O número de motociclistas e motocicletas nas ruas brasileiras nunca esteve tão alto. Com isso, também se elevou a participação desse tipo de transporte no total de acidentes graves no país. Um estudo da Abramet, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, já mostra o quão grande se tornou esse problema.

O levantamento explica que, somente entre janeiro e julho de 2021, 71.344 acidentes graves envolvendo a internação de motocicletas foram registrados no Brasil, o que representa 54% de todos o incidentes de alta gravidade nas ruas brasileiras. Entre 2009 e 2019, a frota circulante de motos no Brasil teria passado de cerca de 15 milhões para mais de 28 milhões. No ano retrasado, 33.024.249 pessoas estavam habilitadas para conduzir motos, um crescimento de 54,3% em relação a 2009.

Acidente do Fiat Uno com Kawasaki Vulcan 900

Um dos resultados práticos é que, somente entre janeiro e julho de 2021 o SUS (Sistema Único de Saúde) já teria desembolsado mais de R$ 108 milhões para cobrir gastos com internações de motociclistas. Em 2020 inteiro, o valor gasto pela instituição foi de cerca de R$ 171 milhões. Uma das questões envolvendo as motocicletas é a falta de proteção, o que é agravado pelo não uso dos equipamentos de segurança como o capacete.

No caso de quedas, há uma relação entre o uso de capacete com a ocorrência de traumatismos cranioencefálicos. Vítimas que usam o equipamento de segurança têm 66% a menos de chance de desenvolver uma lesão intracerebral. A Abramet destaca que os mesmos cuidados e benefícios do uso de capacete valem para usuários de bicicletas.

Honda Elite 125 (Test Ride)

O levantamento divulgado pela associação mostrou que a maior parte das vítimas graves envolvendo motocicletas são de pessoas que se identificaram como do sexo masculino, com 88,7% de participação no total de ocorrências. A taxa de mortes entre esse grupo é de 10,6 falecimentos para cada 100.000 habitantes. Entre o grupo identificado como do sexo feminino, a taxa cai para 1,3 mortes para cada 100.000 habitantes.

Tratando da faixa etária, a Abramet apontou que a maior parte dos óbitos ocorre entre adultos jovens, com idades entre 20 e 39 anos. Esse grupo foi responsável por 6.465 mortes, ou 56,3% do total. O segundo grupo com maior ocorrência de óbitos é o de 40 a 59 anos, com 10,5% de participação.

A região que mais mata motociclistas no Brasil é a Nordeste. Por lá, a taxa de falecimentos por acidente de moto chega a 8,4 óbitos a cada 100.000 habitantes. Ela é seguida pela Região Norte (8,1 a cada 100.000) e Centro-Oeste (7,7 a cada 100.000). Nas regiões Norte e Nordeste, mais de 80% das indenizações pagas pelo seguro DPVAT tiveram como beneficiários vítimas de acidentes de motos. 

De acordo com a Abramet, uma possível explicação seria o fato de as três regiões contarem com menos fiscalização quanto à velocidade - mesmo sem dizer quantas mortes foram motivadas por esse fator - e ao uso de capacete e equipamentos de segurança. Além disso, haveria uma maior incidência de pessoas conduzindo motos sem habilitação.

O levantamento conclui que, "a partir dos dados coletados , o cenário grave demanda soluções urgentes. os pesquisadores entendem que, com mais informações, políticas públicas sejam postas em prática, a fim de que, com fiscalização adequada, efetiva e constante, a meta de baixar esses números possa ser, finalmente, alcançada".

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