Especial: Chevrolet Spin honra a história da saudosa Zafira?
Comparamos as gerações de minivans, de eras diferentes, para ver onde evoluiu e onde ficou pior que no passado
A Chevrolet Spin foi apresentada em 2012 com uma dura missão: substituir de uma só vez Meriva e Zafira. Foi um período de transição da marca no Brasil, que estava deixando para trás os bons - mas desatualizados - projetos da Opel em favor de plataformas globais ou soluções simplificadas nacionais. Da primeira, vieram ainda modelos como o Cobalt, enquanto a segunda resultou em carros como o Agile.
Passados mais de 10 anos desde sua apresentação, ainda há fãs da marca que fazem cara feia para a Spin, alegando que Meriva e Zafira eram muito melhores. Agora colocamos uma Spin LTZ 1.8 flex 2023 frente à frente com uma Zafira Elegance 2.0 16V 2005 pra mostrar que, apesar de ter ocupado o espaço, a Spin nunca conseguiria ser uma "nova Zafira".
Galeria: Especial: Chevrolet Spin x Chevrolet Zafira
Vamos entender o preço primeiro
A Spin LTZ das fotos é uma de 5 lugares (R$ 117.750) e aí começa uma certa bagunça na linha da Chevrolet. A versão LT tem opção de 5 (R$ 108.290) ou 7 lugares (R$ 116.190), enquanto a mais completa Premier (R$ 130.290) é sempre 7 lugares. A LTZ não tem essa opção por mais assentos.
No entanto, mesmo considerando o preço da Spin mais cara, seus valores são bem menores do que se era cobrado por uma Zafira. No ano de 2005, uma Zafira Elegance que nem a das fotos, uma versão intermediária entre a Comfort e Elite, e custava R$ 57.590. Pouco, não? Mas corrigindo o preço para o dinheiro de hoje, era um carro de praticamente R$ 200 mil.
Em termos de valores, já dá para entender que o objetivo da Spin nunca foi ser a substituta direta da Zafira. Considerando os valores de época e o que a Spin entrega hoje, faz mais sentido considerar a minivan como uma "nova Meriva" que pode ter 7 lugares. No passado, a Meriva era mais simples e com 5 assentos, enquanto a Zafira era mais completa e sempre com 7 lugares. E as consequências dessa mudança ficam bem visíveis quando os carros estão lado a lado.
Pose a Spin tem, conteúdo...nem tanto
Com Spin e Zafira próximas, a primeira parece até maior que a segunda. A atual minivan da Chevrolet tem mais porte, mais vincos e uma linha de cintura elevada. Mas analisando os números friamente, a única medida que ela tem consideravelmente mais que a Zafira é a altura. Por outro lado, tem bem menos entre-eixos.
A Chevrolet Spin também é consideravelmente mais leve que a Zafira e espero que essa economia tenha vindo de materiais mais leves e resistentes, além de processos mais modernos. Se não, é de se estranhar uma diferença de peso tão grande em carros com praticamente as mesmas medidas.
Uma vantagem de fato da Spin é o espaço do bagageiro. São 553 litros na versão de 7 lugares com a terceira fileira recolhida contra 445 litros da Zafira na mesma situação. A questão é que a litragem do modelo antigo independe de se ter 5 ou 7 lugares. A Spin sem estar equipada com uma terceira fileira, como na versão LTZ das fotos, tem 710 litros.
Medidas |
Chevrolet Spin |
Chevrolet Zafira |
Comprimento | 4.360 mm | 4.334 mm |
Largura | 1.735 mm | 1.742 mm |
Altura | 1.684 mm | 1.629 mm |
Entre-eixos | 2.620 mm | 2.703 mm |
Porta-malas |
553 litros (7 lugares com 5 em uso) 710 litros (5 lugares) |
445 litros (5 lugares em uso) |
Peso | 1.235 kg (Premier) | 1.405 kg (Elegance 2.0 8V MT) |
Isso se dá pelo sistema Flex 7 da Zafira. Nele, os bancos individuais se recolhem para dentro do assoalho e sob a segunda fileira, nunca atrapalhando o espaço do bagageiro. Na Spin com 7 lugares a fileira mesmo dobrada fica postada no meio do bagageiro e ocupando espaço sem necessidade. O espaço na terceira fileira é pequeno em ambas, mas a Zafira permite usar apenas um dos assentos extras, enquanto a terceira fileira da Spin é montada inteira, usando-se os dois assentos ou não. E há um agravante: mesmo sem o terceiro banco, há as grandes caixas de roda da Spin, que atrapalham na hora de armazenar itens maiores.
Por dentro, é muito mais fácil ver que a Chevrolet Zafira tinha mais atenção aos detalhes que a Spin. A Zafira não tenta disfarçar que é uma minivan e as grandes janelas, fruto da linha de cintura baixa, deixam a visibilidade muito melhor que na Spin, que passa uma impressão maior de se estar "enterrado" no carro.
O acabamento é outra lavada da Zafira sobre a Spin. Mesmo comparando as respectivas versões intermediárias, falta muita coisa na minivan atual. A Zafira tem couro nos bancos e portas, além de material macio ao toque no painel. Vamos lembrar que a Zafira das fotos é 2004/2005 e, mesmo assim, tem muito mais equipamentos de conforto de série. Ela traz espelho fotocrômico, ajuste de altura e profundidade do volante, encosto de braço dianteiro ajustável, ar-condicionado automático, ajuste lombar para o motorista e airbag duplo frontal 8 anos antes de o item se tornar obrigatório. Nada disso tem na Spin, além dos obrigatórios ABS e airbag duplo.
Na comparação, a sucessora é muito mais espartana, com plásticos rígidos aparentes em toda a cabine e menos itens de conforto. As evoluções, em grande parte, vieram de exigências legais, como o ABS e controle de tração, obrigatórias. A única coisa que a mais que a Spin tem mais que a Zafira é a central multimídia com Android Auto e Apple Car Play, que nem existia em 2005.
O melhor não é o mais barato
Também há questão do refinamento de projeto das duas minivans. Basicamente, a Zafira tem e a Spin não. Na primeira, até pelo peso maior, encontram-se freios a disco no eixo traseiro e não vamos esquecer que o projeto original da Opel Zafira contou com a consultoria da Porsche no desenvolvimento da suspensão traseira.
O resultado é que a Zafira tem um comportamento dinâmico interessante. Em movimento, parece flutuar sobre as ondulações, principalmente na estrada, mas na hora de contornar as curvas, a carroceria rola pouco e o carro passa muita confiança. É um equilíbrio muito difícil - e caro - de ser atingido. Andando, a Zafira passa uma sensação grande de peso e solidez.
Mais leve e com assistência elétrica para a direção, a Spin passa uma sensação de ser "oca". Bem mais ágil nas mudanças de direção que a antecessora, mas sua suspensão é mais firme e não absorve tão bem os buracos. Por outro lado, sendo mais leve e com motor 8 válvulas que foi bastante retrabalhado no passar dos anos, passa a impressão de acelerar bem mais rápido e ser bem mais ágil que a Zafira. Mas o refinamento da condução é menor na Spin.
Em números, o motor 2.0 16V a gasolina da Zafira das fotos entregava quando novo 136 cv de potência a 5.400 rpm e 19,2 kgfm de torque a elevadíssimos 4.000 rpm. Já o 1.8 8V flex da Spin, com gasolina, entrega respectivamente 106 cv a 5.200 rpm e 16,8 kgfm a 2.600 rpm, muito mais cedo. Combinar um motor multiválvulas antigo, sem variador e com pico elevado de torque a um peso considerável fez com que a Zafira parecesse manca perto da Spin. Mas fica o questionamento: se é um carro familiar, aceleração é realmente prioridade?
Conclusão: não temos o melhor, mas temos
Olhando-as lado a lado, fica mais fácil de ver que a Chevrolet nunca tentou substituir a Zafira com a Spin. O que ela viu na época foi o crescimento dos custos pelas maiores exigências de itens de segurança e o movimento do público com mais dinheiro em direção aos SUVs. Uma minivan de 7 lugares refinada e custando R$ 200 mil não faz mais sentido, esse carro hoje foi totalmente substituído (para o bem ou para mal) pelos utilitários esportivos.
O que justifica a existência da Chevrolet Spin ainda hoje é o fato de ela oferecer uma carroceria prática para as famílias, com espaço de sobra e a possibilidade de se ter ou não 7 assentos sem cobrar o mesmo que um SUV. A Spin é hoje o carro 0km mais barato com 3 fileiras de bancos e, se ela não existisse ou fosse mais cara, a situação das famílias grandes seria bem mais difícil. Ela pode não ser a melhor minivan que a Chevrolet já vendeu no Brasil, mas ainda está aí, ao contrário de rivais do passado, como Nissan Grand Livina e Fiat Doblò.
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