A VW Caminhões e Ônibus deu esta semana uma prévia do que apresentará na Fenatran, feira do transporte de cargas que será realizada de 4 a 8 de novembro no São Paulo Expo. Com projeções de crescimento do PIB em 2,5% para este ano e a inflação em 4,35%, os fabricantes de caminhões estão muito animados — a expectativa é que a indústria de pesados cresça 14% em 2024, com uma produção total de 142 mil veículos acima de 3,5 toneladas.
A última Fenatran, em 2022, aconteceu pouco antes da entrada em vigor da norma de emissões Proconve P8 (Euro 6). Com isso, as linhas de pesados tiveram que ser quase que completamente renovadas na época, ganhando motores adequados às novas regras. Agora, passados dois anos, os fabricantes têm mais tranquilidade para focar em determinados segmentos e tecnologias, complementando sua gama de produtos para atender a clientes mais específicos.
Meteor 29.530 bitrem (Foto - Jason Vogel)
No caso da VWCO, o principal lançamento na Fenatran será o Constellation 20.480 4x2. Com 56 toneladas de Peso Total Bruto Combinado (PBTC), o modelo entra no espaço existente entre as atuais opções de 45 toneladas e a versão 6x2, de 58,5 toneladas. Assim, o novo integrante da família atende ao mantra que a companhia de Resende (RJ) repete para seus clientes: “menos você não quer, mais você não precisa”.
O foco está nas empresas de transportes de veículos que atuam em médias distâncias: “Esta semana já fechamos a venda das primeiras 80 unidades do 20.480 para a Gabardo. E já estamos negociando mais 150 desses caminhões para cegonheiros”, comemora Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da VWCO.
O novo cavalinho é o primeiro Constellation 4x2 a vir equipado com o mesmo motor de outros extrapesados da marca: o D26, de 13 litros, fornecido pela MWM. São 480 cv, com torque de 245 kgfm. Vai atrelado ao câmbio automatizado ZF V-Tronic de 12 velocidades, com seletor na coluna de direção. Traz ainda um freio motor auxiliar de 428 cv.
VWCO - Constellation agora tem versão 4x2 com motor de 13 litros - bom pra cegonha
O chassi foi reforçado para receber mais carga. Ganhou novas longarinas e travessas, além de uma quinta-roda para facilitar engates dos implementos. Dois tanques de alumínio de 470 litros de diesel (940 litros no total) garantem a autonomia.
Entre as configurações de série, a suspensão pneumática integral com quatro bolsões também vai agregar conforto para o motorista, além de beneficiar a segurança da carga. O modelo já vem com um sistema inteligente de leitura da carga por eixo e com a possibilidade para redistribuição de forma a equilibrar o peso em cada eixo. Adicionalmente, o motorista tem a opção de programar os bolsões de ar para ajustar a altura do implemento durante o carregamento ou o descarregamento do veículo. Tudo executado remotamente de dentro da cabine.
Toda a linha traz painel digital como item opcional ou de série (no caso do Meteor) (Foto - Jason Vogel)
A cabine traz de série o (superconfortável) banco pneumático com cinto integrado. Esse Constellation tem como opcional o painel digital mais moderno da família VWCO (Highline) e central multimídia de 7”.
Uma das tecnologias a bordo é o sistema Predictive Shifting, que cruza dados do câmbio automatizado com as informações de GPS para tornar a estratégia de trocas de marcha mais eficiente, com ganhos de economia de até 5%. Já o sensor de inclinação ajusta a rotação e também melhora o consumo de combustível, assim como o Eco-roll, que aproveita a inércia quando possível e põe a transmissão em neutro, numa “banguela” segura, controlada eletronicamente. E esse Constellation também vem de série com o assistente de partida em rampa, para facilitar o dia a dia na direção.
VWCO - Painel digital do pacote Highline
Todos os caminhões da VWCO passam a dispor do pacote de tecnologia Highline, como opcional. É um painel digital de 10”, que permite monitorar ou controlar 80 funções, aliado a uma central multimídia de 7”, com mais 30 informações. Mostra, por exemplo, a altura da suspensão pneumática, a distribuição de peso por eixo, define parâmetros de consumo e dá nota para o estilo de condução do motorista. Como freia? Acelera muito?
Com o aplicativo VW Connect é possível acessar informações pelo smartphone e, até, impedir remotamente o uso do caminhão por meio do bloqueio do pedal do acelerador. Outros comandos a distância são partida do motor, acendimento de luzes da cabine e acionamento do alarme. O sistema interpreta códigos de falha, mostra histórico de viagens, consumo médio e faz monitoramento dos gastos. Permite cadastrar até sete caminhões em uma única conta.
“A ciência de dados e a inteligência artificial usam o poder da informação para tornar a operação mais rentável. Otimiza rotas, por exemplo, para reduzir o consumo. E orienta sobre manutenção preditiva para que o caminhão fique menos tempo na oficina e mais tempo no trabalho”, explica Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia da VWCO.
Os cavalinhos reunidos na pista de testes da fábrica de Resende (Foto - Jason Vogel)
Desde 2020, os caminhões topo de linha da fábrica de Resende são os Meteor, a maior aposta da VWCO para crescer no segmento dos extrapesados. Para facilitar a logística de manutenção, usam, basicamente, o mesmo chassi dos Constellation 6x2, bem como os motores MWM de 13 litros (em versões de 480 e 530 cv). Já a cabine do Meteor é mais espaçosa que a dos Constellation. Com linhas mais quadradas, tem sua estamparia importada da Alemanha e montada em Resende (é, basicamente, a cabine do antigo MAN TGX).
“Antes, eu tinha que apresentar a marca MAN aos clientes brasileiros, contar que o fundador trabalhou diretamente com o Rudolf Diesel e dizer que é a maior fabricante de caminhões da Europa. Agora, que todos saem com o escudo da VW na grade, já não preciso explicar mais nada”, brinca Alouche.
Na Fenatran, a maior novidade nos Meteor será a versão 28.480 HD — esse HD, de Heavy Duty, se deve ao eixo reforçado, que aumenta a Capacidade Máxima de Tração (CMT) de 53 toneladas para 58,5 toneladas.
O painel digital é item de série no Meteor. Um opcional é o freio retarder, que pode atuar de forma automática, ou ser comandado manualmente por meio de uma alavanca na coluna de direção. O retarder é um dispositivo eletroidráulico que fica na saída da caixa de câmbio e atua sobre o cardã, aumentando de forma significativa a potência de frenagem, reduzindo a velocidade do veículo de forma suave e controlada e preservando a vida útil de desgaste de lonas e tambores de freio. Outra vantagem é permitir velocidades de descida 50% maiores, sem risco de superaquecimento dos freios
Hoje, o retarder seleciona automaticamente a potência máxima de frenagem com base na carga transportada pelo veículo, na configuração dos eixos traseiros e no atrito com o solo. Isso ajuda a garantir a estabilidade do caminhão em frenagens emergenciais.
VWCO e-Delivery ganha potência e torque
A Fenatran também servirá para mostrar novidades na linha de caminhões elétricos. O e-Delivery 11 toneladas traz um novo motor elétrico de 280 kW (380 cv) e com um aumento de 7% no torque: são 234 kgfm (no antecessor, eram 300 cv e 219 kgfm). A capacidade de carga útil subiu para 6.300 kg, na versão com maior autonomia — um aumento de 16% em relação à primeira geração do caminhão elétrico da VWCO, lançada em 2021.
O caminhão elétrico VW pode ter ainda um carregador de corrente alternada (AC), ideal para aplicações que permitem um carregamento mais lento, com um custo de investimento menor. O carregador está disponível em duas versões, de 11 e 22 kW. Já os novos carregadores de corrente contínua (DC) estão otimizados com novo sistema de arrefecimento das baterias, carregando qualquer variante de baterias de 0 a 80% em até uma hora. O sistema de gerenciamento eletrônico evoluiu e o caminhão pode trazer o e-PTO, sistema que permite o uso da energia das baterias para alimentar componentes auxiliares, como guindastes, bombas e compressores.
O e-Delivery ganhou torque e potência (Foto - Jason Vogel)
Hoje há 400 e-Delivery em circulação no Brasil e, até o fim deste ano, esse número deve chegar a 600 unidades. Essa quantidade pequena para um país tão grande se explica pelo preço bem mais alto dos veículos comerciais elétricos. Só a bateria custa o equivalente a um caminhão a diesel. Os maiores clientes desse tipo de caminhão são distribuidoras de bebidas.
No caso dos ônibus elétricos, a conta ainda é mais difícil de fechar: um modelo da VWCO hoje custa em torno de R$ 3 milhões (com carroceria). Isso é três vezes o valor de um ônibus equivalente movido a diesel.
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