Nem Toro nem Pulse: Fiat já tem longa história com motores turbo

Uno, Tempra, Marea, Punto, Linea e Bravo. Todos eles já usaram o poder turbo

Abre Fiat Turbo Abre Fiat Turbo

O Fiat Pulse fará a estreia do tão esperado motor 1.0 turbo da marca italiana nas próximas semanas. Mas não será a primeira vez que a Fiat coloca no mercado brasileiro um motor turbo. Aliás, ela foi uma das pioneiras e uma das que mais acreditou no turbo nas últimas décadas. 

Só no Brasil, esse relacionamento já tem quase 30 anos. Ou seja: não, a Fiat Toro não foi o primeiro carro turbo da marca. Desde a primeira metade da década de 1990 até agora, a empresa já ofereceu outros 6 carros turbo de fábrica. Alguns deixaram saudade, outros foram polêmicos. Vamos relembrar essa história?

Uno Turbo i.e. (1994)

No mesmo ano em o Brasil se tornaria tetracampeão mundial, a Fiat apresentava por aqui o primeiro carro turbo de fábrica do Brasil. Antes de qualquer papo sobre downsizing, a marca lançou aqui em abril daquele ano o Uno Turbo i.e., dando uma origem bastante humilde para a relação da marca com a sobrealimentação.

Baseado no Uno da época, o Turbo i.e. era equipado com o motor 1.4 turbo alimentado por injeção eletrônica, algo ainda não tão comum em nosso mercado. A Fiat já tinha tentado dar um ar de esportivo para hatch com os modelos 1.5R e 1.6R, mas eles não tiveram o mesmo impacto do Uno Turbo.

O motor era importado da Itália, tinha 4 cilindros em linha e 1.372 cm³ de capacidade. Ele trabalhava com 0,8 bar de pressão no turbo para entregar 118 cv de potência e torque máximo de 17,5 kgfm. Graças também ao peso de apenas 975 kg, o Uno Turbo acelerava de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e alcançava velocidade máxima de 195 km/h. Além disso, tinha radiador de óleo, freios maiores, suspensão recalibrada e uma cabine exclusiva.

No entanto, o Uno Turbo era considerado um carro de imagem para a Fiat, quase que uma vitrine tecnológica. Ele foi descontinuado em 1996, quando a marca mudou o foco para o Palio. Nos três anos em que foi vendido por aqui, acumulou 1.081 unidades vendidas e se tornou um objeto de colecionador.

Tempra Turbo i.e.

Lançado no final de 1991, o Tempra foi o primeiro modelo "médio" da Fiat feito no Brasil. Com um motor 2.0 ainda carburado, não emplacou logo de cara. Com o tempo, a marca foi aprimorando a receita do sedã, acrescentando opções de motor 8V ou 16V, injeção eletrônica e mais equipamentos de luxo.

Pouco tempo após a chegada do Uno Turbo, a Fiat usou a mesma fórmula no Tempra. O motor ainda era 2.0 8V dos modelos de entrada, mas reforçado para receber uma turbina Garret T3 empurrando 0,75 bar de pressão. Com isso, ele já conseguia entregar 165 cv e 26,5 kgfm de torque, bem mais que os cerca de 100 cv do 2.0 8V aspirado.

Era o suficiente para que o Tempra Turbo conseguisse acelerar de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos e atingisse 220 km/h de velocidade máxima. A performance colocava próximo ao poderoso Chevrolet Omega 3.0 seis-em-linha da época. Além de arrojos de luxo e tecnologia e ar-condicionado digital, o sedã da Fiat tinha poucos enfeites.

Vinha sempre na carroceria de 2 portas, que só existiu no Brasil, e agregava saias nos para-choques e nas laterais, além de um pequeno aerofólio sobre o pronunciado tampão do porta-malas. Logo após, veio o Tempra Stile Turbo. Tinha todas as soluções mecânicas do Turbo i.e., mas com 4 portas e menos apêndices, oferecendo um visual mais elegante do que esportivo.

As opções turbinadas do Fiat Tempra, porém, duraram apenas até 1997 e não receberam o último facelift feito no sedã. O carro já tinha quase 6 anos de mercado naquele ponto e o polêmico substituto já estava a caminho.

Marea Turbo

Em 1998, a Fiat tirou o Tempra de campo para a entrada do Marea, que chegou com opções sedã e perua. No início, estava disponível com o exótico motor 2.0 20V de cinco cilindros em linha. Ele poderia ter atuador no comando de válvulas, entregando 142 cv e 18,1 kgfm, ou não, com 127 cv e 17,9 kgfm.

Mas não levaria mais que alguns meses até o sucessor espiritual do Tempra Turbo surgisse na forma do renomado Marea Turbo. Ele usava uma base reforçada do cinco cilindros original, mas com uma turbina Garret TB2810 trabalhando a 1,2 bar de pressão. Era a mesma receita do Fiat Coupé europeu, incluindo válvulas que usavam sódio na peça para resfriamento. Mas no lugar dos 220 cv originais, a Fiat reduziu o desempenho para 182 cv e 27 kgfm de torque, buscando maior longevidade.

Testes da época mostravam que o sedã conseguia acelerar de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos, com velocidade máxima de 223 km/h. Quem quisesse mais espaço, poderia ter a mesma receita na perua, a Marea Weekend Turbo. Visualmente, eram poucas as diferenças, que ficavam por conta dos adesivos externos, rodas e saídas de ar no capô.

A receita parecia ótima. Mas, hoje, sabemos que o Fiat Marea Turbo é um carro polêmico. E não há apenas um motivo para essa má fama do modelo. Desde donos que abusaram do bom desempenho à falta de preparo das oficinas da época, além de uma recomendação errada para a troca de óleo, não foram muitas das 2.690 unidades fabricadas do Marea Turbo entre 1999 e 2007, divididas entre 1.643 sedãs e 1.047 peruas, que sobreviveram.

Punto, Linea e Bravo: a era T-Jet

Depois do Marea, chegava ao Brasil em 2007 o Punto, modelo maior e mais refinado que o Palio da época. Um ano depois, desembarcou o sedã Linea, derivado do hatch. Primeiramente equipado com o 1.9 16V (apenas o sedã), que fora substituído pelo E.Torq 1.8, a dupla voltou a carregar a tocha do turbo no catálogo da Fiat em 2009, 15 anos após a estreia do Uno Turbo.

Dessa vez, Punto e Linea usavam um outro 1.4 16V turbo a gasolina que entregava saudáveis 152 cv de potência e 21,1 kgfm de torque. Eram 34 cv e 3,6 kgfm a mais que o antigo 1.4 turbo do Uno. Foi chamado por aqui de T-Jet e era sempre acompanhado por um câmbio manual de 5 marchas. 

O propulsor "sobrava" tanto hatch quanto no sedã. Com desempenho abundante, o motor 1.4 T-Jet acabou indo parar também no Bravo, lançado em 2011 como rival do VW Golf. O hatch médio turbinado começou a ser vendido no mesmo ano e com os mesmos números de desempenho, mas com um exclusivo câmbio manual de 6 marchas. 

No entanto, em plena renovação do catálogo, o Linea foi o primeiro a perder a opção turbinada, ainda no ano modelo 2012. Para Punto e Bravo, o último ano modelo em que o T-Jet foi oferecido foi 2016, quando o médio saiu de linha. O Punto em si ainda sobreviveria mais um ano, mas sem turbo.

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