A indústria automobilística da Argentina, considerada a segunda maior da América do Sul, acaba de comemorar importante feito histórico: a produção de 20 milhões de veículos. A soma leva em conta os números divulgados pela pela ADEFA (Associação das Fábricas Automotivas), que desde 1951 contabiliza dados sobre o mercado local.
No processo de fabricação nacional, empresas como Autoar, Mercedes-Benz e o grupo Kaiser foram pioneiras. O próprio estado argentino também teve importante participação e ao longo dos anos lançou diversos planos de incentivos (alguns bem sucedidos, outros nem tanto). Entre altos e baixos, o país já abrigou a produção dos mais diversos tipos de veículos e nos últimos anos vem se especializando na fabricação de picapes médias.
Em 1965, com um total de 194.536 unidades, a Argentina ocupava o 12º lugar entre os maiores produtores mundiais de veículos. Naquela época, o conjunto de fábricas instaladas no país oferecia 34 modelos diferentes de automóveis de passeio e 32 de veículos comerciais.
Em 1969 foi ultrapassada a barreira das 200 mil unidades fabricadas (218.590) e em 1973 foi atingido o patamar máximo de 293.742 - recorde que vigorou durante 20 anos, evidenciado pela estagnação do setor.
Já em 9179, a Lei de Reconversão Automotiva foi aprovada e marcou o fim da fase protecionista. A chegada dos importados revelou a lacuna tecnológica, de design e de equipamentos dos carros locais. A abertura econômica unidirecional (de fora para dentro), o atraso cambial e a impossibilidade de atingir escalas de produção para reduzir custos colocaram em xeque as empresas automotivas sediadas no país.
Toyota Hilux é produzida na Argentina desde 1997
A resposta de cada fabricante variou: enquanto alguns optaram por investimentos pesados para atualizar modelos e linhas de produção, outros fundiram-se para sobreviver. As demais fecharam as portas. A enxurrada de importações conseguiu monopolizar mais de 20% do mercado local.
Com tempo, as fabricantes de automóveis sobreviventes atualizaram suas linhas, mas enfrentaram economia em recessão com volume de produção que ao longo da década de 1980 (com exceção de 1980) não excedeu as 200.000 unidades anuais.
Fiat Cronos na fábrica de Córdoba
Já na década de 1990, com a criação do Mercosul, a indústria automobilística da Argentina ganhou novo fôlego. O bloco possibilitou processo inédito de integração regional com abertura comercial em duas direções e as exportações para o Brasil ampliaram os horizontes do setor. A indústria assumiu posição exportadora e ganhou importante aumento da produtividade em maior escala.
Ford Ranger produzida em Pacheco, na grande Buenos Aires
Os resultados não demoraram a chegar: em 1993, pela primeira vez, a barreira das 300 mil unidades foi ultrapassada e no ano seguinte, 1994, foi estabelecido outro recorde com mais de 400 mil veículos. Após o colapso de 2001, o setor se recuperou fortemente e ultrapassou 500.000 unidades em 2007, atingindo recorde histórico em 2011 com 828.771 veículos. Com produção oscilante desde então, foi atingida no último mês de agosto a marca de 20 milhões de unidades.
Volkswagen Taos, também produzido em Pacheco
Atualmente, a indústria automobilística gera mais de 70 mil empregos diretos na Argentina. Na prática, representa o segundo maior complexo exportador do país (8% das exportações totais) e o primeiro do setor industrial. Nos últimos anos, a indústria se especializou na fabricação de picapes médias, fazendo da Argentina o quarto maior produtor de caminhonetes do tipo no mundo.
Peugeot 208 na fábrica de El Palomar
A especialização no segmento já envolve cinco fabricantes (Renault, Nissan, Volkswagen, Ford e Toyota produzem suas picapes por lá) e o volume exportado é em média de 70% do que é produzido. Em outras categorias, o país abriga a produção de modelos como Fiat Cronos, Volkswagen Taos, Peugeot 208, Chevrolet Tracker e Cruze (confira lista completa aqui).
Para os próximos anos, a Argentina planeja quadruplicar a produção (alcançar 2 milhões de unidades anuais em 2030), empregar 1,3 milhão de pessoas e elevar a participação no PIB industrial para 14%, gerando exportações de 46 bilhões de dólares.
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