Depois de 22 anos, a FCA finalmente atualizou um de seus modelos mais vendidos no Brasil, apresentando a nova Fiat Strada 2021. A picape compacta adota uma nova plataforma, diversos itens do Argo e um visual inspirado na Toro, como medida para continuar dominando o segmento daqui para a frente. Como as fábricas estão paradas por conta da quarentena para conter o coronavírus, o lançamento comercial deverá acontecer somente em julho - e ela ainda irá conviver com a geração anterior na versão de entrada até pelo menos o fim do ano que vem.
Apesar das boas novas, nem tudo é perfeito. Depois do primeiro contato com a nova Fiat Strada 2021, inclusive lado a lado com a geração antiga, pudemos notar tudo o que mudou na picape compacta, desde design e equipamentos até a parte mecânica – você pode ver o comparativo para mais detalhes. Pois agora selecionamos 5 acertos e 5 erros da Fiat com a nova geração.
A plataforma da nova Strada é chamada pela Fiat de MPP. Embora a fabricante não revele muito sobre sua origem, ouvimos de nossas fontes que ela traz alguns elementos de Argo, Mobi e Fiorino. Seja como for, a marca se esforçou para melhorar a construção da picape em todos os aspectos. Por exemplo, 90% da estrutura utiliza aços de alta e ultra alta resistência, com apenas 10% de aços comuns, usados na região atrás do painel para deformação em caso de acidente.
Além disso, a Fiat já equipou a picape com controle de estabilidade e tração de série em todas as versões (além do assistente de partida em rampas), item que só será obrigatório a partir do próximo ano. Conta também com quatro airbags de série, outro equipamento que até então não aparecia no segmento das picapes compactas. Na versão Volcano, os faróis de LED também oferecem melhor visibilidade.
Na geração anterior, a Fiat Strada tentou algo incomum, criando uma versão de cabine dupla, mas com três portas, sendo que o acesso traseiro era feito por uma porta “suicida” (que abre na direção contrária). Não será assim nesta geração, pois a picape passa a ter quatro portas e foi projetada para isso desde o começo, o que faz com que tenha mais espaço no banco traseiro e enfim seja homologada para 5 ocupantes (3 atrás apertados, é verdade, mas dentro da lei).
Quem vai usar a nova Strada para trabalho ficará feliz em saber que a caçamba das versões de cabine simples ficou maior. Ela mede 1,71 metros de comprimento (3 cm a mais) e suas laterais ficaram mais altas, aumentando o volume total de 1.220 litros para 1.354 l, enquanto a carga útil total aumentou para 720 kg, 15 kg a mais que o modelo antigo. Além disso, a tampa da caçamba recebeu um sistema de amortecimento que reduz em 60% o esforço para abri-la ou fechá-la.
Muita gente olha para a Toro por seu design e até considera comprar uma, mesmo que nem precise de uma picape. A Fiat quis aproveitar esse apelo e usou o modelo maior como base na hora de desenhar a nova Strada, como podemos perceber nas laterais e traseira. Já a frente buscou inspiração no Argo, adotando uma grade de estilo semelhante ao invés de usar o esquema de faróis duplos da Toro. No geral, a Strada ganhou um aspecto bem mais moderno do que a geração anterior, que estava bem envelhecida (o modelo original nasceu em 1998).
É verdade que a Fiat ainda não revelou os preços oficiais da nova Strada, o que deverá acontecer somente em julho, após a retomada da produção na fábrica em Betim (MG). Ainda assim, temos uma estimativa de preços baseada em nossas fontes oficiais, e elas dizem que não fugirá muito dos valores atuais. Ou seja, a versão de entrada ficará por volta de R$ 65 mil, enquanto a topo de linha cobrará cerca de R$ 85 mil.
Como comparação, a Strada atual tem duas versões abaixo de R$ 65 mil, na forma da Working 1.4 por R$ 54.990 e da Hard Working por R$ 61.590. Como a geração antiga continuará no mercado em versão única, ela deve desempenhar esse papel com valor por volta de R$ 60 mil, deixando a nova Strada Endurance CS no patamar da Freedom CS atual. É um preço que continua competitivo, já que a Volkswagen Saveiro parte de R$ 54.890 e chega a R$ 88.690, sendo que não oferece nenhuma variante com valor na casa dos R$ 70 mil, justamente a seara onde atuará a nova Strada Freedom (foto acima).
Enquanto a caçamba da Strada com cabine simples ficou maior, o mesmo não pode ser dito da cabine dupla. Para que tivesse espaço o suficiente na cabine, a Fiat teve que sacrificar alguma coisa e, neste caso, foi a caçamba. Ela tem 1,17 metros de comprimento, 54 cm menos do que a cabine simples, reduzindo a capacidade total para 844 litros e 650 kg. É uma perda considerável e que impede o transporte de certos itens, como uma motocicleta ou um jet ski, por exemplo.
Cada vez mais os carros automáticos estão dominando a preferência dos clientes, mas o segmento das picapes compactas ainda não está acompanhando esta tendência. A Strada chega às lojas apenas com câmbio manual de 5 marchas. Nossas fontes dizem que isso mudará em um segundo momento, quando receberá a mesma transmissão automática CVT para o motor 1.3 que estará em mais modelos como Argo e Cronos.
A chegada do motor 1.3 Firefly de 109 cv e 14,2 kgfm representou um grande salto em relação ao 1.4 Fire de 88 cv e 12,5 kgfm que foi mantido nas versões Endurance. No entanto, é pouco se pensarmos que a Strada anterior tinha opção do 1.8 E-Torq de 132 cv e 18,9 kgfm. Assim como o câmbio CVT ficou para depois, o mesmo aconteceu com o motor 1.0 turbo que seria o substituto natural do 1.8 E.torQ. A má notícia é que ele deve levar ainda um bom tempo para ser oferecido, já que sua produção só começará em outubro e a Strada está bem longe do topo da lista de prioridades para receber este propulsor (Argo e Cronos serão os primeiros).
Direção hidráulica é um item que está desaparecendo dos carros, sendo substituída pela direção elétrica (mais leve e confortável). Até mesmo modelos de entrada como o Renault Kwid já usam assistência elétrica, na maior parte das versões. Considerando que a nova Strada custará mais do que os hatches de entrada, mesmo na versão Endurance 1.4 cabine simples (a mais básica), é um item que poderia ter sido incluído nesta configuração. Até porque ajudaria também no consumo, uma vez que não é preciso roubar força do motor para movimentar a bomba hidráulica.
Por mais que a nova Fiat Strada tenha sido feita para trabalhar, as versões mais caras com cabine dupla querem conquistar o público de hatches e sedãs. Neste aspecto, fica difícil olhar para o interior da versão topo de linha Volcano e não se decepcionar com o acabamento simplório, semelhante ao das outras configurações. Há muito plástico rígido por toda a cabine, e o quadro de instrumentos semelhante ao do Uno não ajuda a convencer quem vai pagar cerca de R$ 85 mil pela picape.
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