Linha de carros da Fiat no Brasil é 2,5x mais nova que na Itália
Líder no Brasil e com uma linha bem mais atual, a Fiat segue perdendo espaço na Itália
Conforme a globalização força muitas empresas a operar no máximo de mercados possível, algumas marcas de carros tentam tornar-se globais ao lançar uma linha de modelos dedicada para cada país. Embora algumas fabricantes não estejam disponíveis em cada nação, e algumas prefiram concentrar-se em apenas uma região, aqueles que tentam ter um papel maior precisam estar presentes em vários mercados para conseguir sobreviver.
A Fiat tem sido uma marca automotiva histórica no Brasil e na Europa. Tentou expandir sua presença em outros mercados como Estados Unidos, Índia, Rússia e China, em alguns casos sem sucesso. Ainda assim, a maior parte de sua operação acontece na Europa e na América do Sul. No ano passado, estas duas regiões corresponderam a 97% de suas vendas globais. O Velho Continente contabilizou 57% deste total, enquanto a América Latina representou 40% das vendas. A marca vendeu cerca de 36 mil unidades no resto do mundo, com presença zero na China e Índia.
Mas a presença da Fiat nestas duas regiões é bem diferente
Resultados opostos
A Fiat é mundialmente conhecida por fazer carros pequenos e práticos. Ao menos, este era o posicionamento da marca nos últimos 20 anos. Porém, existem grandes diferenças entre a percepção do público na Itália e no Brasil, seus dois maiores mercados. Até mesmo o posicionamento da empresa é extremamente diferente.
Na Itália, para onde foram 21% dos carros vendidos no ano passado, a marca enfrenta tempos desafiadores. Enquanto o Panda e o 500 continuam a liderar o mercado italiano e são os principais nomes do segmento A, o resto da linha mal pode competir contra as outras fabricantes generalistas. A fabricante deixou o segmento B quando tirou o Punto de linha, mesmo que esta categoria ainda corresponda a 21% do mercado automotivo no acumulado deste ano até agosto.
O Tipo tem 11% de participação do segmento C, atrás do Volkswagen Golf e Audi A3. E no segmento dos SUVs compactos, onde está o 500X, a Fiat ficou bem longe dos rivais Ford Puma e Jeep Renegade nos 8 primeiros meses do ano. No total, a participação de mercado da Fiat dentro do mercado italiano é de 14,3%. Cinco anos atrás, em 2017, ela tinha 20,1% das vendas e, 30 anos atrás, era quase 32%.
A situação é bem diferente no Brasil, como sabemos muito bem. Desde 2021, o país é o maior mercado da Fiat, liderando as vendas e mantendo um market share grande apesar da falta dos SUVs (isto mudou há pouco tempo, com a chegada do Pulse e do Fastback) e com o crescimento da Jeep desde o início da produção local. A Fiat está com 22% de participação de mercado neste ano. Cinco anos atrás, era 13%. Em 2012, era 23%.
Percepções diferentes
Parte da explicação é por conta da percepção do público. Aqui no Brasil, a Fiat sempre foi uma marca posicionada nos segmentos de maior volume, aproveitando-se da ampla rede de concessionários, além de ter um preço competitivo. Ainda há o força no segmento de comerciais leves, com a Fiat Strada, que agora domina o segmento por ser a única picape compacta com uma geração mais atual – a outra opção é a Volkswagen Saveiro, que não tem novidades há anos.
Os últimos lançamentos estão começando a mudar um pouco o posicionamento da Fiat no Brasil. A Toro já alterou esta situação, como uma picape mais de lifestyle do que realmente usado para trabalho. O Fastback, lançado este mês, segue esta linha ao apostar em um design diferente para o segmento dos SUVs.
A Fiat lançou cinco modelos diferentes nos últimos cinco anos. Isto faz com que a idade média do portfólio brasileiro (excluindo as vans) seja de 3,4 anos. Em comparação, a Fiat Itália tem seis carros diferentes no total, e com uma idade média que já chega 8,7 anos desde o lançamento. A última vez que a divisão italiana da marca introduziu um novo veículo foi em 2020, quando o Fiat 500e foi apresentado. Antes disso, havia sido o Tipo e o 500X, ambos em 2015.
Inovação, consistência no lançamento de novos produtos e uma conexão maior com os clientes e suas necessidades fazem com a Fiat Brasil seja um exemplo para as outras divisões da marca.
Autor do artigo, Felipe Munoz é Especialista da Indústria Automotiva da JATO Dynamics.
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