A atual geração da Chevrolet S10 foi apresentada em 2012. Já com 10 anos nas costas, a picape média mudou algumas vezes nesse tempo e ganhou algumas versões para dar um novo ar e seguir vendendo bem nas lojas. A estratégia se repete com a S10 Z71, trazendo a sigla ao mercado brasileiro com uma proposta visual mais esportiva.
Neste teste, foram mais de 1.100 km rodados com a Chevrolet S10 Z71 na cidade, estrada e um leve fora-de-estrada. Em cerca de 1 mês, foi possível identificar as melhorias e as faltas da nova versão e onde a idade já pesa na S10, principalmente perto da apresentação da sua nova geração global, que deve acontecer entre este ano e o próximo.
Se a meta da Chevrolet era fazer uma S10 com visual mais descolado, funcionou. A receita é bem simples, com apliques nos para-lamas para dar uma alargada leve na carroceria, rodas de 18" com pneus de uso misto pintadas em preto acetinado, adesivos na base das portas e tampa da caçamba, logos em preto, santantonio tubular, estribo lateral exclusivo e a grade dianteira com o Chevrolet destacado e o logo Z71 discreto abaixo. É bonita, sem dúvidas.
Se por fora a S10 Z71 parece uma versão topo, por dentro é simples demais para uma picape que já se aproxima dos R$ 280 mil. Baseada na versão LT, vem com os bancos em couro com costura vermelha, porém é estranho ver um carro desse preço com ar-condicionado manual, uma central multimídia com tela de 7" e sem itens como acendimento automático dos faróis, chave presencial com botão de partida e sem a regulagem de profundidade da coluna de direção.
A parte mecânica é a mesma. Se eram esperadas mudanças como suspensão exclusiva e bloqueio do diferencial traseiro, a Z71 se limitou a copiar quase tudo das demais versões da S10. Ou seja, o motor 2.8 turbodiesel de 200 cv e 51 kgfm de torque, que ganhou uma nova calibração em 2021, segue ligado ao câmbio automático de 6 marchas com um sistema de tração 4x4 com reduzida. É o conjunto já conhecido do mercado e que está na picape há tantos anos e foi modificado levemente com o passar do tempo.
A S10 Z71 foi minha companheira no período de fim de ano e nas minhas férias. Ou seja, não foi difícil colocar os mais de 1.100 km no hodômetro dela, bem misturado em diversos usos. Desde se apertar para ir ao mercado e shopping para as compras de Natal até encarar uma mudança para um sítio em dia de chuva forte para testar os pneus e sua capacidade fora-de-estrada como um dono de picape comum irá a utilizar.
Na cidade, é uma picape média de 5,36 m de comprimento. Precisa escolher bem onde vai entrar e procurar bem vagas, principalmente em estabelecimentos comerciais acostumados a, no máximo, SUVs médios. A direção elétrica ajuda na hora de fazer as manobras, assim como o bom ângulo de esterço, assim como a suspensão que nem sente os buracos e valetas se você estiver nos bancos dianteiros - já o pessoal do banco de trás irá te ofender a cada passagem "pula-pula" mais rápida, ainda uma característica das picapes com feixes de molas na traseira.
Os pneus de uso misto, Michelin LTX Force, não chegam a atrapalhar no conforto acústico, mas por serem mais duros para suportar o fora-de-estrada, acabam prejudicando um pouco o conforto ao rodar e um pouco do consumo. Na cidade, a Z71 marcou 8,2 km/litro, ante os 8,7 km/litro da High Country, uma diferença que podemos colocar na conta desses pneus mais pesados e com resistência a rolagem maior.
Na estrada, a força do 2.8 turbodiesel se destaca. O novo turbo da S10 já coloca força logo cedo, com um turbolag baixo, quase inexistente. Ela é esperta, pula a qualquer toque no acelerador, apesar de seu câmbio seguir com uma programação que chega a ser exageradamente desesperado nas reduções. É comum reduzir duas marchas a um toque mais rápido no acelerador e segurar a rotação por bastante tempo, principalmente nas rodovias. Em números, registrou o mesmo 0 a 100 km/h da High Country, em 10,6 segundos.
É boa boa picape para dirigir, mas não por longos tempos. Reflexo da idade, a ergonomia é ruim, principalmente por uma coluna de direção com regulagem apenas de altura, e bancos rasos e com pouco apoio para o corpo, o que acaba cansando o motorista em uma viagem curta, de cerca de 2 horas, por exemplo. Nesse ponto, Toyota Hilux e Ford Ranger, por exemplo, estão bem melhores, mas esperamos que isso mude na nova geração.
Na terra, se sai como...uma S10. Os pneus até ajudam em alguns momentos, mas nada que a Z71 faça que as demais não entrem. Boa força, suspensão que trabalha bem nessas situações, como a S10 já é conhecida - inclusive a ausência de um bloqueio do diferencial traseiro, essencial em fora-de-estrada mais pesado. Uma bonita roupa para dar um visual diferente e dar um fôlego nas vendas.
Por R$ 274.800, é a opção intermediária da S10. Como referência, uma S10 High Country, bem mais completa, custa R$ 297.130 - ou R$ 22.330 a mais, menos de 10% de diferença. Se não for pelo apelo visual e pelo o que as demais versões oferecem, talvez valha a pena pagar um pouco a mais por itens como o ar-condicionado automático, multimídia com tela de 8" e espelhamento sem fios e os alerta de colisão com frenagem automática e assistente de faixas. E ainda há a LTZ entre elas.
A S10 Z71 agrada pelo visual, mas fica devendo equipamentos na faixa de preço. Uma Ford Ranger Storm custa R$ 246.190 e tem a mesma proposta e com mais equipamentos. Se fosse baseada na S10 LTZ já seria uma melhor opção, mas ainda teria que tomar cuidado com o preço. Será uma versão para se despedir desta geração até 2023?
Chevrolet S10 Z71
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