa a condução divertida. Na cidade, o Passat é como seu perfil manda. Calmo, principalmente quando usamos os modos de condução "Eco" e "Comfort", e leve de dirigir. O consumo também agrada, com 10,5 km/l e acima dos 15 km/l na estrada, sempre com gasolina. A suspensão "bate" um pouco nos buracos, mas, tudo bem, alguns Mercedes e BMW fazem o mesmo.
No modo Sport, o Passat quer ser um GTI. Observe a aceleração de 0 a 100 km/h. Com 7,1 segundos em nosso teste instrumentado, foi apenas 0,6 segundo mais lento que o hatch, que é mais leve e tem controle de largada. O 2.0 TSI trabalha com 1,2 bar de pressão e o câmbio DSG faz as trocas bem rápidas. Pena que o sedã não permite desligar o controle de tração, já que ele poderia ter números ainda melhores se não fossem os cortes do sistema.
Leve o Passat ao limite nas curvas e se surpreenda com um carro "na mão", que demora para encontrar seu limite, deixando o controle de estabilidade apenas para situações realmente críticas. Mesmo assim, apenas a frente arrasta, mantendo a traseira no lugar. Pise no freio e veja os 1.500 kg irem dos 100 km/h a zero em 38,8 m, uma boa marca, sem fadiga do sistema mesmo após algumas passagens.
O Passat tem ainda o piloto automático adaptativo, bastante inteligente e com atuação suave, que foi bastante importante na longa viagem. Os faróis de LED adaptativos possuem farol alto automático e iluminam muito bem na estrada, garantindo ótima visibilidade. Apenas o sistema de frenagem automática (tanto para carros quanto para pedestres) é um pouco "desesperado", atuando precocemente em situações sem riscos. Já o detector de fadiga funciona a contento. Afinal, depois de 550 km rodados, ele pediu para trocar de motorista ou, ao menos, parar para tomar um café.
A Volkswagen tomou uma sábia decisão ao reduzir o preço do Passat Highline para R$ 164.620 na linha 2018. De todos os itens que citei no texto, além da tampa do porta-malas elétrica, todos são de série. Apenas o teto-solar e a pintura metálica são cobrados à parte. Mesmo com a chegada do novo Jetta no segundo semestre, o Passat ainda manterá a posição de topo entre os sedãs da marca.
A questão é que, pela grana do Passat, muitos consumidores já preferem ter o status de um logotipo mais nobre na carroceria - o que explica as as vendas tímidas. Um Audi A4 Attraction, por exemplo, não custa nem R$ 5 mil a mais...
Segunda opinião: O Passat era o único carro da atual linha VW que eu não havia dirigido. Então, para mim, a central multimídia não era a única novidade do sedã. Por sinal, achei que ela tem tanta função que acabou ficando difícil de usá-la. Não consegui achar, por exemplo, onde desativar o recuo automático do banco do motorista. O painel digital também é mais complicado de usar que o do Virtus. Não é possível ter, ao mesmo tempo, o velocímetro digital e o consumo médio, embora uma função não tenha nada a ver com a outra. Em movimento, o Passatão é gostoso de guiar, tipicamente alemão. Rápido, silencioso, bem postado à estrada. Esse conjunto de motor 2.0 TSI e câmbio DSG de 6 marchas é uma das melhores coisas que a VW já fez na vida. Mas não espere desse carro a mesma qualidade de rodagem e conforto do Audi A4. Feito sobre a MQB do Golf, não tem o mesmo nível de refinamento da MLB do Audi. Por essas e outras, não deixaria de comprar o A4 para levar um Passat, mesmo sabendo que eu teria menos equipamentos e possivelmente uma manutenção mais cara. - Daniel Messeder
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.984 cm3, duplo comando com variador de fase, injeção direta e indireta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
220 cv de 4.500 a 6.200 rpm; 35,7 kgfm de 1.500 a 4.400 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automatizado de dupla embreagem, 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 18" com pneus 235/45 R18 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS e EBD |
PESO | 1.499 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.767 mm, largura 1.32 mm, altura 1.476 mm, entre-eixos 2.791 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 586 litros, tanque 66 litros |
PREÇO | R$ 164.620 (R$ 171.740 como testado) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
VW Passat 2.0T | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,7 s | |
0 a 80 km/h | 5,1 s | |
0 a 100 km/h | 7,1 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em D | 4,7 s | |
80 a 120 km/h em D | 4,0 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 38,8 m | |
80 km/h a 0 | 24,3 m | |
60 km/h a 0 | 13,8 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 10,5 km/l | |
Ciclo estrada | 15,6 km/l |
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