Quem acompanha o Motor1.com sabe o quanto é difícil um carro ser lançado no Brasil sem que o preço seja alvo de críticas nos comentários dos leitores - não que seja sem razão. E o bicho pega ainda mais se o automóvel em questão for importado e destinado à categoria mais desejada do mercado automotivo hoje em dia, a de SUVs. Pois o novo 3008 chegou com nada menos que o título de Carro do Ano europeu na bagagem - chancela mais do que convincente para no mínimo querer conhecê-lo. Ainda assim, a Peugeot não salgou demais na conta: tabelado a R$ 139.900, o SUV francês está perfeitamente posicionado em seu segmento. Custa mais que o Jeep Compass, mas sai por menos que o Hyundai New Tucson, mesmo sendo mais equipado que o coreano.
Experimentei pela primeira vez o 3008 de segunda geração num trajeto entre o Rio de Janeiro e Petrópolis, região serrana do Estado, e gostei muito. Bonito, imponente, bem construído e bom de dirigir, o modelo entrou de cara na lista dos 5 carros que mais curti neste ano. Faltava, porém, o teste mais longo de convivência, além da nossa aferição de desempenho.
Na semana em que ficou na redação, o 3008 foi disputado. E todos os avaliadores que dirigiram o carro voltaram com elogios. O painel high-tech, com volante compacto e quadro de instrumentos elevado, foi uma das principais atrações. Os bancos dianteiros com massageador também foram lembrados. Outra que fez sucesso foi a central multimídia com tela grande, fácil de alcançar e com interface amigável, controlando inclusive o ar-condicionado e o tipo de massagem que você quer. Pelo requinte do carro, senti falta apenas de um mimo: a abertura/fechamento elétrico da tampa do porta-malas.
Sendo mais exigente, também podemos citar a falta de itens de segurança como piloto automático adaptativo e frenagem automática de emergência, além do sistema de alerta de evasão de faixa. São itens disponíveis para o 3008 na Europa, mas que a Peugeot brasileira deixou de fora pra não pesar no preço final.
Como esperado para um modelo com o motor 1.6 THP (165 cv e 24,5 kgfm de torque), a performance do 3008 agradou. Sem aptidão esportiva, ficou cerca de 100 kg mais leve com o uso da plataforma modular EMP 2 do Grupo PSA. Nos testes, foi de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e precisou de menos que 7 segundos para retomar de 80 a 120 km/h - garantia de fôlego nas ultrapassagens. Também foi muito eficiente nas frenagens, percorrendo apenas 37,6 metros até parar completamente quando vindo a 100 km/h.
O câmbio automático de 6 marchas já é conhecido de outros modelos, como o próprio Peugeot 408, mas aqui ele se destaca pela alavanca com engates elétricos, ao melhor estilo joystick da BMW. Além do formato esportivo, o volante vem acompanhado de aletas fixas na coluna de direção para mudanças de marcha manuais. No fim, a mistura de cabine ousada com direção direta e motor "torcudo" fazem do 3008 um dos SUVs mais prazerosos de dirigir do mercado - certamente o melhor de sua categoria.
Até mesmo a suspensão, que traz um simples eixo de torção na traseira, se saiu bem. Na primeira avaliação achei o carro um pouco "seco" no trato com o piso lunar nacional. Ele prefere os tapetes europeus, onde roda tranquilo com suas rodas aro 19", mas até que se virou melhor do que eu esperava na (esburacada) capital paulista. É firme nas curvas e não deixa a dianteira mergulhar nas frenagens, mas não chega a ser rude com os ocupantes.
O primeiro 3008 já era um carro pra lá de interessante, embora considerasse seu visual meio controverso e a suspensão dura demais para nossas condições. A nova geração fez revolução e ficou ainda melhor. O design será certamente o maior chamariz, mas ele também tem acabamento refinado, é espaçoso e oferece um porta-malão de 520 litros. Não à toa que o 3008 está com procura acima da oferta em todo o mundo, inclusive no Brasil. Peugeot com fila de espera? Isso mesmo, por conta da alta demanda, a filial brasileira só vai conseguir trazer cerca de 250 unidades por mês. Pronto, esta aí um ponto pra galera reclamar nos comentários!
Fotos: Rafael Munhoz
Vídeo: Paulo Henrique Trindade
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.598 cm3, turbo e injeção direta, duplo comando variável, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 165 cv a 6.000 rpm / 24,5 kgfm de 1.400 a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 6 marchas; tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 19" com pneus 235/50 R19 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e EBD |
PESO | 1.567 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.447 mm, largura 1.906 mm, altura 1.625 mm, entre-eixos 2.675 mm |
CAPACIDADES | tanque 53 litros; porta-malas 520 litros |
PREÇO | R$ 135.990 |
MEDIÇÕES MOTOR1 | ||
---|---|---|
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 4,3 s | |
0 a 80 km/h | 6,6 s | |
0 a 100 km/h | 9,7 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 7,1 s | |
80 a 120 km/h em S | 6,8 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 37,6 m | |
80 km/h a 0 | 23,6 m | |
60 km/h a 0 | 13,3 m | |
Consumo (etanol) | ||
Ciclo cidade | 9,8 km/l | |
Ciclo estrada | 15,1 km/l |
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