A crise financeira da Volkswagen na Europa parece não dar trégua e a diretoria da marca caminha para tomar medidas drásticas diante da situação cada vez mais delicada. De acordo com o jornal alemão Handelsblatt, a empresa planeja economizar cerca de 10 bilhões de euros em despesas e, para tanto, considera fechar três fábricas, reduzir salários e até mesmo cortar empregos (algo em torno de 30.000 postos de trabalho, segundo rumores).
Do total em risco, algo entre 4.000 a 6.000 funcionários trabalham no departamento de pesquisa e desenvolvimento da marca. Em caso de demissão coletiva, a equipe de P&D da Volkswagen será cortada quase que pela metade. Além disso, a diretoria planeja cortar 10% dos salários de alguns colaboradores, limitar os bônus concedidos para funcionários de alto escalão e reduzir pagamentos adicionais como gratificações de aniversário.
Outra saída fortemente discutida é o fechamento de plantas (algo nunca antes feito na Alemanha desde que a empresa foi fundada em 1937). Estão na berlinda as unidades de Dresden e Osnabruck, que atualmente produzem os modelos ID.3, T-Roc Cabriolet e os Porsches Cayman e Boxster. A terceira ainda é desconhecida. “A gerência está levando tudo muito a sério. Isso não é um blefe para barganhar negociação coletiva", disse Daniela Cavallo, chefe do conselho de trabalhadores.
Além disso, tudo indica que as fábricas mantidas sofrerão fortes cortes de funcionários e serão enxugadas ao máximo para alcançar as metas de custos programadas. Hoje, segundo o chefão Thomas Schäfer, as linhas de montagem estão operando com níveis de gastos entre 25% e 50% acima do estabelecido. Todos os esforços serão direcionados para ampliar o retorno sobre vendas para 6,5% até 2026, superando o patamar atual de apenas 4%.
A crise que afeta diretamente as finanças da Volkswagen tem origem tanto na Europa quanto na China. De acordo com Arno Antlitz, que lidera os setores financeiro e operacional da marca, o mercado europeu encolheu consideravelmente depois da pandemia e provavelmente não voltará ao patamar comercial de antes. Com esse recuo, a Volkswagen deixará de vender pelo menos 500.000 carros por ano, afetando diretamente as previsões de lucro e gerando ociosidade nas fábricas.
Para piorar, a Volkswagen não tem mais os "cheques vindos da China", como disse o próprio CEO Oliver Blume. O país foi por décadas a 'galinha dos ovos de ouro' da montadora, mas passou por mudanças profundas nos últimos anos. O consumidor chinês, até então fiel comprador de marcas estrangeiras, migrou para fabricantes locais e consolidou sua preferência doméstica em detrimento de opções europeias. A liderança histórica da marca no país foi perdida em 2023 para a BYD. O fechamento de fábricas por lá também está sendo discutido.
Fábrica Anchieta em São Paulo
Por aqui, a Volkswagen vem colhendo bons resultados comerciais e tem o Polo como segundo carro mais vendido do país no acumulado do ano. Além disso, confirmou recentemente a aplicação de importantes investimentos e o lançamento de uma série de novos modelos.
“A Volkswagen do Brasil informa que a marca no Brasil tem uma história sólida de 71 anos, sendo em 2024 a marca que mais cresce em volume de vendas no país. Além disso, reforçou recentemente o seu protagonismo no país com o anúncio de um novo ciclo de investimentos de R$ 16 bilhões no Brasil e o lançamento de 16 novos carros até 2028”, disse a empresa em nota.
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