A Nissan irá anunciar até o fim deste ano novos investimentos que serão feitos entre 2018 e 2023. Já se preparando para um crescimento, muito por conta do sucesso do Kicks, a montadora japonesa obteve uma antecipação de US$ 40 milhões para aumentar a sua capacidade de produção no Brasil.

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Marco Silva, Presidente da Nissan do Brasil, falou em entrevista a jornalistas brasileiros sobre os planos da marca durante a cerimônia de início de produção da picape Frontier na planta de Córdoba, Argentina.

Marco Silva - Presidente Nissan Brasil

Enquanto o executivo finaliza o plano de investimentos para os próximos 5 anos, a Nissan se prepara para o crescimento. Com a antecipação, a montadora já investe parte dos US$ 40 milhões para ampliar a capacidade de produção da fábrica de Resende (RJ) dos atuais 160 mil para 200 mil unidades por ano. Este montante será diluído durante os próximos dois anos. 

Atualmente operando com dois turnos, a fábrica produz cerca de 110 mil veículos por ano, divididos em 50% para o Kicks e o 50% para a dupla March e Versa. Num primeiro momento, o investimento dará flexibilidade para alterar essa divisão, ou seja, será possível alterar o mix de produção para algo como 80% do Kicks e 20% para March e Versa.

Com a esperada retomada do mercado, a marca poderá adicionar e assim atingir as 200 mil unidades por ano.

March e Versa terão mais um facelift 

A Nissan também terá um investimento, ainda não revelado, para renovações na linha March e Versa neste mesmo ciclo de dois anos. É possível, inclusive, que além do retoque visual e no acabamento interno, os dois modelos recebam reforços estruturais para se adequarem às normas mais rígidas do Latin NCAP. Vale lembrar que o hatch, com projetado datado de 2011, recebeu apenas uma estrela na mais recente rodada de testes de segurança da entidade latino americana.

Novo Nissan March

Nova geração do March compartilhará plataforma com Aliança

Recentemente a Nissan registrou no Brasil patentes da nova geração do March com o mesmo visual do mercado europeu. As semelhanças param por aí. Silva afirmou que a nova linha produtos, ou seja, os novos March e Versa, seguem em fase final de discussão com o Japão. Os dois modelos terão soluções localizadas, o que implica em utilizar componentes e equipamentos da Aliança Renault Nissan Mitsubishi, inclusive a plataforma. 

O executivo destacou a necessidade da nova geração ser viável economicamente no Brasil, citando que o projeto adotará soluções para mercados emergentes. Além do Brasil, os modelos também atenderão os demais mercados da região.

Um novo SUV virá, mas ainda está em estudo

"Se olhar o portfólio, tem o Qashqai, X-Trail, Murano, Pathfinder. Nós já trouxemos todos eles no passado. Tem o novo X-Terra, lançado na China. Opções existem, mas precisamos ser precisos na tomada de decisão", disse Silva. Depois de trazer alguns modelos e ter que retirá-los do mercado após algum tempo, a Nissan segue cautelosa e mantém a estratégia de lançar modelos que seguramente fiquem por um longo tempo no mercado.

"O segmento de SUVs é grande e estamos olhando isso. Nós não vamos diversificar tanto o nosso mercado, mas vamos trazer carros que sejam adequados ao nosso consumidor. Com a produção local, ganhamos muito em credibilidade e reputação", explicou o executivo ao se referir aos consolidados March, Versa e Kicks nacionais.

Quem pode ser a vítima nesta história é o Sentra. Silva não descarta a possibilidade de trazer um SUV para ocupar o lugar do sedã médio, seja para se tornar uma opção em termos de preço ou para aproveitar cota de importação.

Elétrico confirmado, híbridos em espera pelo Rota 2030

Entusiasta dos carros elétricos, Silva confirmou que a nova geração do Leaf fará sua pré-estreia no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro, e será vendido no Brasil no fim do 1º trimestre de 2019. A única incerteza fica por conta do preço, pois depende da faixa de tributação a ser concretizada pelo Rota 2030.

A partir da definição do Rota 2030, as possibilidades aumentam. Não é de hoje o entusiasmo da Nissan pela tecnologia e-Power. Tanto que no Japão o modelo Note e-Power se tornou o carro mais vendido, desbancando o Toyota Prius que reinou por anos. Assim, a depender da tributação, a Nissan poderia trazer o próprio Note e-Power para abrir esse mercado, ou adaptar a tecnologia no Kicks, uma vez que a plataforma de ambos é a mesma.

Parcerias para Pontos de Recarga

Silva acredita que já não há mais entraves para chegada dos carros elétricos.  O executivo também disse acreditar que a infra-estrutura chegará junto com os elétricos. Sem citar detalhes, espera anunciar em breve um novo projeto relacionado à isso.

"Existe uma demanda para este mercado e a infra-estrutura vai vir. É ovo e a galinha. Ou você coloca a infra-estrutura e vai vir o carro elétrico ou você coloca o carro elétrico e vai vir a infra-estrutura", explicou o executivo. As conversas com governos, produtores de energia (inclusive distribuidores de combustíveis líquidos) apontam que a infra já está sendo desenhada. 

"Existe hoje um mercado cativo para elétricos e nós acreditamos que vem de uma forma sem volta", crava o executivo.

A Nissan acredita que o mercado de elétricos começará nas grandes cidades e metrópoles. "É uma fagulha que vai acender aí nesse mercado. Tem muita fagulha ainda para queimar", afirma Silva se referindo ao processo de distribuição do Leaf. 

Por Fábio Trindade
De Córdoba, Argentina
Viagem a convite da Nissan do Brasil 

Galeria: Fábrica Nissan - Resende (RJ)

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