Se alguém esperava que os SUVs iriam reduzir o ritmo de crescimento, esta notícia não é nada animadora. O último relatório da Fenabrave, entidade que divulga os números de emplacamentos no Brasil, revela que os utilitários fecharam 2021 com 42,90% de participação no mercado, superando com folga os hatches (34,97%) e com um pouco mais do que o dobro do que os sedãs (19,67%).
O resultado em 2021 foi bem positivo para os SUVs, pois tiveram um crescimento considerável na participação. Em 2020, representavam 32,70% dos emplacamentos, mas ainda estava abaixo do resultado dos hatchbacks, que foram 42,48% das vendas, considerando os subcompactos, compactos e médios. Já os sedãs, desde os pequenos até os grandes, corresponderam a 22,67% do mercado brasileiro.
Esta mudança do paradigma é explicada por uma série de fatores. Para começar, a óbvia preferência do público (e, por tanto, das fabricantes) pelos SUVs. Com a procura em alta, cada vez mais as empresas apostam neste tipo de carroceria e ampliam o seu leque de modelos. Um exemplo é a Volkswagen, que lançou três carros deste tipo de 2019 para cá (T-Cross, Nivus e Taos), e ainda veremos a reestilização do Tiguan neste ano e mais um modelo inédito para depois de 2023. A Fiat foi outra que entrou no segmento, começando pelo Pulse e ainda lançará um segundo modelo feito no Brasil ainda no 1º semestre.
Muitos destes utilitários acabaram canibalizando vendas de outas carrocerias, por ocupar uma faixa de preço semelhante. Este foi o destino do Civic, que viu o HR-V virar o carro mais vendido da Honda. A Volkswagen é um exemplo disso também, com T-Cross e Nivus atraindo os clientes de Polo, Nivus e Jetta. Em alguns dos casos, acabou por dominar completamente as vendas da fabricante, como é o caso de Nissan Kicks.
O momento também atrapalhou os hatchbacks. Muitos deles saíram de linha ao longo de 2021, como Fiat Uno, Ford Ka, Volkswagen Fox e Up. Os que restaram tiveram a produção reduzida ou até paralisada durantes meses, por causa da falta de semicondutores. Com um estoque pequeno dos componentes, as fabricantes optaram por montar os carros que são mais caros e rendem mais, deixando os hatches de lado por serem, em sua maioria, modelos mais baratos (e, portanto, com uma margem de lucro menor).
A tendência é que este crescimento continue, quando veremos o efeito do fim das vendas de alguns modelos que saíram de linha no final do ano passado, como Uno ou Chevrolet Onix Joy. Além disso, há mais lançamentos programados, como o SUV-cupê da Fiat, a nova geração do Honda HR-V ou o Jeep Renegade com motor 1.3 turbo e um novo visual.
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