Primeiras impressões Audi SQ5 2018 - Sabor extra

Quando testamos o Audi Q5 (veja aqui o comparativo com o Volvo XC60), o desempenho dele já surpreendeu. Com 252 cv no 2.0 turbo para levar 1.720 kg, além de um equilíbrio dinâmico que faz jus aos demais modelos da marca alemã, ele deixou o rival Volvo XC60 comendo poeira. Mas para alguns isso não é suficiente. Se você é uma dessas pessoas (e também tem uma conta bancária generosa), agora chegou o Audi SQ5, versão esportiva do SUV médio da Audi.

O que é?

O grande diferencial do SQ5 para o Q5 é o motor. Sai o 2.0 turbo de 4 cilindros e entra o V6 (EA-837) 3.0 turbo, com 354 cv e fartos 51 kgfm de torque desde as 1.370 rpm. A transmissão também é automática com 8 marchas, mas a tração quattro, neste caso, é full time, ou seja, não há como desligar - diferentemente do Q5, que pode deixar a força totalmente no eixo dianteiro. 

O SUV é o primeiro a adotar este V6 no Brasil - ele ainda chegará aqui com o sedã S4. Veja na ficha técnica (no fim da reportagem) que a faixa de torque e potência são bastante extensas e se complementam, dando a sensação de aceleração constante, mesmo em um carro de quase 2 toneladas. A primeira novidade do propulsor é a adoção do comando com variador de fase na admissão, com movimentação lateral por sistema hidráulico controlado pela central do motor. Após as 3.000 rpm, ele muda para um came mais "bravo", com maior abertura das válvulas. 

Outra diferença é a adoção de um turbo de duplo fluxo. Instalado entre as bancadas de cilindros, ele encurta o caminho dos gases, além de ter dois acessos desses gases, desenhados conforme a sequência de combustão do motor, acelerando as respostas e diminuindo o "turbo lag". A pressão de trabalho é de 2,3 bar. 

Lógico que a parte de suspensão, freios e direção foram calibradas para esta dose a mais de potência e força. Manteve a estrutura com cinco braços nas quatros rodas e molas a ar, já bastante eficiente no Q5. A direção é elétrica com mudança de peso conforme velocidade e modo de condução selecionado. Visualmente, as alterações ficam por conta do para-choque dianteiro com entradas de ar maiores, o traseiro com as (falsas) saídas de escape e as rodas de 20", além do logotipo "SQ5" na grade e tampa do porta-malas. Diferente da linha extrema RS, os S não têm alterações em largura ou comprimento. Por dentro, há somente bancos mais envolventes com o "S" gravado no encosto.

Como anda?

Não podemos esperar pouco de um Audi que recebeu a letra S em seu nome. Como já disse, o Q5 surpreendeu positivamente durante nossos testes, e não esperava menos que aquilo de um SQ5, com 102 cv a mais, mesmo 220 kg mais "gordinho". A aceleração de 0 a 100 km/h, que foi de 6,5 segundos no Q5, baixa para 5,4 s (dado de fábrica) no SQ5 - a máxima é limitada em 250 km/h, mas ele chega lá bem rápido.

Por dentro, é como se sentir em casa, já que nada o difere do irmão mais manso, a não ser pelo logo "S" abaixo da alavanca do câmbio e a opção de centralizar o conta-giros no painel de TFT, o Virtual Cockpit. Pena que a tela da central multimídia ainda não seja sensível ao toque, obrigando a usar o trackpad no console central. 

No trânsito de São Paulo, o SQ5 se comporta como o...Q5. Suave, com trocas de marchas calmas e silêncio a bordo. Isso, lógico, quando as opções Comfort ou Efficiency estão selecionadas. Se não fosse pelo ronco característico do V6, mal perceberia diferença para o SUV mais manso. Acompanhe isso com o sistema de som assinado pela Bang & Olufsen e veja o lado "Bela" do SQ5. Coloque as crianças no banco traseiro e as leve-as para a escola que ninguém ficará assustado - nem pelas ruas, já que o visual muda pouco para o Q5. De série, ele já traz o assistente de tráfego e assistente de faixa, itens opcionais no Q5. 

É na estrada que o lado "Fera" do SQ5 entra em ação. Coloque no modo "Dynamic" e veja o ponteiro do conta-giros passar das 3.000 rpm, o escape mudar o ronco e as configurações de direção, suspensão e câmbio te empurrarem contra o banco. A patada do SQ5 te leva aos 120, 130, 140...bom, muitos quilômetros por hora e ele se comporta como se fosse um carro mais leve, ignorando seu porte. Mas ele ainda é um utilitário esportivo, e você lembra disso nas mudanças de faixa mais rápidas. Longe de ser inseguro - ou lembrar um SUV comum -, mas não é um S3 ou S4. Se quiser andar de boa, há o piloto automático adaptativo que, junto com o assistente de faixa, dirige de forma semi-autônoma. Anda muito, mas ainda entrega conforto de sobra. 

Quanto custa?

Gostou? Separe R$ 397.990, ou R$ 100.000 a mais que o Q5 mais caro (Ambition 2.0T). Porém, o S já vem com os assistentes de condução de série, então a diferença cai para "apenas" R$ 70.900. Na lista de itens de série, há sistema de som da Bang & Olufsen, painel em TFT, tampa do porta-malas elétrica, abertura de portas e partida sem chave, assistente de estacionamento, ar-condicionado de 3 zonas e faróis full LED, entre outros. Como opcional, são ofertadas as câmeras 360º e o aviso de tráfego cruzado (quando saindo da vaga de estacionamento), por R$ 12 mil. 

O Audi SQ5 mostra que os SUVs estão se esforçando para agradar até quem gosta de emoção ao volante. Ainda não está no nível de um hatchback ou sedã, mas a evolução é nítida. Porém, para pagar R$ 100 mil a mais por isso, até quem tem condições ficará pensativo.   

FICHA TÉCNICA - Audi SQ5