Ainda em julho, a Abraciclo, associação que reúne as principais fabricantes de motos e bicicletas nacionais, anunciou um reajuste para cima de sua previsão para a produção de motocicletas no Brasil em 2022. Baseada nos dados do acumulado entre janeiro e junho, a entidade já tinha aumentado sua projeção inicial.

Até junho, a Abraciclo trabalhava com a previsão de que suas associadas conseguiriam produzir cerca de 1.290.000 motocicletas neste ano. Em julho, o número subiu para 1.320.000. Considerando os dados até setembro, a associação elevou mais uma vez a projeção. Agora, a entidade espera que sejam produzidas cerca de 1.420.000 unidades. Caso o número se realize ao final de 2022, o crescimento ante o acumulado de 2021 chegaria a 18,8%.

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Para tal, a Abraciclo está projetando ainda que as exportações cheguem a 59 mil unidades (crescimento de 10,3%) em 2022, mesmo que a participação da Argentina, maior consumidora dos produtos nacionais, esteja em queda por conta da dificuldade econômica. Espera-se ainda que os emplacamentos nacionais em 2022 cheguem a 1.350.000 unidades até o final do ano, ou 16,7% a mais que em 2021.

Confirmado o resultado esperado pela associação, o mercado de motocicletas nacional teria seu melhor ano de produção desde 2014, quando 1.518.000 unidades fora fabricadas. No entanto, o melhor ano do segmento continua sendo 2011, quando 2.137.000 motos saíram das linhas de montagem nacionais, a maioria concentrada no Polo Industrial de Manaus (PIM).

Otimismo sim, mas economia ainda preocupa

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Apesar do otimismo para o fechamento do ano, a produção de motocicletas no Brasil caiu em setembro na comparação com agosto. Com 139.622 unidades construídas no último mês, a retração foi de 4,3% ante as 145.852 unidades de agosto por conta de um menor número de dias úteis. Porém, vale lembrar que agosto é ate agora o melhor mês para a produção de motos no país neste ano.

Na comparação com setembro do ano passado, houve alta de 28,2% (108.948 unidades). Esse foi o melhor desempenho para o mês desde 2013 (150.731 unidades). Com isso, a indústria superou a marca de 1 milhão de unidades em nove meses. De janeiro a setembro, 1.061.543 motocicletas saíram das linhas de montagem do Polo Industrial de Manaus (PIM), o que corresponde a uma alta de 18,4% na comparação com o mesmo período do ano passado (896.558 unidades).

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De acordo com levantamento da associação, esse é o melhor resultado para o período em oito anos. Em 2014, foram fabricadas 1.166.527 motocicletas. “Estamos bem próximos do número alcançado em todo o ano de 2019, antes da chegada da pandemia, quando foram fabricadas 1,1 milhão de unidades”, afirma Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.

Ainda assim, alguns fatores ainda estariam jogando contra. A Abraciclo prevê que algumas de suas associadas passarão por férias coletivas até o final do ano. Além disso, Fermanian afirmou que "estamos atentos às variáveis, como a alta da inflação e as taxas de juros, que comprometem o poder aquisitivo da população. São fatores que podem fazer o consumidor deixar de adquirir um produto. Ainda estamos bem distantes do recorde de 2,1 milhões de motocicletas produzidas em 2011. Mas acreditamos que, devido ao aquecimento do mercado, a indústria estará gradualmente retomando sua produção”.

Dessa forma, a normalização entre a demanda e a oferta de motocicletas novas no mercado nacional ainda deve levar mais tempo. O executivo afirmou que "atualmente, para equilibrar a demanda, seria necessário uma produção adicional de 100 mil unidades por mês". Entre as férias coletivas, maior dificuldade para obtenção de financiamentos nos segmentos de baixa cilindrada - responsável por mais de 80% das vendas atualmente - e o aumento dos preços das motos, as filas de espera ainda devem permanecer como uma realidade.


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