Poucas horas depois que o ministro da economia da Argentina, Luis Caputo, premiou as fábricas de automóveis da Argentina com benefícios fiscais, a fábrica do Stellantis Group em Córdoba informou a seus funcionários que o centro industrial de Ferreyra (ARG) ficará fechado durante esta semana inteira.
A fábrica de Ferreyra é a que produz o carro mais vendido da Argentina nos últimos anos, o Fiat Cronos. A planta também é responsável pela produção do sedã para o mercado brasileiro. Nossos colegas do Motor1.com Argentina consultou fontes oficiais da empresa para saber os motivos dessa suspensão, mas não obteve uma declaração formal. No entanto, os trabalhadores da fábrica compartilharam conosco a comunicação enviada pela empresa na tarde de sexta-feira (26/4).
A fábrica suspenderá as operações na segunda-feira, 29 de abril, terça-feira, 30, quinta-feira, 2 de maio e sexta-feira, 3. Levando em conta que quarta-feira, 1º de maio, é feriado bancário, isso significa que a Ferreyra só retomaria a produção na segunda-feira, 6 de maio.
A Stellantis é a montadora resultante da fusão entre os grupos FCA (Fiat-Chrysler) e PSA (Peugeot-Citroën). Seu diretor na Argentina, Martin Zuppi, é também o presidente da Adefa, a associação que reúne os principais fabricantes de automóveis da Argentina.
Nesta tarde, Zuppi saudou os benefícios concedidos pelo ministro Caputo aos setores automotivos e fabricantes de autopeças: "Vemos as medidas listadas pelo ministro como um excelente sinal. Elas fazem parte do trabalho que estamos realizando em conjunto para ter ferramentas que contribuam para melhorar a competitividade das exportações do setor", disse Zuppi.
As empresas automotivas argentina receberam do governo reduções nas tarifas de importação de insumos de produção, como matrizes e moldes. Caputo também as beneficiou com isenções de tarifas de exportação e procedimentos acelerados no processo de aprovação de novos veículos.
Nesse contexto de gestos de boa vontade do governo para com os associados da Adefa, a decisão de suspender os trabalhos de uma das fábricas mais importantes do país no mesmo dia foi uma surpresa. As razões para o fechamento de uma semana não foram confirmadas. Os rumores variam de excedentes de estoque devido à queda na demanda a problemas com o fornecimento de peças.
Fala-se também de uma "mensagem". A Adefa está pressionando o governo a enviar um aviso: os benefícios anunciados hoje para as fábricas de automóveis não seriam suficientes. A Adefa quer mais e colocou a suspensão da linha na mesa para discussão.
Por enquanto, sabe-se que as concessões de Caputo aos fabricantes não beneficiariam diretamente os consumidores. Entre as tarifas e os impostos que foram revisados e cortados, não há nenhum que afete diretamente a redução de preços ou os incentivos de consumo para os compradores de automóveis argentinos.