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Semicondutores: 220 mil veículos deixarão de ser feitos no país

Crise por falta de chips eletrônicos atinge 14 fábricas de 8 fabricantes diferentes no Brasil

Fábrica GM - Gravataí (RS)

A indústria automobilística segue capengando no Brasil por culpa da crise mundial dos semicondutores. E um levantamento regular feito pela consultoria Auto Forecast Solutions (AFS), dos Estados Unidos, aponta que o país alcançou a péssima marca de 8 fabricantes com um total de nada menos que 14 fábricas afetadas de alguma maneira pela falta dos chips eletrônicos, tão necessários atualmente nos veículos modernos.

Além disso, a consultoria revelou também que a crise de semicondutores afetou a produção da linha de montagem de 41 modelos diferentes, isso por conta da redução no ritmo de produção nas fábricas ou pela paralisação total delas. Contabilizada a escassez de chips desde março deste ano, o número de veículos que deixaram de ser produzidos neste período chega a quase 200 mil unidades – número que pode chegar a 220 mil considerando as paralisações anunciadas por algumas marcas recentemente até o fim de julho.

Galeria: Chevrolet em São Caetano do Sul (SP) - 90 anos

E como você já viu nas sucessivas notícias aqui no Motor1.com, uma das montadoras afetadas pela falta de semicondutores é a General Motors. Segundo a AFS, sozinha a GM terá deixado de produzir 161 mil carros até o fim deste mês, isso considerando suas três fábricas em São Caetano do Sul e São José dos Campos, ambas no estado de São Paulo, além de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Mas das três a que mais sofre é Gravataí, fábrica na qual 115 mil veículos deixaram de ser fabricados desde a suspensão das atividades e março – e que vai se estender até pelo menos 2 de agosto.

Por lá são feitos o hatch Onix e sedã Onix Plus, que estão há cinco meses sem serem produzidos. Dessa forma, o prejuízo foi tão grande que já custou a Chevrolet a perda da liderança do mercado brasileiro, pois ambos são alguns dos modelos mais importantes da casa. Para se ter ideia, em 2020 (mesmo com as adversidades da pandemia) eles foram o primeiro e segundo automóveis mais vendidos do Brasil, respectivamente, com 218 mil emplacamentos no ano e média de 18 mil unidades/mês – em dezembro os dois junto venderam quase 30 mil.

VW Novo Polo - Produção São Bernardo do Campo (SP)

Outra fabricante que foi bastante afetada pela falta dos chips eletrônicos é a Volkswagen. Desde maio a montadora precisou suspender turnos ou interromper a produção em três unidades fabris no Brasil: São Bernardo do Campo e Taubaté, ambas em São Paulo, e São José dos Pinhais, no Paraná. De acordo com os cálculos da Auto Forecast Solutions, a VW deixou de fabricar 32 mil automóveis no país depois de suas paradas de maio até este mês.

O grupo Stellantis, dono das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, foi a terceira que mais teve perdas em seus números de produção, mas ainda assim bem abaixo do que General Motors e Volkswagen. Ao contrário de suas concorrentes, a empresa não precisou interromper suas linhas de montagem neste ano, fazendo somente reduções no ritmo de suas fábricas.

Fiat Argo - Fábrica Betim (MG)

Com isso, a AFS estima que a Stellantis deixou de produzir 10 mil veículos de maio até agora. Desse total, 9,7 mil automóveis são do Polo Automotivo Fiat de Betim, em Minas Gerais, enquanto que o restante (300 carros) é oriundo do complexo fabril da Peugeot/Citroën de Porto Real, no Rio de Janeiro. Já a fábrica de Goiana (PE), atual “galinha dos ovos de ouro” da empresa e responsável pelos SUVs Jeep Renegade e Compass e a picape Fiat Toro, não sofreu qualquer tipo de interrupção dos seus três turnos até o momento. Como resultado, a Fiat passou a liderar com certa folga o mercado brasileiro em 2021.

Vale destacar que as perdas calculadas pela AFS têm como base as paralisações e reduções de produção anunciadas até agora pelas fabricantes. Ou seja, caso haja novos anúncios das fabricantes citadas ou mesmo até outras sejam afetadas pela crise dos semicondutores, esses números devem subir nos próximos meses. A possibilidade de isso acontecer é real, pois boa parte dos analistas alerta que o problema da falta de chips eletrônicos deve se prolongar até o final deste ano e parte de 2022.

A expectativa é que a normalização no fornecimento dos componentes aconteça somente a partir do segundo trimestre do ano que vem. Por fim, somando todas as suspensões e redução no ritmo de produção nas fábricas neste ano, a AFS estima que o setor perdeu o equivalente a 270 dias de operações. Um prejuízo e tanto para a indústria automobilística. 

Veja as fábricas  afetadas no Brasil e suas perdas estimadas de produção:

Fabricante Fábricas Afetadas Modelos produzidos Ações tomadas Veículos perdidos estimados até 9 de julho Projeção de veículos perdidos até normalização  Dias perdidos de produção até 9 de julho
General Motors São Caetano do Sul (SP) Onix Joy, Onix Joy Plus, Tracker, Spin Interrupções da produção desde março paralisação por 6 semanas até 2 de agosto 41.634 41.634 47
General Motors São José dos Campos (SP) S10, Trailblazer Suspensão de 1 de 2 turnos em março e abril 2.661 4.847 15
General Motors Gravataí (RS) Onix, Onix Joy Paralisação por 5 meses, desde março até 2 de agosto 99.808 115.075 105
Honda Sumaré e Itirapina (SP) Civic, HR-V, WR-V, Fit, City Interrupções e redução da produção desde março 3.218 7.197 11
Hyundai Piracicaba (SP) HB20, HB20S, Creta Suspensão de 2 de 3 turnos em junho e julho  5.327 5.327 12
Nissan Resende (RJ) Kicks, Versa V-Drive Reduções e interrupções da produção em maio e junho  539 539 4
Renault São José dos Pinhais (PR) Captur, Kwid, Sandero, Logan, Duster, Duster Oroch Reduções e interrupções da produção em maio e junho  2.702 2.702 2
Stellantis Peugeot e Citroën Porto Real (RJ) 2008, C4 Cactus Redução da produção em junho 542 542 3
Stellantis Fiat Betim (MG) Mobi, Uno, Argo, Strada, Grand Siena, Doblò Reduções da produção desde abril, suspensão de 1 turno por 10 dias em abril 9.739 9.739 7
Jaguar Land Rover Itatiaia (RJ) Discovery Sport Suspensão da produção por 10 dias em abril 288 288 5
Volkswagen Anchieta SBC (SP) Polo, Virtus, Nivus, Saveiro Suspensão de 1 de 2 turnos por 20 dias entre junho e julho 13.410 13.410 18
Volkswagen Taubaté (SP) Gol, Voyage Paralisação por 10 dias em junho e por 20 dias em julho 15.859 15.859 34
Volkswagen São José dos Pinhais (PR) T-Cross, Fox Paralisação de 10 dias em junho 3.182 3.182 7
TOTAIS 14 PLANTAS 41 MODELOS   198.907 220.339 270

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