Após 6 anos vendendo carros junto com o Grupo Caoa, a Chery prepara-se para lançar duas novas marcas no país por conta própria, a Omoda e a Jaecoo. A aposta é grande, pois a fabricante chinesa quer produzir veículos no Brasil em 2025 e a meta é usar a fábrica em Jacareí (SP), que foi inaugurada em 2014. Só que isto está travado em uma negociação com a Caoa para conseguir voltar a operar o complexo, atualmente fechado.
Quando Motor1.com foi até a Wuhu (China) para um evento da Chery International e conhecer as marcas Omoda e Jaecoo, a fabricante revelou os planos para o Brasil, reiterados recentemente pela empresa. Serão 40 concessionárias no país, que iniciarão a operação em 2024 e três SUVs serão lançados no primeiro ano: o Omoda C5 e os Jaecoo J7 e J8. O passo seguinte será a produção nacional, para que vire um hub para atender toda a América Latina.
Em uma conversa com Shawn Xu, vice-presidente da Chery International e CEO da Omoda/Jaecoo, o executivo deixou claro que o objetivo é usar o complexo em Jacareí (SP). “Queremos produzir no Brasil em Jacareí, queremos investir na fábrica”, declarou Xu, após ser questionado sobre os planos de fabricação da Omoda e Jaecoo no país. “Mas há uma disputa com a Caoa que nos impede. Se necessário, faremos outra fábrica no Brasil, porém ainda vamos tentar usar Jacareí.”
Jacareí tem um peso especial dentro da Chery. Foi a primeira fábrica da empresa fora da China, então é um local histórico. Xu ainda tem um carinho pelo local, por ter sido o diretor do complexo entre 2019 e 2022, morando no Brasil durante este período. O executivo deixou o cargo em janeiro de 2022, quando foi nomeado vice-presidente da Chery International e foi iniciar a operação da Omoda/Jaecoo em outros mercados. Em maio do mesmo ano, somente quatro meses depois da troca no comando da fábrica, o complexo fechou as portas.
Quando a Caoa Chery anunciou o fechamento do complexo no interior paulista, tinha dito que seria até 2025, enquanto iria reformar a fábrica e prepará-la para fazer veículos híbridos e elétricos. Xu diz que o investimento ainda não foi feito e que o local segue fechado. Nos bastidores, ouvimos de diversas fontes que o intuito da Chery era investir em uma atualização na fábrica, porém havia o entrave da joint venture e a Caoa teria que participar do aporte. O grupo brasileiro teria recusado o plano e isto travou os planos.
A importância do Brasil foi destacada por diversos executivos da Chery. “O Brasil é 80% do mercado da América do Sul. Se não funcionarmos direito ali, será impossível dar certo na região”, explicou Alex Wang, diretor da Omoda/Jaecoo para o país. Zhang Guibin, presidente da Chery International, foi ainda mais enfático, afirmando que o plano é produzir aqui e exportar para toda a América Latina, substituindo alguns modelos que chegam em mercados como Argentina e Chile importados da China.
E se a negociação com a Caoa não der certo? Segundo Xu, a Chery buscará uma alternativa, procurando o melhor local para erguer uma nova fábrica se for necessário. O executivo não quis cravar qual poderia ser o plano B, reafirmando que irão brigar por Jacareí até o final. Porém, não descartou a possibilidade de aproveitar as regras existentes no Nordeste e que serão aproveitadas por sua rival BYD, com isenção no IPI e ICMS.
Seja como for, o cronograma é iniciar a produção no Brasil somente em 2025. Caso seja necessário construir uma nova fábrica, o mais provável é que o complexo só inicie a operação mais para o final do ano. Os modelos a serem produzidos no país ainda não foram definidos, mas há grande chances que seja o Omoda C5 e o Jaecoo J7 por serem as opções de maior volume.
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