Ford: novos projetos em Camaçari (BA) dependem de redução de custos
Em entrevista ao Correio da Bahia, o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, falou sobre os desafios da marca na região
O futuro da Ford no Brasil foi discutido na planta de Camaçari (BA) nesta segunda-feira (2). Na ocasião, o presidente da empresa para a América Latina, Lyle Waters, conversou com cerca de 500 funcionários e fornecedores da planta baiana para falar sobre a necessidade urgente de reduzir custos em diversas áreas. Em compensação, se isso for feito, a Ford deverá anunciar um novo ciclo de investimentos na unidade - que inclui projetos inéditos.
Em entrevista ao Correio da Bahia, Waters disse que está determinado a tomar todas as medidas necessárias para ajustar os negócios da empresa na região e colocá-la num caminho que seja viável para o futuro. Em outras palavras, a Ford vai precisar enxugar ainda mais seus custos (mesmo após o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo) para então receber novos investimentos e poder produzir carros com margem de lucro maior que os atuais Ka, Ka Sedan e EcoSport.
O executivo deixou claro que as metas de redução de custos têm de acontecer muito rapidamente, em questão de semanas, para que em meados de 2020 possa ser anunciado esse novo ciclo de investimentos. Waters não especifica se esses cortes serão feitos em pessoas ou processos, mas revela que, apesar de duro, o plano terá como recompensa as conversas com a matriz em Detroit no primeiro trimestre do ano que vem para trazer novos produtos para Camaçari. "Não estamos falando de um produto só. Seria mais de um. Alguma coisa que tenha um design lindo e uma conectividade excelente. No papel temos um plano incrível, um novo portfólio de produtos que pode ocupar esta planta, que eu tenho certeza que nossos clientes vão adorar", revelou o executivo à publicação.
Após retirar do mercado brasileiro o Fiesta (que era feito no ABC paulista) e o Focus (que vinha da Argentina), a Ford agora tem tudo para repetir no Brasil a estratégia da matriz de apostar somente em SUVs e picapes, modelos com maiores margens de lucro, para voltar a ser saudável como empresa. Em 2016, a marca amargou um prejuízo de US$ 1,2 bilhão na América do Sul, montante que foi reduzido para US$ 680 milhões em 2018 e deve fechar no mesmo patamar em 2019. "Não existem recursos ilimitados nas empresas, e todas as partes do negócio estão competindo atrás deste capital", enfatizou o executivo.
Futura picape monobloco e a próxima geração do EcoSport são os mais cotados para Camaçari (BA)
Enquanto não bate o martelo sobre os investimentos, a Ford se prepara para lançar dois novos SUVs no mercado brasileiro em 2020: o Territory, importado da China, que virá para brigar com o Jeep Compass, e o Escape Hybrid, que deve vir do México com proposta semelhante ao do Toyota Rav 4. Já quanto aos futuros produtos para Camaçari, certamente que a futura picape do Focus (com estrutura monobloco como a Fiat Toro) deve estar entre os mais cotados, além da próxima geração do EcoSport. Até o momento, porém, o que se sabe é que os próximos meses serão decisivos para os rumos da Ford no mercado nacional.
Fotos: divulgação e arquivo Motor1.com
Galeria: Ford - Camaçari comemora 3 milhões de carros produzidos
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