A missão de renovar o Volkswagen Golf em sua oitava geração era algo bem complicado para a fabricante. Nascido em 1974, o carro mais vendido da marca teria que se reinventar para os novos tempos, em que os veículos estão cada vez mais equipados e caminhando para a eletrificação – este último item era o mais delicado para o Golf, agora que a empresa oferece o elétrico ID.3 por um preço bem próximo. Após muito tempo de espera, teasers e imagens vazadas, agora é oficial: o novo Golf Mk8 está aqui e promete revolucionar o segmento, chegando às concessionárias na Europa em dezembro.
Para criar a oitava geração do Golf, a fabricante começou pela parte de baixo. A plataforma modular MQB foi atualizada para permitir o uso de um sistema híbrido-leve de 48V, contando com um gerador que fornece energia para o carro em alguns momentos, como saídas e acelerações. Esta nova versão da MQB será levada para outros carros da marca no futuro.
A arquitetura renovada mexeu pouco no tamanho do Golf. Agora ele mede 4,284 m de comprimento, 1,789 m de largura, 1,456 m de altura e tem entre-eixos de 2,636 m. Como comparação, o Golf 7 ainda vendido no Brasil tem 4,255 m, 1,799 m, 1,468 m e 2,630 m, respectivamente. A Volkswagen diz que melhorou o coeficiente aerodinâmico, com um Cx de 0,275.
O design foi feito para ser uma evolução da sétima geração, sem revolucionar. Um de seus novos elementos é a frente com uma grade fina com uma linha de LED que vai até a parte de cima dos faróis - isso nas versões híbridas e esportivas, enquanto os modelos normais tenha uma linha cromada. Falando em LED, a tecnologia será usada em todas as versões do Golf e a Volkswagen diz que será um dos elementos dominantes do veículo, sendo que a versão topo de linha recebe ainda o IQ.LIGHT, versão da VW para o LED matrix da Audi, com 22 lâmpadas por farol funcionando de forma independente. O carro recebeu um para-choque com entrada de ar larga e com luzes de neblina horizontais nas extremidades.
Na parte de trás, o Golf está mais arredondado e traz novas lanternas em LED. A linha de cintura chega na traseira em uma posição mais alta, dando a impressão de que o carro é mais robustos. As demais mudanças são sutis, como os elementos refletivos mais finos e o para-choque levemente redesenhado.
A Volkswagen deixou para revolucionar do lado de dentro. O novo Golf está muto mais minimalista, eliminando a maioria dos botões no console central ou deixando-os quase que ocultos no acabamento. Por exemplo, os comandos do ar-condicionado estão logo abaixo da multimídia, enquanto os controles dos faróis foram transferidos para o lado esquerdo do painel de instrumentos. Até as manoplas do câmbio mudaram e, na versão automática, há uma alavanca bem pequena, semelhante a do Porsche 911. O volante também é novo, o mesmo do T-Cross europeu.
A Volkswagen diz que o Golf 8 entra no mundo digital como nunca. Ele traz uma nova versão do painel de instrumentos digital de 10,25”, enquanto a central multimídia de 8,25” foi posicionada de forma que pareça ser uma tela única para ambos os sistemas – do mesmo jeito que foi feito com o novo Touareg. A marca chamada esta combinação de Innovision Cockpit. Ele ainda pode receber uma central maior, de 10”, e head-up display. Ainda traz compatibilidade com o Amazon Alexa, um assistente por voz que pode tocar músicas ou notícias, além de se comunicar com os equipamentos da casa do motorista (desde que funcionem também pelo Alexa).
O carro está conectado à internet através de um eSIM e pode ser atualizado automaticamente. O motorista tem acesso a funções como abrir e fechar as portas ou ligar o carro pelo smartphone, verificar alguns dados do carro, encontrá-lo em um estacionamento ou marcar uma revisão nas concessionárias, como parte do pacote We Connect. Se o cliente optar pelo We Connect Plus (de graça por um ano na Europa), ainda terá acesso a conexão 4G, informações de trânsito em tempo real, ligar o carro ou o ar-condicionado, ou ainda encontrar estações de recarga para as versões híbridas.
O Golf será também o primeiro Volkswagen com a tecnologia Car2X, de comunicação entre veículos e infraestrutura de trânsito, com uma distância de até 800 metros. Ou seja, os motoristas receberão informações locais como engarrafamentos, acidentes, veículos quebrados e mais. O controle de cruzeiro adaptativo agora é semi-autônomo, mantendo o veículo na faixa em velocidades de até 210 km/h e curvas leves, desde que o motorista mantenha uma das mãos no volante. O sistema também detecta placas de trânsito, alterando a velocidade programada de acordo com o limite da via.
A Volkswagen está tão comprometida com a eletrificação que diz que o Golf será o primeiro carro da marca a ser lançado com cinco versões híbridas, três com o sistema leve de 48V e duas com motorização plug-in. Mas ainda contará com variantes equipadas somente com motores a combustão, tanto a gasolina quanto a diesel e gás natural.
A opção de entrada será o 1.0 TSI de três cilindros, nas versões de 90 cv e 110 cv, e que passa a contar com turbo de geometria variável. Logo acima virá o 1.5 TSI de 130 cv ou 150 cv, ambos com tecnologia de desativação de cilindro. Por fim, ainda haverá o 2.0 TSI em diferentes configurações, para equipar o Golf GTI, Golf GTI TCR e Golf R, alcançando até 300 cv. Os europeus ainda poderão escolher o 2.0 TDI a diesel de 115 cv ou 150 cv, ou ainda o 1.5 TGI movido a gás natural. As transmissões serão a manual de 6 marchas e a automatizada DSG de dupla embreagem e 7 posições.
A partir do motor 1.0 TSI de 110 cv, o Golf pode ser equipado com o sistema híbrido leve de 48V e a transmissão DSG. O hatch passa a contar com um gerador e um conjunto de baterias, recuperando energia nas frenagens. Este gerador mantém a velocidade do carro enquanto ele está em velocidade de cruzeiro, desligando o motor a combustão para reduzir o consumo de combustível. Segundo a VW, o motor é religado instantaneamente sem que o motorista sequer perceba a transição, além de prometer uma economia de aproximadamente 10%.
Quem quiser um Golf ainda mais econômico terá duas opções de motorização híbrida plug-in. A primeira é o Golf eHybrid, com 204 cv de potência combinada, enquanto a segunda é o Golf GTE de 245 cv. Ambos usam o motor 1.4 TSI a combustão, uma unidade elétrica e o câmbio DSG de 6 posições. As baterias têm 50% mais capacidade do que o GTE anterior, que estreia no Brasil em novembro, entregando 65 km de autonomia no modo elétrico.
Por fim, o novo Golf ainda antecipa uma mudança na Volkswagen sobre o nome das versões, tirando os batismos Trendline, Comfortline e Highline. Ele será vendido em quatro níveis de equipamento, em ordem crescente: Golf, Life, Style e R-Line, além do GTE e dos futuros GTI, TCR e R. A marca não comenta, mas a perua Golf Variant também ganhará uma nova geração, que deve ser revelada apenas em 2020.
E no Brasil, qual será o futuro do Volkswagen Golf? Após muito tempo de espera, o híbrido GTE finalmente começará a ser vendido no dia 4 de novembro. Atualmente, a marca oferece somente a versão GTI, por R$ 151.530, feito em São José dos Pinhais (PR). A produção nacional está paralisada há alguns meses e não deve ser retomada, deixando o GTE importado como única opção. Caso a oitava geração do Golf venha ao Brasil, a tendência é que seja vendida apenas em versões específicas, como GTI e GTE, já que o segmento de hatches médios por aqui não tem força o suficiente para justificar a vinda dos modelos convencionais. Infelizmente...
Fotos: divulgação e Motor1.com
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