O sistema de freios ABS é um equipamento de segurança que evita o travamento das rodas em frenagens fortes, aumentando o controle do motorista sobre o veículo em situações de emergência. Obrigatório no Brasil para os carros desde 2014, o ABS existe há décadas nos mercados internacionais e, mesmo assim, não está presente em todas as motos.
O que pode soar estranho, afinal, quando uma moto derrapa na frenagem, é muito mais difícil de controlar do que um carro. E quando uma moto perde o controle, a chance de queda - e de se machucar - é muito maior que em qualquer outro tipo de veículo. Será mesmo que as montadoras estão apenas economizando na produção e colocando a segurança dos usuários de motocicletas em risco? A resposta é um sonoro não.
Antes de abordar a questão, é preciso explicar um pouco mais sobre os dois tipos de freios oferecidos atualmente para as motos no mercado brasileiro. O primeiro é o CBS, sigla em inglês para Sistema de Freio Combinado. Nele, há um dispositivo que envia ao menos uma parte da força de frenagem para ambas as rodas.
Isso acontece porque, nas motos, os freios dianteiro e traseiro são acionados individualmente. Alguns usuários, por medo ou falta de conhecimento, podem acabar usando mais o traseiro do que o dianteiro e vice-versa. Por via de regra, a distribuição ideal é 70% na frente e 30% atrás. Mas acertar a proporção exige prática.
No freio CBS, mesmo que o motorista aplique força apenas ao freio traseiro, o sistema se encarrega de enviar força de frenagem também ao dianteiro, equilibrando a manobra e tornando a parada mais segura mesmo para usuários com menor habilidade, treinamento ou conhecimento. No entanto, ele não evita que as rodas travem.
Esse é o principal diferencial do ABS. E quando a moto o traz de série, não necessariamente ele equilibra a força de frenagem entre as rodas como o CBS, mas com certeza evitará uma derrapagem caso a força vá toda para uma das rodas apenas. Mas também exigem atenção. Alguns modelos, principalmente os mais baratos com ABS, têm o sistema apenas na roda dianteira (1 canal), enquanto o de 2 canais (para as duas rodas) aparece mais em motos de maior cilindrada.
O governo até tentou fazer algo a respeito. Assim como no caso dos carros, há uma resolução do Contran do final de 2014 regulamentando a exigência de sistemas de freios mais seguros para as motocicletas. A questão é que foi dado um prazo para que as montadoras se adaptassem, o que é natural, mas, até hoje, o ABS em si não é obrigatório para todas as motos fabricadas no Brasil.
De acordo com a resolução do Contran, as motos precisam sair de fábrica com sistemas que auxiliam a frenagem, sejam eles CBS ou ABS. A ressalva é que, motos com mais de 300 cilindradas precisam obrigatoriamente ter ABS. A adoção dos sistemas foi gradual, começando com 10% da produção em 2016 e, desde 2019, todas as motos fabricadas devem trazer uma das duas soluções.
Ou seja, quando o governo federal, por meio do Contran, decidiu regulamentar os equipamentos de segurança de frenagem para motos, deixou em aberto a utilização do CBS, que é um incremento, mas não é tão seguro ou eficiente quanto o ABS, para as motos pequenas (abaixo de 300 cm³), que representam a maior parcela das vendas em nosso mercado.
A outra parcela da "culpa" pela ausência de ABS em todas as motos está no próprio mercado. O sistema de freios ABS não é de graça, nem aparece magicamente na sua motocicleta. É um sistema complexo e que agrega tecnologia embarcada para a moto. E vocês sabem o que isso significa: preço mais alto.
Usando como exemplo a Honda PCX, a scooter mais vendida do Brasil, essa diferença de preço fica mais clara. A versão CBS, mais barata da linha, está tabelada em R$ 14.260 (sem frete). Já a PCX ABS, com a mesma mecânica e demais equipamentos de série, já sobe para R$ 15.820 (sem frete). A diferença é de "somente" R$ 1.560. Parece um pouco, mas é um acréscimo de 10,9% no valor final. E o segmento de motos de entrada é extremamente sensível a valores. Uma diferença de 11% pode definir se o interessado pode ou não comprar o veículo.
Vamos entender uma coisa: montadoras são empresas que precisam faturar para continuar em operação. Se o governo não exige um equipamento por lei, o mercado não o demanda e pode nem ter como arcar por ele, é muito difícil que tal item simplesmente apareça no veículo por pura benevolência.
Há dois caminhos para mudar essa situação. Ou se muda a lei, ou o mercado passa a exigir o ABS nas motos pequenas também. Ao menos que você trabalhe no Contran, você faz parte do mercado e a exigência por motos pequenas com ABS teria que partir do nosso lado, o lado de quem compra. Mas tenha consciência de que isso deixará as motos ainda mais caras.
Por mais que possa parecer um cenário onde temos pouco controle da situação, já podemos ver algumas mudanças acontecendo. Um exemplo foi o lançamento recente da Yamaha Fluo 125. A scooter só não é mais barata que a NEO 125 (com CBS) na linha da marca e já veio dotada de freio ABS. Apenas na dianteira, fato, mas já é uma mudança que mostra que os brasileiros estão exigindo mais segurança em suas motos e as montadoras já estão de olho.
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