"Ninguém na Europa está criando um motor a combustão novo", diz CEO da Renault
Luca de Meo afirma que as fabricantes estão usando o dinheiro para fazer elétricos e carros a hidrogênio
Mesmo que votada favoravelmente, a proibição da venda de carros novos movidos por motores de combustão não entrará em vigor na União Europeia até 2035. Entretanto, muitas empresas já anunciaram planos de se tornarem completamente elétricas bem antes de meados da próxima década. A Jaguar vai dar adeus aos motores térmicos já em 2025, assim como Renault, Volvo, Ford (na Europa), Bentley e Rolls-Royce.
Dentro de sete anos, a maioria das marcas da Stellantis (se não todas) abandonarão os motores a gasolina e diesel. A Audi lançará somente carros elétricos a partir de 2026 e pretende terminar a produção de modelos com propulsores a combustão até 2033. Suas rivais BMW e Mercedes-Benz seguirão de perto, oferecendo somente elétricos antes de 2030, ao menos nos mercados onde isto será obrigatório, como na Europa.
Volkswagen, Skoda e Cupra/Seat expressaram seu desejo de fazer transição para um portfólio elétrico, lançando muitos modelos de emissão zero nos próximos anos. Fora das marcas europeias, Kia e Hyundai venderão somente carros elétricos a partir de 2035 no Velho Continente, cinco anos após a marca de luxo Genesis.
Renault Megane R.S. Ultime 2023
Por mais chocante que possa parecer a seguinte declaração de Luca de Meo, as fabricantes se afastaram claramente do desenvolvimento de novos motores de combustão. Falando em um evento do Politico, o CEO do Grupo Renault disse:
"Acho que não há ninguém... que esteja desenvolvendo um motor completamente novo na Europa. Ninguém está, você sabe, a partir do zero, desenvolvendo um novo motor de combustão na Europa. Todo o dinheiro está indo para a tecnologia elétrica ou de hidrogênio".
Alguns dos motores de combustão disponíveis hoje serão descontinuados nos próximos anos, enquanto os restantes terão que ser atualizados para atender aos regulamentos do Euro 7. Naturalmente, os motores a diesel e os propulsores maiores abastecidos a gasolina são os mais vulneráveis e serão os primeiros a serem extintos. A Bugatti já anunciou que seu próximo carro não terá o W16, enquanto o V12 é encontrado em apenas um punhado de carros. O V10 também está com os dias contados, considerando que a Audi está matando o R8 e a Lamborghini está planejando um sucessor para o Huracan com uma configuração híbrida e motor menor.
Há uma esperança para os motores a combustão, pois os combustíveis sintéticos poderiam evoluir para uma alternativa aos elétricos ou movidos a hidrogênio. Uma reportagem publicada pela agência Reuters no início desta semana afirma que a Comissão Europeia está elaborando um plano para permitir que os fabricantes de automóveis vendam novos carros com motor a combustão que usem os combustíveis sintéticos após 2035.
Luca de Meo descreveu os e-combustíveis como sendo "uma espécie de solução de nicho", mas admitiu que eles representam "uma oportunidade". O diretor do Grupo Renault disse ainda que a produção teria que aumentar consideravelmente para ter cadeias de abastecimento fortes.
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