Em sua apresentação no Electric Days Brasil 2023, a BorgWarner mostrou sua visão de transição energética com foco nos veículos comerciais. A empresa norte-americana acredita que a transição para a mobilidade elétrica no Brasil pode ser protagonizada pelos veículos de transporte de cargas e passageiros, em especial comerciais leves e ônibus.
Marcelo Rezende, Diretor para Sistemas de Baterias da BorgWarner no Brasil, destacou o potencial do país, que tem a 4ª maior frota de veículos comerciais do mundo. Por aqui, 65% das mercadorias são transportadas pelo modal rodoviário, um segmento que representa apenas 6,6% da frota total, mas tem importância econômica estratégica.
A questão da eletrificação das frotas, ainda mais que nos carros de passeio, principalmente nas grandes cidades, é urgente. Há necessidade de organizar e estruturar o crescimento de uma frota dentro do processo de transição energética.
O executivo reforçou que a eletrificação tem grande importância econômica, e indiscutivelmente ambiental, citando estudos que mostram a relação direta entre o nível de veículos poluentes e o aumento de doenças respiratórias. Olhando por esse ponto, a descarbonização se apresenta como uma saída indispensável.
A transição para a mobilidade elétrica no transporte de cargas e passageiros também representará uma grande contribuição para a redução das emissões, uma vez que os transportes rodoviários são responsáveis por 70% das emissões do setor no país.
Outro ponto relevante é que o Brasil pode fazer uma transição energética baseada em sua matriz elétrica muito mais limpa que a média mundial. Segundo informações do Operador Nacional de Sistemas Elétricos - ONS, de janeiro a abril de 2023, 91,4% da demanda de energia elétrica no país foi atendida por fontes renováveis, sendo 77% de Hidroelétricas, 11,5% de eólica e 2,7% de solar.
Considerando essas vantagens, Rezende explica que o Brasil tem um potencial enorme de expansão para os veículos comerciais elétricos. Tanto os ônibus elétricos quanto os veículos de entregas urbanas e caminhões de pequeno porte que podem circular dentro das cidades.
No gráfico, um número chama a atenção: apenas 0,1% da frota de veículos comerciais é totalmente elétrica. Por outro lado, as iniciativas e projetos das empresas devem acelerar esse crescimento de forma exponencial nos próximos anos.
O executivo fala em um aumento de 400% na frota eletrificada até 2025 e representando 11% do total em 2030, o que é expressivo diante dos baixos números de participação atuais.
Rezende cita também algumas vantagens da eletrificação que vão além das características que já conhecemos, como maior nível de conforto e melhor qualidade do serviço prestado, trazendo benefício tanto para os motoristas quanto pelos clientes que utilizam os veículos de zero emissão.
A parte final foi dedicada à bateria, que podemos considerado o componente essencial na eletrificação. Na avaliação de Rezende, a transição será possível graças ao contínuo desenvolvimento da bateria.
"A BorgWarner está trabalhando constantemente para tornar a tecnologia cada vez mais sustentável e acessível", pontua. "Já iniciamos esse importante passo no Brasil com a fábrica de sistemas de baterias em Piracicaba (SP)".
A mobilidade urbana no Brasil enfrenta também desafios socioeconômicos, pois o crescimento rápido das cidades aumentou a demanda dos transportes de cargas e passageiros, se tornando uma urgência que precisa ser prontamente atendida. Além disso, o uso desordenado de automóveis individuais resulta em um sistema de mobilidade coletivamente ineficiente para a sociedade.
As baterias da BorgWarner oferecem três níveis de segurança, sendo: as células – desenhadas especificamente para serem seguras; os módulos – com sistema ativo de resfriamento e monitoramento célula a célula; o Sistema – com hardware sofisticado e BMS com software de monitoramento de todos os elementos chave.
A bateria utilizada pela empresa possui uma densidade energética de 176Wh/Kg (watt-hora por quilograma) e uma durabilidade com cerca 4.000 ciclos de recarga, o que equivale a cerca de 8 anos de operação em primeira vida.
Esses componentes além do longo prazo de operação em primeira vida, o uso nos veículos, podem ser utilizados em geradores estacionários ou estações recarga num ciclo de segunda vida.
Outra questão importante é que o modelo fabricado pela BorgWarner no Brasil permite reparos e manutenções, tanto durante o uso de primeira quanto de segunda vida, pois os módulos podem ser substituídos de forma individual. Além disso, o índice de reciclabilidade é de 85%, o que reforça o papel do componente na economia circular.
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