Brasil e México oficializaram na última segunda-feira (18) o fechamento de um acordo de livre-comércio no setor automotivo. Responsável por substituir o regime até então vigente entre os dois países, com cotas máximas de exportação e importação, a nova aliança estabelece que montadoras instaladas nas duas regiões poderão exportar e importar produtos sem qualquer barreira comercial como cotas e imposto de importação.
Neste primeiro momento, a medida vale para apenas para automóveis e comerciais leves (bem como autopeças), sendo prevista para o ano que vem a inclusão de caminhões e ônibus. Além disso, o índice de conteúdo regional passa a ser de 40%.
A notícia, porém, não agradou completamente aos dirigentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que defendiam a prorrogação do acordo vigente até então por mais três anos. A preocupação era que os diferenciais competitivos da indústria mexicana (carga tributária interna menor, infraestrutura mais eficiente e elevada escala de produção) pudessem sufocar as atividades brasileiras. “Vamos observar se isso vai impactar os novos investimentos; as empresas vão avaliar a nova situação para poderem tomar suas decisões”, disse o presidente da Anfavea, Antonio Megale, temendo que as matrizes das empresas prefiram investir no México em vez do Brasil.
Os dois países têm acordo comercial no setor automotivo desde 2002, mas, diferentemente de anos atrás, o Brasil hoje importa mais do que exporta para o México. Além disso, os modelos que desembarcam aqui são mais refinados e tecnológicos, enquanto os enviados a partir daqui são mais baratos e simples. É o caso de Volkswagen Jetta e Tiguan, Chevorlet Tracker e Equinox, Ford Fusion, Audi Q5 e Nissan Sentra, contra Volkswagen Gol e up!, Ford Ka e EcoSport e Renault Duster Oroch. Apesar dos receios, o governo brasileiro acredita que a mudança no acordo só terá impacto sobre o mercado quando a atividade econômica acelerar, já que o volume importado pelo Brasil do México está 14% abaixo do que prevê a cota atual.
O acordo também foi visto como uma manobra do Brasil para pressionar a Argentina a também aceitar o livre-comércio no setor automotivo. Atualmente, o acordo firmado estabelece que para cada US$ 1 importado da Argentina em veículos e autopeças, US$ 1,5 pode ser exportado pelo Brasil livre de imposto de importação.
Fonte: Estadão
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