Na última semana, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) divulgou como pretende colocar em prática uma série de incentivos para baratear os carros 0km no Brasil e facilitar sua compra. Porém, os impactos da medidas devem ser sentidos internacionalmente e a indústria argentina já está preocupada.
"Lula nos tapeou", afirmou um empresário argentino de autopeças, consultado pelo nossos colegas do Motor1 Argentina sobre essas medidas. A crítica tem fundamento: o incentivo aos carros brasileiros feitos com peças brasileiras vai fazer afetar o Mercosul. "Uma das bases da fundação deste acordo de livre comércio há 32 anos foi salvar a indústria automobilística da Argentina e do Brasil", disseram os colegas do país vizinho.
Peugeot 208 Like 1.0 é fabricado na Argentina, assim como o Fiat Cronos
Entre os países membros do bloco, o Mercosul promoveu o intercâmbio de veículos isentos de tarifas e impostos independentemente do país de origem. Ao premiar os carros com maior número de peças brasileiras com impostos mais baixos, o carro popular brasileiro afetaria a indústria argentina de autopeças, que já enfrenta dificuldades de acesso a insumos e fechamento de várias fábricas.
O Grupo Stellantis, por exemplo, já tem dois problemas nas mãos, apesar de ter diversos carros que se enquadram nas novas regras. Um é o Peugeot 208 fabricado na Argentina. O outro é o Fiat Cronos, sedã que é o carro mais vendido do país vizinho ao mesmo tempo em que é o três volumes mais em conta do Brasil.
Por preço e emissões ambientais, o Peugeot 208 teria todas as condições para se tornar um dos modelos com grandes reduções de preço. Agora, com a decisão de priorizar modelos com peças locais, a Peugeot argentina ficará em desvantagem em relação a outros rivais produzidos no Brasil, como Chevrolet Onix, Fiat Argo, Hyundai HB20 e Renault Kwid, entre outros. Da mesma forma, o Fiat Cronos terá desvantagem na comparação com HB20S, Onix Plus e similares. A medida ainda deve afetar o Nissan Versa, que é importado do México. O sedã é o único a vir desse país que se enquadra no limite de preço de R$ 120 mil.
As novas regras anunciadas pelo MDIC incluem a redução de impostos impactará modelos de até R$ 120 mil com reduções que vão desde 1,5% a 10,79%, dependendo de algumas regras. Os impostos envolvidos são o IPI, PIS e Cofins, sendo que o Ministério da Fazenda tem 15 dias para mostrar o quanto deixará de ser arrecadado e como compensará isso no orçamento.
Com isso, segundo a Anfavea, os modelos mais baratos poderão voltar a custar menos de R$ 60 mil sem prejuízos aos equipamentos e segurança. Cada montadora tem a sua política de preços e ficará para cada uma como entrar nesse projeto e o quanto conseguirá com base nas regras apresentadas até o momento. Outras medidas foram anunciadas para a indústria, como a taxa de juros especial para projetos de pesquisas e inovação e R$ 4 bilhões do BNDES para as que trabalham com exportação baseado no dólar.
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