Dúvida no Brasil desde que foram revelados mundialmente na Europa, as novas gerações de Sandero e Logan não serão vendidos no país. Isso porque a Renault vai focar seus esforços nos SUVs, modelos de maior rentabilidade para qualquer montadora, já que possuem valor agregado mais alto do que qualquer hatch ou sedã compacto.
As informações foram apuradas pela Quatro Rodas em parceria com o site Autos Segredos. Em relação a dupla cujo projeto é da Dacia, outros fatores foram determinantes para essa decisão da marca neste meio tempo, à exemplo da crise dos semicondutores e a redução na procura por modelos compactos pelo consumidor, que vem preferindo os... SUVs! Junte tudo isso a meta global da marca francesa em obter uma rentabilidade de 5% até 2025, o que inclui também a filial brasileira da montadora.
Com isso, a decisão de não produzir tanto o Sandero quanto o Logan no Brasil veio da matriz na França. O site da revista relatou ter acompanhado a evolução dos compactos agora baseados a plataforma CMF-B, que estreou primeiro como modelos Dacia (marca romena da Renault). Pessoas próximas ao projeto diziam que o hatch e sedã estavam adiantados, mas ainda não aprovados pela matriz francesa. As fontes relataram ainda que a aprovação pela matriz aconteceria quando o projeto estivesse 80% pronto, mas pelo jeito tudo foi perdido. Vale lembrar que peças do Sandero até apareceram em registros de patentes no INPI no Brasil.
O que já estava definido mesmo é que a dupla romena não seria produzida na Argentina. Mas com a nova ordem da matriz na França, os novos Sandero e Logan não serão feitos no Brasil e nem na Colômbia, sendo totalmente abortados. A notícia acaba não pegando tanto de surpresa assim quem estava acompanhando os desdobramentos sobre a dupla, pois em fevereiro o CEO da Renault, Luca de Meo, tinha anunciado um plano de reestruturação para a empresa, principalmente em sua operação na América Latina.
Apesar da má notícia do cancelamento das novas gerações de Sandero e Logan, ambos não vão sair de linha em terras tupiniquins, embora tenham perdido versões ao longo da pandemia. O Sandero nem motor 1.6 tem mais. Isso significa que a dupla vai ser mantida no mercado nacional ao menos até 2024, quando itens de segurança como controle de estabilidade e luzes DRL serão obrigatórios. Até o teste de colisão lateral será uma das normas daqui a 3 anos para veículos feitos no país.
Na época, o executivo disse que o investimento de R$ 1,1 bilhão no Brasil seria redirecionado para modelos como o Bigster e Duster, ambos SUVs. A Renault, como um grupo, está numa fase de mudança de foco para produtos com maior valor agregado e rentabilidade, mesmo que isso custe participação de mercado em prol da maior lucratividade de operação. Aliás, este é um caminho comum em diversas montadoras nos últimos anos, o que inclui o enxugamento na gama de modelos ofertados.
Aliás, a nova meta de participação de mercado é de aproximadamente 5% ou 6%, enquanto a antiga era de 10% do mercado brasileiro. Para Luca de Meo, houve um erro na estratégia para o Brasil, que focava na participação de mercado em vez de uma maior margem de lucro (leia-se modelos mais rentáveis). Para ele, o normal seria a marca entrar em um país no segmento mais baixo para estabelecer uma fábrica com bom volume de produção, para só depois oferecer um modelo em uma categoria mais alta, que fosse consistente com a posição global da fabricante, ou um veículo com uma margem de lucro maior. “Só que isso não aconteceu”, disse o italiano.
A tal rentabilidade que é ambição da Renault virá através de novos SUVs. Segundo a Quatro Rodas, o primeiro deles é o projeto HJF - que ficará posicionado abaixo do Duster. Este é um SUV do segmento B voltado para mercados da América do Sul, que terá carroceria bem diferente do Dacia Sandero e que, de quebra, será o sucessor natural do aventureiro Stepway.
A novidade claramente será uma resposta para o Fiat Pulse e VW Nivus, ambos modelos posicionados abaixo de SUVs compactos. É importante lembrar que este projeto não será o Kiger, SUV derivado do Kwid, muito menos o Triber, minivan derivada do subcompacto. Isso porque ambos são carros exclusivos para o mercado indiano.
O segundo SUV será o Bigster, utilitário que ficará posicionado acima do Duster e que terá 7 lugares, como adiantado pelo Motor1.com no começo deste ano. Primeiro SUV médio da Dacia, o Bigster (revelado ainda como conceito) marca a estreia da marca romena neste segmento, apesar que quando chegar no Brasil, ele vai aparecer com o losango da marca francesa - assim como ocorre com o Duster.
Dessa forma, o novo Bigster será feito sobre a plataforma modular CMF-B, que será usada também na próxima geração do Duster – que certamente terá inspiração no conceito. Aliás, a plataforma será usada no Brasil num total de 7 carros entre as marcas Renault e Nissan. Voltando ao Bigster, o SUV médio ainda vai demorar para ser lançado por aqui, algo que é previsto para meados de 2024 ou mesmo 2025 – podendo até estrear no mercado com outro nome.
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