Novo Honda City 1.0 Turbo: como foi o primeiro teste na Tailândia
Agora com 122 cv e 17,6 kgfm, sedã acelerou de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos
O novo Honda City 2021 já foi lançado na Tailândia. Apresentado no fim de novembro no ano passado, agora o modelo passa pelos primeiros testes da imprensa local, inclusive algumas com medições instrumentadas como aqui no Motor1.com Brasil. Assim, podemos saber desde já o que esperar da versão brasileira do modelo, aguardada para o ano que vem - com possível pré-estreia no Salão do Automóvel em novembro deste ano.
A expectativa pelo novo City inclui também a novidade que ele traz sob o capô: o motor 1.0 de 3 cilindros com turbo e injeção direta, o primeiro deste tipo na Honda. Ele substitui o atual 1.5 aspirado com ganhos de 6 cv na potência e 2,3 kgfm no torque, tendo a vantagem de entregar mais força em rotações menores. A potência máxima na versão tailandesa é de 122 cv a 5.500 rpm, enquanto o torque chega a 17,6 kgfm entre 2.000 e 4.500 rpm - números que podem até melhorar na versão nacional, que será flex. O principal destaque, como esperado, fica para o consumo de até 23,8 km/litro na gasolina. No Brasil, nova geração do Fit, prevista para este ano, deve ser o primeiro a ter este novo motor.
O 1.0 triclíndrico atende pelo nome-código P10A6, com 988 cm3, 12 válvulas e duplo comando variável (DOHC) tanto na admissão quanto no escape. Já o sistema de elevação da válvula VTEC atua apenas na admissão, numa rotação de 1.000 a 3.500 rpm - justamente para entregar mais força em baixos giros. Já o turbo da Borg-Warner trabalha normalmente com 1 bar de pressão.
A Honda também teve de ajustar o câmbio CVT para trabalhar com o motor turbo. Para suportar o maior torque, há uma nova correia de aço e também uma nova polia em V, além de um novo conjunto de bomba de engrenagem hidráulica. Esta caixa é capaz de simular 7 marchas, inclusive com opção de borboletas no volante na versão RS topo de linha.
Os demais sistemas permanecem triviais. A suspensão é independente MacPherson na dianteira e traz eixo de torção na traseira, tendo recebido tecnologia para redução de atrito (que a Honda diz ter melhorado em 50% na comparação com o City atual). A direção segue com assistência elétrica, agora com diâmetro de giro reduzido em 0,6 metro para facilitar as manobras. Já os freios seguem com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. Uma novidade é que a versão brasileira enfim será equipada com o controle de estabilidade (ESP), que passou a ser obrigatório para novos projetos desde a virada do ano.
A força extra do turbo é bem-vinda por conta do crescimento da carroceria. O novo City 2021 chegou a 4,55 metros de comprimento (11 cm a mais que o atual) e 1,75 m de largura (5,3 cm extras), com altura de 1,47 m (1 cm mais baixo) e entre-eixos encurtado para 2,59 m (1 cm a menos que antes). O peso aumentou em até 30 kg: foi de 1.135 kg da versão EXL atual para 1.165 kg na nova versão RS.
Em termos visuais, o City bebeu na fonte do Civic, mas ainda se manteve conservador. A dianteira aplica mais uma vez o conceito Solid Wing Face, com a grade em barra que se alonga por cima dos faróis. Já a traseira manteve as lanternas duplas, mas com a tampa um pouco mais alta e curta. Ainda não foi desta vez que a Honda escolheu pneus mais largos no City. Mesmo a versão RS com rodas aro 16" tem pneus estreitos, de medidas 185/55 R16 (mesmas do City EXL atual). Os tailandeses concordaram que o sedã merece rodas maiores para combinar com o porte da carroceria e o desenho das caixas de roda.
Em movimento, os jornalistas da Headlight Magazine consideraram que o City 1.0 turbo anda bem, a ponto de rivalizar, por exemplo, com o Ford Fiesta 1.0 Ecoboost (que deixou de ser oferecido no Brasil). Apesar de um certo lag abaixo de 2.500 rpm, disseram que o desempenho é mais intenso que o esperado, e que não faz feio ao acompanhar um Civic ou Corolla numa subida de serra. No teste instrumentado, eles obtiveram aceleração de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos no modo Sport do câmbio, enquanto a retomada de 80 a 120 km/h ficou em 7,1 s. Para efeito de comparação, o City 1.5 EXL atual obteve 11,8 s e 8,4 s nas mesmas provas, respectivamente, em nosso último teste aqui no Motor1.com. Ou seja, dá para notar que o torque extra fez bem ao City principalmente nas retomadas, que simulam situações de ultrapassagens.
Já em termos dinâmicos, os tailandeses sentiram que o sedã está mais estável em altas velocidades (viaja a 130, 140 km/h de forma relaxada) e, ao mesmo tempo, a absorção de impactos do piso parece melhor - lembrando que, por lá, eles consideram o atual City macio demais. No entanto, disseram que, em desvios rápidos e curvas fechadas, o novo City não nega sua vocação familiar, deixando a carroceria balançar sensivelmente. Também criticaram os freios, dizendo que funcionam bem em condução normal, mas carecem de uma mordida mais forte na dianteira quando exigido ao máximo. Por fim, acharam a direção um pouco mais firme que a dos rivais, com uma resposta não inferior à do Civic (o que é um elogio).
E consumo? Bem, como esperado, os jornalistas não chegaram perto dos otimistas 23,8 km/litro divulgados pela Honda. Mas obtiveram bons 15,6 km/litro na estrada viajando ao redor dos 120 km/h, sem passar dos 50% do curso do acelerador. Já pisando tudo numa subida de serra, a média caiu para entre 11 e 12 km/litro pelo computador de bordo. Vale lembrar que, no Brasil, esse motor será flex e pode entregar potência e consumo diversos da versão tailandesa mesmo quando abastecido com gasolina.
No fim, o veredicto foi positivo: "o novo City tem apenas 1.0 litro, mas o turbo foi suficiente para incrementar a potência. O resultado é uma energia mais que suficiente para a maioria das pessoas que busca um sedã familiar. Em relação ao City 1.5, pode haver um certo atraso em baixos giros, mas basta pressionar o acelerador para que o novo Honda ofereça um desempenho comparável ao Civic 1.8 da geração anterior".
No Brasil, ainda não sabemos de qual forma a Honda irá oferecer o novo motor 1.0 turbinado. Se for mantida a estratégia de Civic e HR-V, ele deverá ser ofertado nas versões topo de linha dos novos Fit e City, com o possível nome Touring, mantendo o atual 1.5 nos modelos de entrada e intermediários. A resposta não deverá tardar.
Fotos: divulgação
Galeria: Honda City 2021 (Teste Tailândia)
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