Scania na Fenatran: novidades vão do “mochilão” ao caminhão curinga
Câmeras instaladas na fábrica e modelo off-road estão entre os lançamentos
Dias atrás escrevemos aqui sobre o Scania 30 G, um cavalo mecânico elétrico que deve ser uma das grandes atrações da Fenatran. Na prévia para jornalistas especializados, a marca sueca revelou ainda outras novidades que estarão em exposição no São Paulo Expo, entre 4 e 8 de novembro.
No mesmo clima que percebemos nos eventos pré-Fenatran da Volkswagen Caminhões e da Mercedes-Benz, a Scania está muito otimista em relação à economia do Brasil. A marca sueca estima que este ano alcançará seu recorde histórico de vendas no país e pretende fechar 2024 com um total de 20 mil caminhões emplacados (o último recorde foi em 2013, com 19 mil caminhões).
P 280 6x2 (semipesado) com o XT ao fundo
Só entre janeiro e setembro de 2024, foram emplacados 14.048 Scania no Brasil, contra 12.700 em todo o ano passado. André Gentil, gerente de vendas da empresa, explica:
“Se, por um lado, houve uma queda no agro no início do ano, por outro, o consumo vem crescendo muito. Isso gera a necessidade de transportar cargas como produtos de limpeza e bebidas. As vendas de caminhões pesados subiram 23% em relação ao ano passado.”
Além do cavalinho elétrico, estarão na Fenatran modelos mais convencionais, como o P 280 6x4 XT (Construção Leve), o semipesado P 280 6x2 (7 litros), o 500 RH 6x4 Super B100 (100% biodiesel) e o G 460 6x2 (movido a gás natural ou biometano). Além disso, a marca anuncia a incorporação de mais itens de série em sua gama.
P 280 6x4 XT
No setor da construção civil, um dos que mais crescem no país, a Scania mostra o P 280 6x4 XT, de 7 litros, seu novo modelo de entrada no segmento fora-de-estrada (ficando abaixo do P360 6x4, de 9 litros).
A ideia é que o P 280 XT seja um pau para, literalmente, toda obra: esse modelo da linha “construção leve” pode ser usado como caçambinha, caçamba roll-on e roll-out (com sistema hidráulico tipo gancho), betoneira, munck e guindaste no meio urbano. E, dependendo da necessidade, pode trabalhar juntamente com os caminhões pesados, servindo como apoio em grandes obras de infraestrutura, como pavimentação de estradas ou construções de barragens. Também pode ser utilizado nos setores madeireiros e de mineração leve.
“É um caminhão curinga. Uma construtora pode comprar para usar como caçambinha em obras urbanas e, se ganhar uma concorrência, pode pegar serviços mais pesados. O P 280 XT aguentará tudo sem moer”, exemplifica Luciano Piccirillo, gerente de vendas do setor de off-road da Scania.
Com PBT técnico de 28,5 toneladas e capacidade máxima de tração (CMT) de 150t, o modelo tem motor de 7 litros, 280 cv e torque de 122 kgfm. Junte-se a isso uma caixa G25 de 14 marchas, sendo uma overdrive e uma super reduzida com relação de 20.8:1. É um caminhão com muita capacidade de tração para sair dos atoleiros e que, em seus deslocamentos no asfalto, pode manter os 80 km/h na faixa verde e sem sofrimento.
Tudo no chassi é superdimensionado para aguentar o tranco. As longarinas são duplas, reforçadas. Os eixos RBP835, com redutores nos cubos, garantem a robustez nas aplicações fora de estrada. Na dianteira, as molas têm três lâminas (de 29 mm cada). Impressionante mesmo é a suspensão traseira com molas parabólicas de quatro lâminas (41mm cada).
Todo de aço, o para-choque dianteiro é alto para aumentar o ângulo de ataque. Protetores dos faróis e retrovisores reforçados completam o conjunto visual mais entusiasmante entre todos os caminhões que vimos na apresentação — especialmente quando pintado no tradicional laranjão da Scania.
A partir de abril de 2025, o modelo trará um painel inteiramente digital de nova geração. Falaremos sobre isso mais adiante. O preço do P 280 6x4 XT gira em torno de R$ 650 mil a R$ 700 mil, conforme os implementos escolhidos.
Semipesados com cabine P
Nem só de chassis parrudos e eixos superdimensionados vive a indústria de caminhões… Outras novidades na Scania na Fenatran são os semipesados de 7 litros P250 4x2 e P280 6x2, opções menores e mais econômicas aos já conhecidos P320 8x2, de 9 litros. São voltados para aplicações como basculante, tanque, frigorífico e limpeza urbana. O exemplar que estará no salão será o P280 6x2 com suspensão traseira a ar.
Esses novos semipesados trazem o motor 6 em linha Scania, de 7 litros, em duas versões: 250 cv e 112 kgfm (4x2) ou 280 cv e 122 kgfm (4x2 e 6x2). Podem ser configurados com cabine leito ou curta, com teto baixo ou alto.
A adoção de longarinas e eixos mais leves combinada ao motor 7 litros e ao câmbio G25 permitiram reduzir o peso da tara do caminhão em 600 quilos (em relação ao P280 6x2 anterior, de 9 litros), aumentando a capacidade de carga em aproximadamente 7%. Nos 4x2, o PBT é de 17.700 kg, enquanto no 6x2, é de 25.750 kg.
500 RH 6x4 Super B100
Biodiesel puro
Segundo a Scania, os clientes estão demandando cada vez mais caminhões movidos combustíveis alternativos, o que contribui na redução de CO₂. Só em 2024, a marca já vendeu por aqui 400 veículos movidos a gás e biodiesel. Desde 2019, são quase 2.500 unidades emplacadas.
Na Fenatran, uma atração será o 500 RH 6x4 Super movido a 100% de biodiesel puro (B100). A Scania tem duas configurações de motor para operar com esse combustível: 500 cv e 270 kgfm para o modelo 6x4 (recomendado para composições de nove eixos, rodotrem e bitrem) ou 460 cv, com 255 kgfm, para o modelo 6x2.
Esses motores foram desenvolvidos e homologados para operar com biodiesel puro. Todo o sistema de alimentação, incluindo vedações e partes de borracha, foi redesenhado para garantir compatibilidade e durabilidade. Além disso, o sistema de pós-tratamento na linha de escape foi ajustado para os níveis de emissões exigidos para o uso de biodiesel.
Por ser um combustível “vivo”, o B100 se deteriora mais rapidamente que o diesel de origem mineral. O ideal é que esse biocombustível seja consumido em, no máximo, 30 dias após sua produção e é preciso ter atenção especial com a qualidade do biodiesel e seu armazenamento (daí que o B100 é especialmente recomendado para caminhões e tratores de uso intensivo).
O biodiesel puro hoje é utilizado principalmente por grandes produtores de grãos, que fazem seu próprio biocombustível a partir de soja e milho. É o caso da Amaggi, que já tem em operação cem caminhões Scania movidos por B100. Grupos como a JBL, por exemplo, poderiam obter biodiesel a partir de restos de gordura animal (sebo bovino). A redução nas emissões de CO₂ chega a até 77%, desde a produção do combustível até a roda.
G 460 6x2 movido a gás natural ou biometano
Gás natural e biometano
Em 2019, a Scania lançou sua linha de caminhões movidos a gás natural comprimido (GNC), liquefeito (GNL) e/ou biometano. A marca sueca ajudou a criar e desbravar um mercado que não existia e fez parcerias com produtores, distribuidores e companhias públicas de gás. Hoje, há os corredores azuis, a cobertura de gás natural por praticamente todo o litoral brasileiro e a rede de postos está se expandindo para o Centro-Oeste. Para reduzir o tempo de reabastecimento, os postos de GNC para caminhões devem ter vazão de alta pressão (bem maior que nos bicos de GNV para carros de passeio).
Já o biometano, gerado a partir de resíduos do processamento da cana-de-açúcar, por exemplo, pode reduzir em até 90% as emissões em relação ao diesel (para comparar, abastecer com gás natural, que é um combustível fóssil, reduz a emissão de CO₂ em apenas 15%). Também é possível extrair o biometano de aterros sanitários — daí é encher grandes cilindros com o gás e levar de carreta até os pontos de abastecimento. Grandes frigoríficos podem usar farinhas e gorduras de origem animal na obtenção de biogás para seus caminhões. Hoje, porém, o biometano é muito aplicado na indústria, mas pouco usado no transporte.
G 460 6x2 com sua mochila (3)
“A estimativa é que, se aproveitássemos todo o potencial desse combustível no Brasil, poderíamos abastecer 78% da frota de veículos pesados com biometano produzido a partir de dejetos animais, resíduos orgânicos como bagaço de cana e farelo de milho, além de aterros sanitários”, afirma Alex Nucci, gerente de vendas e soluções da Scania.
Em abril, no Agrishow, a marca ampliou sua linha de caminhões a gás ou biometano com duas novas potências (420cv e 460cv) e a chegada da opção na tração 6x4, além de 4x2 e 6x2. Outra novidade recente é o GH 460 a gás com o “mochilão”: são dois novos cilindros de gás, atrás da cabine, além dos oito cilindros laterais tradicionais. Com capacidade para até 300 metros cúbicos de gás, o caminhão poderá percorrer até 650 km.
Com a nova parte elétrica já não será preciso desmontar o painel para pôr rastreador e câmeras
Eletrônica
A partir de abril de 2025, todos os caminhões da Scania sairão com uma nova arquitetura eletrônica, que engloba uma evolução completa do painel digital, desde os módulos e chicotes até o software e as funções eletrônicas.
O novo quadro de instrumentos digital tem 12,3” e oferece dois modos de visualização: o completo e o mínimo, que exibe apenas as informações essenciais para a operação. Este é indicado, principalmente, para viagens noturnas, para o motorista manter o foco na direção. As telas multimídia, sempre touchscreen, estarão disponíveis em duas versões de 10,1” ou 12,9”, e com com botões físicos para maior praticidade.
No quesito ADAS, o monitoramento de atenção do motorista está mais preciso. O caminhão fica acompanhando o comportamento e a interação do condutor. Caso reconheça que ele está sonolento, por exemplo, ou com falta de atenção, emitirá um alerta no painel.
Outra atualização foi nos sensores e assistências para reduzir pontos cegos e detectar “vulneráveis” (pedestres, ciclistas, animais ou mesmo objetos). Já o sistema de monitoramento da pressão e temperatura dos pneus passa a incluir informações de todo o conjunto (cavalo e agora também do implemento) no painel digital.
Uma nova interface facilita a instalação de dispositivos de segurança patrimonial como rastreadores, bloqueadores e câmeras, evitando a desmontagem do painel, cortes no chicote e a perda da garantia de fábrica. As empresas parceiras da Scania são: Michelin Connected Fleet (Sascar), Autotrac, Omnilink, OnixSat, SIGhRA, Maxtrack e Trucks Control.
A nova interface permite a instalação de rastreadores e cinco câmeras diretamente na fábrica, na concessionária ou conforme a necessidade do cliente. Caso os criminosos cortem cabos para tentar burlar os sistemas de câmeras ou rastreamento, o caminhão é imobilizado imediatamente.
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