A geração anterior do Mini Cooper se proliferou mais do que um casal de coelhos. Além do tradicional hatch, do cabrio e da perua Clubman, já existentes, a marca inglesa investiu nos SUVs Countryman e Paceman, e nos esportivos Coupé e Roadster, de apenas dois lugares. Esses três últimos, você deve saber, não fizeram sucesso e foram descontinuados. Mas a atual geração ganhou mais um filhote, o hatch de quatro portas. Ao mesmo tempo, o Countryman cresceu e passou a ser quase uma versão inglesa do BMW X1, com o qual passou a dividir a plataforma UKL. Antes montado no Brasil, o Countryman voltou a ser importado. E nós passamos uns dias com a versão S All4, de tração integral.
Eu continuo sonhando com o hatch Cooper S, de preferência um daqueles 100 com câmbio manual que vieram em 2014/15, mas a vida é feita de concessões, meu amigo. Pai fresco, eu não posso mais me dar ao luxo de ter um carro compacto de 2 portas - e assim como eu, um monte de gente ganhou família e continua querendo ter um Mini. A resposta para esta necessidade, e também para quem adora dirigir mais "altinho", é o Countryman. Nesta segunda geração, nem sei mais se podemos chamá-lo de Mini, pois cresceu 20 cm em comprimento (agora 4,29 m), 3 cm em largura (1,82 m) e 8 cm na distância entre-eixos (2,67 m). Tem basicamente o tamanho de um Honda HR-V, nosso SUV compacto mais vendido.
De fato, o espaço interno do Coutryman está bem maior, notadamente para os ocupantes do banco traseiro. Há um vão 7 cm maior para as pernas de quem viaja ali, enquanto o ambiente fica bastante iluminado com os dois tetos-solares - um na frente e um atrás. O painel é semelhante ao do hatch, mas se destaca pelos frisos que mudam de cor conforme o modo de condução (verde no Green, ambar no Mid e vermelho no Sport). Também há uma luz sob os retrovisores externos que projeta o logotipo da Mini no chão, recurso semelhante ao do Range Rover Evoque. O porta-malas aumentou e agora leva 450 litros, mas com a base um pouco elevada. Poderia haver tampa elétrica, pelo preço do carro.
Os bancos são esportivos, com espuma de densidade firme e abas laterais destacadas. Volante e pedais também seguem o estilo do hatch, bem como o painel em dois círculos. Um head-up display faz as vezes de velocímetro digital, mas um visor digital no meio do velocímetro analógico já resolveria a questão com menos custo. Já o segundo círculo concentra a central multimídia, que tem tela de 8,8" não sensível ao toque - os comandos são feitos por botões de atalho no console central, como nos BMW. Não é o sistema mais intuitivo do mundo, mas a tela agrada pela alta resolução e tem muitas funções, como, por exemplo, navegador GPS e o manual digital do carro.
Montagem e acabamento estão dentro do padrão Mini, ou seja, tudo nos conformes e com materiais agradáveis ao tato. O painel e as laterais de porta são revestidos com material macio e há diversas peças de toque metalizado, como os botões tipo aviação da partida do motor, do sistema start-stop e de acionar o head-up display, entre outras funções. Já os modos de condução são ajustados na base do câmbio.
Comecei pelo modo Green, que favorece o consumo de combustível. Nele, as trocas do câmbio de 8 marchas são feitas em rotações baixas e o ar-condicionado tem seu funcionamento otimizado para consumir menos combustível. Um bom motivo para usar esse modo é que o computador de bordo fica mostrando, em km, o quanto você poderá rodar a mais com o mesmo tanque. As respostas do motor 2.0 turbo (192 cv e 28,6 kgfm) ficam um pouco mais lentas, mas nada que comprometa em uso urbano. Somado ao start-stop, o modo Green proporcionou média de 9,3 km/l de gasolina na cidade. Passando para a estrada, a oitava marcha deixa o motor quase sussurrando a 120 km/h, com apenas 2 mil rpm, registrando média de 13,5 km/l.
Essas boas médias, porém, podem ir para as cucuias caso seu pé direito pese no acelerador fixado no assoalho. E isso é fácil de acontecer, porque o curso do acelerador é curto e o ronco do 2.0 acima das 4 mil rpm é coisa linda de se ouvir. Daí a gente passa o comando do câmbio para as borboletas no volante (aletas grandes e ergonômicas) e começa a se lembrar do Cooper hatch. A direção tem bom peso e relação bastante direta, enquanto o freio é forte e sensível. Já a suspensão, bem, é dura pra caramba. É uma beleza quando você pega aquela estradinha de piso liso e cheia de curvas, mas no geral a combinação de molas rígidas, rodas aro 18" e pneus Runflat (mais duros que os convencionais) sofre para rodar em nossas ruas. Tudo é repassado em tempo real aos passageiros, mostrando que o Countryman padece do mesmo mal que seu irmão X1.
Se pisos judiados não agradam a este Mini, então pra quê a tração integral? Bom, você pode se aventurar por umas estradinhas enlameadas caso não ligue de a suspensão dar aquelas pancadas secas, mas o papel principal do sistema All4 é garantir mais estabilidade e controle em pisos escorregadios - como a neve europeia. Diferentemente do Cooper S de tração dianteira, aqui não tem "torque steer" (aquela puxada da direção nas arrancadas). E, para um modelo mais longo, a precisão que transmite o eixo traseiro nas curvas inspira muita confiança ao motorista. Aliás, se não fosse pelo peso extra (1.605 kg no total), o Countryman passaria por um "hatchzão" em termos de comportamento dinâmico.
Na pista, o SUV fez bonito ao acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 8 segundos e retomar de 80 a 120 km/h em apenas 5,6 segundos. Mesmo com a pista molhada, também obteve bons 42,2 metros na frenagem de 100 km/h a 0 - valor que muitos carros não conseguem nem com o asfalto seco. Melhor que os resultados, porém, foi a segurança que o modelo transmitiu durante todo o teste. Ele tem estabilidade direcional de sobra, mesmo em velocidades elevadas, e freia "com tudo" sem desvios indesejados de trajetória ou balanços da carroceria. Um carro tipicamente alemão - lembre-se que ele é um X1 com roupa descolada.
Se você ainda quer um Mini mesmo depois dos filhos, o Countryman agrada por guardar um bocado da diversão ao volante do Cooper hatch. E leva os pimpolhos no banco de trás sem problemas, além da bagagem do fim-de-semana. Agora, saiba que isso obviamente tem um preço - e ele é alto: tabelado a R$ 192.950, o SUV da Mini é mais caro até que as versões de tração dianteira do próprio X1.
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.998 cm3, comando duplo variável, turbo, injeção direta, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE |
192 cv de 5.000 a 6.000 rpm; Torque: 28,6 kgfm de 1.250 a 4.600 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 8 marchas, tração integral |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e independente multibraços na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 19" com pneus 225/45 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS |
PESO | 1.605 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.299 mm, largura 1.822 mm, altura 1.557 mm, entre-eixos 2.670 mm |
CAPACIDADES | tanque 51 litros, porta-malas 450 litros |
PREÇO | R$ 192.950 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR (pista molhada) | ||
---|---|---|
Mini Countryman S | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 3,3 s | |
0 a 80 km/h | 5,3 s | |
0 a 100 km/h | 7,8 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 5,9 s | |
80 a 120 km/h em S | 5,6 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 42,2 m | |
80 km/h a 0 | 26,6 m | |
60 km/h a 0 | 14,9 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 9,3 km/l | |
Ciclo estrada | 13,5 km/l |
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