Não bastasse as paralisações de fábricas de carros, a crise de semicondutores também começa a causar a suspensão temporária de contratos de trabalho e até demissões. O ajuste no quadro de funcionários é uma medida que começa a ser tomada pela Renault em sua fábrica de São José dos Pinhais (PR).
As informações são do site Automotive Business, que afirma que a montadora justifica o pacote de medidas para tentar contornar a escassez de semicondutores, que há alguns meses vem causando sucessivas paradas de produção nas montadoras que contam com fábricas no Brasil. O pacote de medidas, que inclui desde lay-off até planos de demissão voluntária (PDV), foi aprovado pelos funcionários no último dia 30 de setembro.
Atualmente, o complexo industrial da Renault em São José dos Pinhais (PR) é responsável pela produção dos modelos Kwid, Sandero, Logan, Stepway, Duster, Duster Oroch e pelo SUV Captur, bem como o utilitário comercial Master em suas diversas configurações (furão e passageiro). Existe ainda uma unidade dedicada a produção de componentes como blocos e cabeçotes de motor. De acordo com cálculos da marca francesa, é necessário reduzir 550 postos de trabalho nas áreas de produção da fábrica, que hoje emprega por volta de 5 mil funcionários.
Além das medidas como a suspensão temporária de contratos de trabalho (lay-off) e Plano de Demissão Voluntária (PDV), o pacote inclui também um Plano de Demissão Involuntária (PDI). Para o PDV, a empresa espera que ao menos 250 colaboradores façam a adesão nesta modalidade. Neste caso, os funcionários que optarem por este plano terão o pagamento de 10 salários, verbas rescisórias e plano de saúde ativo por ao menos seis meses. Mas se a meta de voluntários não for atingida, entra em ação o PDI com pagamento de cinco salários, verbas rescisórias e convênio ativo por 4 meses.
Já em relação ao lay-off, a Renault informou que a suspensão dos contratos de trabalho vai atingir 300 funcionários “ao longo dos próximos meses conforme a necessidade". O contrato aprovado no formato de lay-off terá prazo inicial de 5 meses e 85% do salário líquido para a 1ª turma, enquanto que para as demais turmas será garantido 70% do salário líquido. Houve também a aprovação de redução de jornada, que manterá até 18 dias por ano e no máximo o desconto de 3 dias por mês.
Vale lembrar que no decorrer de 2021 a Renault for forçada a paralisar temporariamente sua produção por conta da falta de peças. Em fevereiro foram dois dias, enquanto que em julho a marca deu férias coletivas por quase três semanas para os trabalhadores da planta paranaense por conta da falta de semicondutores. Porém, vale lembrar que mesmo com a situação atípica a Renault anunciou um investimento de R$ 1,1 bilhão no Brasil em março, aporte previsto para a renovação de cinco produtos e introdução de versões com motor turbo até o primeiro semestre de 2022.
“A crise de componentes a nível mundial, da indústria brasileira, do setor, tem feito com que as empresas perdessem a competividade. Os trabalhadores novamente precisam investir para garantir emprego, concedendo INPC em troca de abono, aceitando um PDV e redução de jornada para deixar a empresa mais competitiva. São os trabalhadores que estão buscando as soluções. Os governos que aí estão não estão fazendo nada”, Sérgio Butka, presidente do sindicato dos metalúrgicos local.
A redução do número de funcionários na fábrica de São José dos Pinhais (PR) não é novidade, pois o tema está em discussão desde julho de 2020. Desde aquela época o quadro de colaboradores era considerado excedente para a montadora diante de sua produção. Com isso, a fabricante constatou que havia 800 funcionários a mais para a demanda de produção. Naquele momento, a empresa fechou o terceiro turno da fábrica e demitiu, ao todo, 747 funcionários.
Fonte: Automotive Business
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