A Anfavea divulgou hoje seu tradicional balanço do mercadobrasileiro. Segundo a associação, a produção de automóveis e comerciais leves no Brasil ficou estável no mês de maio, que acumulou no período o total de 192,8 mil veículos, apenas 1% a mais do que em abril, quando foram fabricados 190,9 mil. No entanto, no acumulado dos 5 primeiros meses de 2021, a alta é de 55,6% em relação ao ano passado.
Apesar da produção estável entre os meses de abril e maio deste ano, a comparação do acumulado de janeiro a maio de 2021 contra o mesmo período de 2020 não é muito justa, já que em maio do ano passado as fábricas ainda estavam paradas por conta da chegada da pandemia. Além disso, algumas unidades estavam começando a retomar sua produção naquele mês, com algumas retornando ainda na segunda quinzena em maio de 2020.
O que reflete bem isso é quando comparamos maio de 2021, que teve 192,8 mil veículos produzidos, com maio de 2020, período no qual apenas 43,1 mil unidades foram feitas. Ou seja, neste ano o salto de produção chegou a 347,6% em comparação com o mesmo mês de 2020. Já quando pegamos o total de veículos fabricados nos cinco primeiros meses de cada ano, a alta na produção foi de 55,6% (como citamos no início da matéria). Em números, isso se traduziu em 981,5 mil automóveis e comerciais leves feitos em 2021, contra 630,8 mil unidades produzidas entre janeiro e maio de 2020.
Além da produção estável, o estoque nas concessionárias e pátios de fábricas também seguiram com estabilidade no mês de maio, com cerca de 96,5 mil unidades. Segundo a Anfavea, essa quantidade é suficiente para abastecer o mercado por 15 dias.
Além do balanço de vendas, entre outros números de maio, a Anfavea aproveitou a coletiva de imprensa online para comentar sobre a falta de componentes que atinge a indústria automotiva. A falta de semicondutores (chamado também de chips), aliás, é o principal vilão que causou a estabilização na produção de veículos no patamar de 190 mil e 200 mil desde janeiro.
Para quem não sabe, os semicondutores são peças cruciais para transmitir corrente elétrica para diferentes partes de um veículo, fazendo ainda a interligação e controle das funções do motor (ignição, avanço, injeção, sensores, etc), sistemas de segurança, de entretenimento e conforto. Para se ter noção da importância dos semicondutores, um veículo pode ter até 600 deles em seu sistema.
O detalhe é que os semicondutores não são usados apenas na indústria automotiva, mas também no setor de telecomunicações, eletrônicos e computação. Com a queda de produção na cadeia automotiva devido a pandemia em 2020, esses setores acabaram suprindo a demanda de semicondutores.
Segundo a Anfavea, a explicação para a falta deles nas fábricas de carros se dá por conta do retorno da produção de veículos a níveis próximos aos de antes da pandemia, com isso, a produção global de semicondutores não é o suficiente para abastecer todos os setores da indústria. Inclusive, alguns como o de eletrônicos e smartphones, estão em crescimento, o que aumenta a demanda pelo componente. E a previsão é que a falta de semicondutores na indústria deve seguir em 2022, pois o componente não é tão simples de produzir, fora que sua produção está bastante concentrada na Ásia.
“Esse problema, que deve se alongar até os primeiros meses de 2022, é o responsável pelas paralisações temporárias de parte de nossas fábricas, algumas por períodos curtos, outras mais longos”, explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Mas se a produção patina, o licenciamento de veículos foi positiva no Brasil segundo a entidade. Em maio foram emplacadas 188,7 mil unidades, uma alta de 7,7% em relação ao mês de abril (175,1 mil). Aliás, destaque para o bom momento no segmento de caminhões, que teve 11,5 mil unidades emplacadas, assim registrando seu melhor resultado desde dezembro de 2014. Para comparação, em abril foram licenciados 9.785 caminhões.
As exportações também cresceram quando comparado ao mês anterior: 37 mil veículos saíram dos portos brasileiros para outro países, o que significa um aumento de 9,1% a mais. Já no acumulado dos cinco primeiros meses de 2021, os licenciamentos de veículos chegaram a 891,7 mil unidades, enquanto as exportações ficaram em 166,6 mil.
A má notícia é quando pegamos o número de empregados no setor, que registrou uma perda de 600 postos de trabalho em maio. Com esse cenário, o número de trabalhadores nas fábricas de veículos caiu de 104.687 para 104.082. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, explicou que até houve contratações no setor em maio, mas que o “efeito Ford” foi crucial para redução de vagas no mês. A Ford parou de produzir veículos desde janeiro deste ano na planta de Camaçari (BA), mas só agora fez um acordo com os trabalhadores da fábrica, que estão sendo dispensados gradualmente.
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