A "adaptação" que o Audi A3 Sedan sofreu pela VW brasileira para ser fabricado aqui parece não ter convencido muito os clientes da marca. Tanto é que o modelo 1.4 nacional, com câmbio Tiptronic e suspensão traseira por eixo de torção, nunca alcançou os números de vendas de seu par importado, que tinha transmissão S-Tronic e multililink no eixo de trás. Agora para a linha 2017, a Audi atualiza o design do sedã e passa a oferecer o painel com o "Virtual Cockpit" da marca. Mas, na apresentação para a imprensa, nem sinal das versões 1.4...
O motivo óbvio é que somente a versão Ambition 2.0 do A3 Sedan pode vir com o painel digital, mas o fato é que somente esta versão preserva o que mais diferenciava o A3 de seus rivais, o câmbio de dupla embreagem e a dinâmica apurada - a versão 1.4, além da transmissão mais lenta e do eixo de torção, ficou com a suspensão um tanto elevada. Mas agora chega de malhar quem nem apareceu, vamos focar no carro avaliado.
O A3 2.0 mantém tudo que a gente apreciava e ganha, junto do 1.4, um leve tapa no visual. A principal diferença fica por conta da dianteira com os faróis de cantos mais vivos e nova grade e para-choque, que aproximou o sedã de seu irmão maior A4. Nas laterais, as rodas aro 17" agora têm desenho de cinco raios, enquanto na traseira as lanternas tiveram suas lentes e arranjo de luzes modificados - LEDs só como opcional, tanto nos faróis quanto nas lanternas, o que é uma decepção se lembrarmos que o Corolla Altis e o Civic Touring oferecem isso de série.
É na cabine, no entanto, que estão as atrações mais legais. O cluster com tela TFT de 12,3" garante um aspecto mais moderno ao painel, além de permitir duas opções de visualização - com o velocímetro e o conta-giros em tamanho normal ou com eles reduzidos e outras funções em destaque, como no A4. Já a nova central multimídia enfim traz duas entradas USB que dispensam o cabo adaptador, sem falar que o sistema MMI teve os menus redesenhados, passando a ter o mesmo visual dos modelos A4, TT e Q7. Apple CarPlay e Android Auto estão disponíveis, mas só como opcional por meio do Audismartphone interface.
Ainda no que concerne ao cockpit, o A3 herdou o mesmo volante e alavancas de seta do A4, mais modernas e de melhor ergonomia. Pena que o painel digital também esteja na lista dos opcionais, que inclui ainda o controlador de velocidade adaptativo, sensores de estacionamento com câmera de ré, chave presencial e assistente para luz alta. Mas vamos deixar o preço do modelo completo para o final, de modo a não nos desanimarmos antes de dirigir.
Quem compra um Audi certamente lê esta parte do texto com atenção, e a boa notícia aqui é justamente a falta de notícias - o famoso "no news, good news". O motor 2.0 TFSI esbanja saúde com suas sacadas como duplo sistema de injeção (indireta para baixas rotações e direta para altas), variação do levante das válvulas e, claro, o turbocompressor para gerar 220 cv de potência e 35,7 kgfm de torque logo a 1.500 rpm. Fazendo par com ele temos a transmissão de dupla embreagem e 6 marchas, rápida e suave nas mudanças. E, por fim, podemos optar pelos 5 modos de condução de acordo com a nossa vontade: Comfort, Auto, Dynamic, Efficiency e Individual, sendo que neste último você escolhe os padrões de forma independente.
No dia a dia, a melhor opção acaba sendo a Auto, na qual o A3 ajusta resposta de motor, câmbio e direção para cada situação automaticamente. Na Dynamic, o sedã ganha o precioso auxílio do controle de largada, que prepara motor e câmbio para a melhora arrancada possível. Em nosso teste da versão anterior, com o mesmo conjunto mecânico, o A3 precisou de apenas 6,7 segundos para chegar aos 100 km/h e 4,1 s para retomar a velocidade de 80 a 120 km/h. Aqui na redação ele ganhou o apelido de "GTI com porta-malas", uma vez que o A3 usa basicamente a mesma mecânica da versão esportiva do hatch da VW. Quanto ao consumo, os números aferidos foram de 9,5 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada, com gasolina - ainda não foi desta vez que a versão 2.0 ganhou injeção flex.
Se a tocada esportiva não mudou (o A3 tem a direção direta e a suspensão firme o suficiente para lidar com os 220 cv), as mudanças na cabine melhoraram a vida a bordo. Bem mais simples ter a entrada USB à mão, além de poder usar o celular pelo Apple CarPlay. Já o cluster digital garante um charme extra ao modelo, sem contar o fato de que você pode ter o mapa do GPS bem à sua frente, em tamanho destacado - pena não ter uma opção esportiva com o conta-giros no centro, como no TTS. Por fim, as saídas de ar ficaram mais simples, tendo o fluxo regulado pela borda giratória, não mais pela própria grade.
A questão é que para ter os novos mimos a Audi cobrou, e bem. Como você já deve ter percebido, muitos dos itens bacanas do A3 são opcionais, sendo que o preço base da versão Ambition já é de R$ 156.190. Quer o painel digital? Mais R$ 16.500. Quer o piloto automático adaptativo e sistema de auxilio ao estacionamento? Daí você terá de optar pelo A3 Sedan completo, que sai por R$ 187.690 (incluindo o Virtual Cockpit).
Pode ser uma questão de gosto, mas, por mais que eu aprecie a dirigibilidade do A3 Sedan, por essa quantia já prefiro sair da loja com um A4...
Texto e fotos: Daniel Messeder
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.984 cm³, turbo, injeção direta e indireta, gasolina; Potência: 220 cv de 4.500 rpm a 6.200 rpm; Torque: 35,7 kgfm entre 1.500 e 4.400 rpm; Transmissão: câmbio automatizado S-Tronic de dupla embreagem e seis marchas, tração dianteira; Direção: elétrica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e independente multilink na traseira; Freios: discos nas quatro rodas com ABS e EBD; Rodas: aro 17″ com pneus 225/45 R17; Peso: 1.320 kg; Capacidades: porta-malas 425 litros, tanque 50 litros; Dimensões: comprimento 4.456 mm, largura 1.796 mm, altura 1.416 mm, entre-eixos 2.637 mm
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