O Grupo Volkswagen e a Ford Motor Company anunciaram nesta terça-feira (15) o acordo formal de uma Aliança global para aumentar a competitividade e serviços. Ficou definido que a Ford será responsável pelo desenvolvimento de uma picape média para as duas marcas, além de vans comercias grandes. A Volkswagen, por sua vez, vai desenvolver e produzir uma van urbana.
O anúncio foi realizado em conjunto pelo CEO da Volkswagen, Dr. Herbert Diess, e o CEO da Ford, Jim Hackett, hoje pela manhã em Detroit, nos EUA. Os primeiros modelos frutos desta aliança chegarão ao mercado em 2022 e substituirão Ford Transit e Ranger e Volkswagen Amarok, Transporter e Caddy.
Também faz parte do acordo o compartilhamento de arquiteturas de veículos, que abrangem diferentes capacidades e tecnologias, o que pode incluir carros de outros segmentos. Além disso, a Volkswagen e a Ford assinaram um memorando de intenções para estudar a colaboração em veículos autônomos, serviços de mobilidade e veículos elétricos.
“Ao longo do tempo, essa aliança vai ajudar ambas as empresas a criar valor e atender as necessidades de nossos clientes e da sociedade”, disse Hackett. “Ela vai não só trazer eficiências importantes e ajudar ambas as empresas a melhorar seu desempenho, mas também nos dará a oportunidade de ajudar a formar a próxima era da mobilidade.”
Diess acrescentou: “A Volkswagen e a Ford vão combinar seus recursos, capacidade de inovação e posições de mercado complementares para melhor atender milhões de consumidores ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, a aliança servirá como pilar para a nossa meta de aumento da competitividade.”
Diferentemente da antiga Autolatina, a aliança não envolve a troca de ações entre as duas empresas e será dirigida por um comitê conjunto. Esse comitê será liderado por Hackett e Diess e incluirá executivos sênior de ambas as empresas. Sem citar quais unidades, o comunicado cita que as montadoras compartilharão fábricas em diversas regiões do mundo.
Logo após a conferência de anúncio da Aliança, Motor1.com participou de uma entrevista com Lyle Watters, Presidente da Ford América do Sul e Rogélio Goldfarb, Vice-Presidente de Comunicação e Assuntos Governamentais em Dearborn, e Gabriel Lopez, Presidente Grupo Ford Sul (Argentina), em Dearborn, sede mundial da Ford.
O primeiro ponto esclarecido por Lyle Waters foi afirmar que a nova aliança não é um retorno aos tempos da joint-venture que existiu no Brasil entre 1987 e 1996. “Este acordo não é um retorno aos tempos da Autolatina. O objetivo é compartilhar os custos para desenvolvimento de novos produtos, reduzindo custos e compartilhando plataformas”.
Rogélio Goldfarb, que participou da Autolatina, também deixou claro que essa nova aliança não tem as mesmas bases da joint-venture do passado. Agora é um acordo global, e as empresas seguem totalmente separadas. "Nós estamos num momento de profunda transformação do setor automotiva e são necessárias parcerias para essa transição porque os capitais exigidos são enormes. São ambientes completamente diferentes, cenários completamente diferentes e concorrentes completamente diferentes".
Em relação ao desenvolvimento de outros veículos, Lyle afirma que a aliança buscará novas oportunidades que fazem sentido, sempre destacando que são duas empresas separadas, com DNAs diferentes.
Os termos iniciais do acordo anunciado hoje coloca a Ford como líder no desenvolvimento da nova picape.
“A base vai ser a Ranger com a Ford liderando o projeto. A diferenciação vai ser fundamental. Como o veículo se comporta dinamicamente, cada montadora terá o seu DNA aplicado. As possibilidades estão abertas, mas ainda não existem definições porque é agora se começam os desenvolvimentos", explicou Goldfarb.
"Em relação aos motores, ainda não há nada definido, mas existe a possibilidade de que o desenvolvimento em conjunto inclua também o compartilhamento de motores. Nós vamos compartilhar o que faz sentido", afirmou Lyle Watters.
O executivo também confirmou que a produção das novas Ranger e Amarok podem acontecer na mesma fábrica, mas ainda não há uma definição. Isso vale para o mundo todo e não apenas no Brasil. Questionado sobre a possibilidade de produção das novas picapes na unidade de São Bernardo do Campo - SP, Watters indicou que este não seria o caminho neste momento.
A Aliança também permitirá que veículos de outros segmentos também podem ter os custos de desenvolvimento, plataformas e tecnologias compartilhadas. No entanto, o anúncio feito hoje ainda não contempla com profundidade segmentos além das picapes e vans. “Não estamos limitando o acordo aos modelos especificamente citados hoje, mas também não temos informações adicionais neste momento”, explicou Watters.
Em relação aos veículos elétricos e autônomos, a Ford disse que ainda está no começo das tratativas. "O investimento no desenvolvimento da tecnologia é imenso, e ainda estamos em discussão sobre as áreas em que podem haver compartilhamento de tecnologia, mobilidade", finalizou o executivo.
Por Fábio Trindade, de Detroit - EUA
Viagem a convite da Ford
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